'Tribuna livre' é um espaço de opinião de A BOLA aberto ao exterior, este da responsabilidade de Martim Borges Coutinho Mayer, sócio 5206 do Benfica.
É nos momentos mais difíceis que encontro o meu Benfiquismo em estado puro, recheado de força, crença e paixão.
Sangue nos olhos, veias a latejar, nervos em franja, mandíbula cerrada e Alma cheia da Luz imensa e única deste Nosso tão amado Clube.
Performance desportiva
Mais do que qualquer outro clube nacional, o futebol do Benfica tem no seu ADN a vitória. A vitória é o único objetivo que se aceita quando o Benfica entra em campo e quando este objetivo não é alcançado, temos sempre de procurar entender o porquê.
Como maior clube nacional, o Benfica tem de apontar ao título todas as épocas e como disse Sven-Goran Eriksson, qualquer ano em que o Benfica não conquiste o título de campeão nacional é um ano de insucesso. Ao longo dos últimos 35 anos da história, a partir da década de 90, assistimos a uma queda acentuada do sucesso desportivo do clube. No total somamos 10 títulos de campeões nacionais, 5 Taças de Portugal e 6 Supertaças Cândido de Oliveira em 35 temporadas. Apenas 20% do total das principais competições disputadas no nosso país.
Um pecúlio ainda pior se nos centrarmos nos últimos cinco anos, em que incluindo a Taça da Liga, competição apenas criada em 2007/2008, o clube conquistou 3 títulos (um de campeão nacional, uma Taça da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira) de um total de 20 troféus atribuídos a nível nacional. O que representa apenas 15% de triunfos no panorama nacional.
Esta é a hora de mudar o paradigma, de reintroduzir uma cultura de vitórias, porque só essa respeita a nossa história, o nosso emblema e os muitos milhões que vibram com o Sport Lisboa e Benfica.
Quanto a mim, no processo de preparação da próxima época, é fundamental, desde já, fazer uma profunda análise do modelo de organização do futebol e dos seus protagonistas numa lógica top-down que permita identificar com clareza tudo o que se exige que melhore drasticamente com vista a que os resultados futuros sejam diametralmente opostos aos da época transata.
O Benfica jamais pode esperar que os resultados sejam diferentes se já não fizer diferente. Primeiro fora, e logo depois, dentro de campo.
Podemos resumir o que refiro à definição do Treinador, mas, se o fizermos, quanto a mim, corremos o risco de estarmos somente a tomar um remédio paliativo. Logo, importa olhar para toda a estrutura.
Liderança
Sempre que abordarmos este tema, e por mais difícil que nos seja manter as emoções sob controlo, deveremos ter presente que estamos a dar uma opinião pessoal publicamente e que por assim ser, a elevação e o respeito à figura do Presidente do Sport Lisboa e Benfica sempre prevalecerá.
Neste sentido, há que ser pragmático a identificar o que não está a correr bem e fazer uma análise construtiva, verdadeira e incisiva, mas sempre honrada, decente e prudente.
Ao Presidente do Benfica e à Sua Direção, não basta perceber o Clube. A sua primordial função está em compreender os Sócios e a Nação Benfiquista.
Se assim for, toma logo primordial importância a forma como o Clube age e interage com a comunidade Benfiquista, com os meios de Comunicação Social e com as diferentes Instituições com quem o Benfica forçosamente deve e tem que comunicar. Este instrumento é algo que o Benfica tem numa dimensão singular e tem ficado muito aquém do seu potencial e das necessidades mais prementes do Clube. Não está a saber fazer o devido uso do seu peso e isso não é aceitável. Pode parecer um assunto acessório e de importância relativa, mas é a diferença entre haver coesão e um objetivo comum na Nação benfiquista ou divisão, discórdia e até confusão e isto não pode acontecer. Aliás isto tem de acabar. E a razão é muito simples: Ninguém brinca com o Nosso Benfica.
Mercado
O Benfica tem pela sua dimensão cultural e financeira, pela sua notoriedade mundial e pelo seu palmarés, uma escala de recursos que exige elevada competência e discernimento nas tomadas de decisão quanto a estas matérias. Ao ser uma entidade altamente apetecível como parceiro de negócios dos diversos stakeholders presentes no mercado de transferências de jogadores de futebol, deve estabelecer uma aproximação ao tema onde estejam antecipadamente definidos o modelo, o modo, os principais objetivos e os orçamentos que interessam ao Clube em contraposição com a tomada de decisões caso a caso. Só assim é possível ter uma estratégia de médio e curto prazo anterior à pressão que existe quando entramos neste tema. Dito de outra forma, quando o Benfica vai ao mercado, deve ter definidas linhas estratégicas de pensamento e assim saber a todo o momento o que quer, quando quer e por quanto está disposto a efetuar uma determinada transação seja à compra seja à venda.
No meu entender, aquilo que deverá ser uma transação considerada uma exceção à estratégia definida tem sido a regra, e aquilo que deve ser a regra tem sido a exceção. Para tal, é desde logo necessário garantir a estabilidade financeira e económica que permitam ao Benfica ter a liberdade para decidir a cada momento, qual é a melhor decisão a tomar, sem que a pressão da realização de liquidez deturpe as transações que são concretizadas.
A título de exemplo, e sem descolar da realidade, alguém com o perfil do João Neves deveria ficar toda a sua carreira no Benfica, vir com brevidade a envergar a braçadeira de capitão de equipa e liderar o restabelecer da identidade e da fome de vencer que temos no nosso ADN. Já foi assim no passado e quanto a mim, este deverá ser o Benfica do futuro.
Desejo que aquilo que começar hoje a ser feito neste campo, no que concerne à preparação da próxima época, seja responsável, certeiro e estruturante, quer do ponto de vista desportivo, quer do ponto de vista financeiro.
Competência, transparência e o bom nomedo Benfica
Nos últimos anos, temos assistido a um conjunto de acontecimentos que têm manchado o bom nome do Benfica. É imperativo que todos os Benfiquistas tenham presente que a componente social e cultural do Clube é de tal maneira profunda, que o Clube do nosso coração só tem um caminho possível: Ser sempre o maior exemplo de Categoria e Honradez do País. Cabe a todos os Benfiquistas e em especial aos Dirigentes assegurar que assim é. Sem ingenuidades, mas com muita determinação.
Todos os casos e dúvidas do passado recente que são do conhecimento da Nação Benfiquista devem ser considerados e devem definitivamente pesar no sentido de voto de cada Benfiquista, porque sem isso não há futuro.
Viva o Benfica!
Martim Borges Coutinho Mayer, in a Bola

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