terça-feira, 13 de maio de 2025

O DÉRBI DOS DÉRBIS (OU DO SÉCULO) PARIU UM RATO

 


O Sporting saiu da Luz mais perto do grande prémio, embora, tal como o seu rival, não tenha estado à altura do momento. Ao Benfica faltou, outra vez, espírito de conquista.

Rescaldo feito, argumentos apresentados, responsabilidades encontradas e réus acusados (e condenados), do dérbi ficam duas ideias principais: o Sporting alcançou o seu principal objetivo, que seria sempre sair da Luz em vantagem, definitiva ou quase, para o último jogo; e o Benfica fracassou no seu, o de eliminar pelo menos o confronto direto e depender de si numa última ronda, ficando a lamentar-se dos milímetros que faltaram a um Pavlidis travestido de Gyokeres no remate ao poste para levar a sua avante.
Claro que nenhum deles alcançou o jackpot, que seria festejar de imediato, objetivo que estaria sempre mais longe de encarnados do que de leões, já que ser-lhes-ia sempre exigido um golo mais do que a vitória pela margem mínima. E mesmo de depois de nos dois jogos na Liga o leão ter sempre acabado a sofrer, fica a ideia de que foi sempre o seu rival quem falhou o xeque-mate. O que garante, acredito, sentido de justiça ao provável título daqui por uns dias.
Contrariamente ao que se exigia, nenhuma das equipas, sem dúvida as melhores da Liga, levou para o dérbi dos dérbis ou dérbi do século, como o designaram, o espírito de conquista que se exigia. Este campeonato precisava de ser conquistado e não o foi, e essa impotência irá colar uma certa imagem de fragilidade ao campeão. Foi um dérbi nervoso e medroso e nem aqueles que alegadamente carregam toneladas de experiência às costas e devem servir como exemplo o foram, casos de Otamendi e Hjulmand, sempre a caminhar de mão dada com o risco da expulsão.
Se fechar o negócio, se confirmar a maior quota de probabilidades que tem de ser campeão, o Sporting conquista um desejado bicampeonato que lhe foge há 73 anos, todavia, não parece estar hoje mais perto da hegemonia em Portugal do que há um ano. A perda de Amorim provou-se gigantesca e a eventual saída do jogador mais influente num grande de que me lembro, por muito bons que sejam os leões no mercado, irá sentir-se para lá dos golos que marcou e obrigar a mexer em dinâmicas.
Mesmo o seu treinador, com a faixa ao peito e mérito óbvio no serenar e reorganizar da equipa, não deixará certezas absolutas de que se trata do homem certo. O que não quer dizer que seja o errado. Borges estancou os problemas defensivos, Gyokeres resolveu-lhe os restantes. O leão não resistiu a tudo, mas ao suficiente. O grande prémio está mais perto, mas o dérbi pariu um rato. Ou melhor, dois, em igualdade pontual.
Luís Mateus, in a Bola

1 comentário:

  1. "Pavlidis travestido de Gyokeres" - Ó Luís Mateus, tenho pena , muita pena de quem te paga um salário. Dinheiro desperdiçado, num país onde há gente honesta que trabalha de dia para comer à noite, à custa de um magro salário mínimo.

    ResponderEliminar