domingo, 29 de junho de 2025

FALTOU MAIS BENFICA



CHARLOTTE — Lage surpreendeu na escolha da equipa titular ao manter Dahl a titular como lateral-esquerdo em vez de optar por Carreras, que voltara a estar disponível depois de cumprir castigo, mas essa novidade ou a estratégia da equipa do Benfica não apanharam desprevenido o Chelsea, durante a primeira parte.
Os ingleses mostraram ter a equipa portuguesa bem estudada, tiveram mais bola e anularam quase todas as tentativas do Benfica de desenhar transições ofensivas rápidas, uma das principais características da ideia de jogo de Bruno Lage. Pavlidis teve muitas vezes de recuar até ao meio-campo defensivo para ter bola. O Benfica ia ficando enjaulado nas imediações da sua área, a defender de forma compacta, mas sem capacidade de acertar o passe sem corte do Chelsea; incapaz, também, de ligar a equipa e de a esticar até zonas onde pudesse ferir os ingleses. Sentiu-se neste ponto, talvez, a ausência de Álvaro Carreras, elemento muito importante durante a época inteira para fazer crescer a equipa da defesa para o ataque.






A dupla Caicedo e Lavia colocava tranças no meio-campo, Enzo Fernández encaixava na pressão a Florentino ou Kokçu, e os lances de perigo para o Chelsea foram surgindo. Pedro Neto deu sinal logo no primeiro minuto e Palmer foi uma dor de cabeça para os benfiquistas. Valeu, nesta fase, vários cortes na hora certa de Otamendi e António Silva (tirou bola de cabeça, em cima da linha, num remate de Cucurella) e sobretudo um enorme Trubin, que, entre várias outras boas intervenções, fez defesas enormes a remates de Cole Palmer e de Cucurella. O Chelsea foi para intervalo penalizado também pela ineficácia, pois dominou e criou lances suficientes para ficar mais tranquilo no jogo. O Benfica simplesmente pareceu não conseguir fazer melhor, mais do que ter por estratégia entregar a iniciativa ao Chelsea. As águias terminaram a primeira parte com dois ou três lances prometedores, sem oportunidades de golo flagrantes, remates enquadrados e a dar sinal de muita dificuldade para se livrar da pressão inglesa.
Lage tinha de fazer alguma coisa para mudar a história e lançou Akturkoglu, ao intervalo, para o lugar de um massacrado Schjelderup, que lutou no flanco esquerdo e teve iniciativas interessantes.
Os primeiros minutos o segundo tempo não trouxeram nada de diferente, infelizmente para o Benfica. O Chelsea instalado no meio-campo das águias e a tentar o golo. Otamendi impediu que Delap, bem pocisionado na área, fosse feliz; Caicedo rematou com perigo ao lado do poste da baliza de Trubin.
Quando prevalecia a sensação que o Chelsea definia tão mal que acabaria por ser penalizado, o erro surgiu de onde menos se esperava, de Trubin. O guarda-redes ucraniano do Benfica pocisionou-se muito mal e Recce James bateu diretamente para o fundo da baliza um livre cobrado na esquerda.
Bruno Lage reagiu, lançou Belotti e Prestianni, e a equipa deu resposta, finalmente ganhou metros no campo e mais presença na área do Chelsea. Poderia ter arriscado assim mais cedo, porque criou problemas aos ingleses. Os encarnados estiveram até, finalmente, perto do empate, por exemplo num remate de Prestianni que parecia de golo mas saiu frouxo e ao lado.






Depois veio o alerta de tempestade, o jogo foi suspenso por cerca de hora e meia, para que fosse cumprido o protocolo de segurança, e no reatamento foi diferente. O Chelsea tentou defender a vantagem, o Benfica carregou, ganhou penálti e Di María levou a decisão para prolongamento. Seguiu-se uma fase de muitos nervos, Prestianni foi expulso e as águias voltaram a formar bloco mais baixo.
O Chelsea recuperou bola e iniciativa, mas havia mais espaço para os ataques rápidos e mais perigo da equipa dos encarnados. O jogo ficou mais aberto, houve oportunidades de golo para as duas equipas, seria novamente o Chelsea a sorrir. Num lance de alguma confusão, Nkunku marcou golo, Pedro Neto pouco depois e, ainda antes do apito final, Dewsbury-Hall fixou o resultado.
Olhando para o jogo todo, o Benfica fez pouco para sair vencedor frente a adversário forte, mas longe de ter feito um jogo brilhante. Foi o adeus das águias ao Mundial de Clubes dos Estados Unidos. Com uma goleada que não espelha exatamente o que se passou no relvado, mas mostra alguma coisa.
DESTAQUES DO BENFICA:
Exibição do Benfica cinzenta, como o céu de Charlotte, até à suspensão do jogo. António Silva foi à légua o melhor, Trubin e Di María deram muito mas também falharam quando tal não era admissível. Prestianni: infantilidade pura.
MELHOR EM CAMPO
8 - António Silva – O central do Benfica, que teve uma época assim-assim, assinou na despedida do Benfica do Mundial de Clubes uma exibição personalizada, autoritária e muito segura na hora de entregar a bola. Esta melhor versão de António Silva teve como ‘highlight’ um corte que valeu por golo, aos 20 minutos, em cima do risco fatal, evitando a celebração de Cucurella. Mas noutras ocasiões (3, 37 e 45+4) tirou o pão da boca a Delap e Palmer. Numa partida muito física, o central encarnado nunca se atemorizou, foi imperial pelos ares e ligou bem com Otamendi. Não foi, de facto, pelos centrais que as coisas correram mal ao Benfica, e António Silva, que teve de desguarnecer a defesa acabando a ponta-de-lança, regressou àquilo que é o seu tremendo potencial.
4 – Trubin – Estava a assinar uma exibição monumental, com defesas prodigiosas a remates de Pedro Neto (1), Palmer (10, 20 e 38), e uma parada ‘impossível’ a um petardo de Cucurella, isolado (38). Aos 68 minutos, quis adivinhar que de um livre lateral do Chelsea ia sair um cruzamento, e Reece James enganou-o com um remate direto, que fez a bola entrar junto ao primeiro poste, deixando-o mal no filme. Não ficou muito melhor no segundo golo dos londrinos.
6 – Aursnes – Chamado à função de lateral direito, teve dificuldades com as subidas constantes de Cucurella, que em muitas ocasiões não foram devidamente compensadas defensivamente por Di María. Quando o astro argentino se fixou, durante um largo período, como defesa direito, Aursnes fechou no meio, acompanhando os movimentos de Palmer. Aos 78 minutos teve uma grande jogada, culminada com um passe açucarado para Prestianni, que desperdiçou o lance infantilmente.
7 – Otamendi – Foi o guerreiro do costume, sem facilitar nem dar um milímetro. Teve uma partida de enorme concentração, em que ajudou o Benfica a retardar o golo do Chelsea, especialmente com um corte, aos 47 minutos, com que evitou um golo provável dos londrinos. Fez o cabeceamento que valeu a grande-penalidade ao Benfica.
5 – Dahl - Não comprometeu, defendeu e defendeu-se, mas esteve a milhas da influência assumida por Álvaro Carreras no transporte da bola nas transições ofensivas. A luta que manteve com Pedro Neto foi interessante e obrigou muitas vezes o internacional português a optar pelo jogo interior.
4 – Florentino – Teve o jogo de que menos gosta, ao ser pressionado quando recebia a bola e tentava virar-se. Enzo Fernández dava-lhe a primeira luta e foi o argentino que lhe tirou, logo de início, a confiança para o resto da partida. Complicativo, meteu-se em trabalhos desnecessários, nomeadamente na jogada que deu o livre de onde saiu o golo do Chelsea, em que fez falta apósuma perda de bola.
3 – Barreiro – Teve uma missão tática híbrida, em que tanto dava a primeira luta, ao lado de Pavlidis, à saída de bola do Chelsea, como surgia a tapar buracos, ao meio, à direita e à esquerda. Com tanta dispersão nunca conseguiu dar um contributo positivo para a posse de bola, e teve uma perda de bola inadmissível num dos golos do Chelsea.
5 – Di María - Um jogo com alguns pormenores, mas sem muitos dos ‘pormaiores’ que fizeram do argentino um dos maiores jogadores do Mundo. Sem capacidade para defender as subidas no terreno de Cucurella, acabou refugiado a lateral-direito para evitar males maiores. A interrupção fez-lhe bem, e regressou a querer levar o Benfica às costas. Mas apesar do golo, teve perdas de bola comprometedoras, que acabaram com as hipóteses encarnadas.
4 - Kokçu - Nunca se sentiu confortável dentro das quatro linhas e não foi o patrão de meio-campo de que o Benfica precisava. A bola parecia queimar-lhe os pés e a pouco e pouco o internacional turco foi desaparecendo da partida, cada vez mais alheado. A sua substituição pecou por tardia.
4 – Schjelderup – Muito discreto, quase envergonhado por estar em campo, o jovem nórdico foi capaz de ajudar defensivamente Dahl, mas faltou-lhe centelha quando quis soltar-se para o ataque. Outro a quem a bola queimava os pés, sem se mostrar capaz de auxiliar no esforço coletivo de manter a bola.
4 – Pavlidis – O internacional grego fez um jogo de mais a menos. Na primeira parte ainda procurou mostrar-se e receber os passes verticais dos defesas ou dos médios. Mas à medida que os minutos passavam foi perdendo frescura e quando dispôs de uma ocasião para incomodar seriamente Sanchez (68), faltou-lhe poder físico e foi superado porn Badiashile.
4 – Akturkoglu – Foi chamado na segunda parte para o lugar de Schjelderup, mas não foi capaz de ser o fator diferenciador de que o Benfica precisava. No prolongamento, com mais espaço, finalmente mostrou-se, mas a jogar com dez as hipóteses dos encarnados eram muito limitadas.
1 – Prestianni – Entrou nervoso, perdeu cada bola que disputou, e para culminar desperdiçou a melhor ocasião dos encarnados, após passe de Aursnes (78). Expulso por uma infantilidade ao segundo minuto do prolongamento.
4 – Belotti – Lutou, como é seu timbre, e foi capaz de ter algumas saídas de bola perigosas.
6 -Tiago Gouveia – Uma entrada positiva, a dinamizar o flanco direito.
5 - João Veloso – deu rotatividade ao meio-campo, mas a expulsão de Prestianni comprometeu tudo.

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