quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

MACGYVER


"1. Quando olho para o percurso de Rui Vitória no Benfica, há um nome que me vem imediatamente à cabeça: MacGyver. Para aqueles que possam não se recordar dessa série dos já longínquos anos 80/90, MacGyver era o mestre das engenhocas, da capacidade de resolver problemas complexos com soluções simples, com aquilo que tinha à disposição a cada momento, com muita acção e pouco lamento. É isto que Rui Vitória tem feito (e não apenas ao serviço das águias), perante tantos contratempos e obstáculos na época passada e nesta (a lesão de Salvio é apenas mais um).
2. O Benfica de Rui Vitória, com todos os defeitos e virtudes que tem, é uma máquina de competição que sabe claramente a diferença entre jogar bonito e jogar bem, entre jogar à bola e jogar futebol, entre viver e sobreviver, entre dominar e sofrer. Tentar reduzir a qualidade do trabalho do treinador do Benfica à sorte ou à força da psicologia (ou até do mentalismo, quem sabe até da astrologia...) é meio caminho andado para o Benfica continuar a ganhar mais vezes do que os outros.
3. A relação dos clubes portugueses (todos, sem excepção) com os casos de arbitragem é doentia, esquizofrénica e de uma hipocrisia sem limites. A frequência e dimensão das queixas é tanto maior quanto o tempo que um clube está sem ganhar, sem que os seus responsáveis percebam que esse refúgio só os afasta do caminho do sucesso. O Sporting tem sido o exemplo máximo desta realidade, mas Benfica e FC Porto recorrem ao expediente nas horas más.

Gonçalo Guimarães, in A Bola

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