Alvalade assistiu ontem a um derby clássico. Muita luta, intensidade no limite, duas equipas presas a esquemas tácticos rigorosos, predicados que invariavelmente acabam por tirar ao jogo a espectacularidade que sempre se lhe espera - e que poucas vezes se concretiza. Não foi um derby muito bem jogado. Houve, até, poucas oportunidades de golo - o que desde logo lhe retirou, analisando-o a frio, alguma emotividade. Não deixou, ainda assim, de ser aquilo que se espera de um Sporting-Benfica: entrega total, incerteza até final e, claro, a habitual polémica em torno da arbitragem, que também faz parte dos derbies, ainda para mais num tão importante como o da noite passada.
O empate acabou, percebeu-se pelos semblantes de Jorge Jesus e Rui Vitória e até dos jogadores no final da partida, por ser mais agradável para o Benfica. Normal. Depois de ter começado a perder o jogo num erro inacreditável de Ederson - a confiança do guardião brasileiro no seu jogo de pés sofreu ontem um grande revés -, a águia assumiu, como tinha de assumir, as despesas do encontro. E o que se viu a partir daí foi um leão que se foi encolhendo, a viver sobretudo das iniciativas individuais de Gelson, um jogador sem dúvida acima da média do campeonato português. Acabou a águia por empatar num grande golo de Lindelof e sentiu-se, nos minutos que se seguiram, que apertando um pouco - ainda mais depois do estouro físico de Adrien - podia até sair de Alvalade com os três pontos.
Mas aí foi Rui Vitória quem colocou um travão na sua equipa. A igualdade chegava para sair na frente do campeonato e o treinador encarnado preferiu segurar o pássaro que tinha na mão. Não pode ser censurado por isso. Afinal, há uma semana ganhara o direito de jogar com dois resultados. Foi o que fez. E não se deu mal. O tetra não está garantido, mas ficou mais perto."
Ricardo Quaresma, in a bola
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