Depois da transferência de Neymar, o segundo período de inscrições e transferências assinalou mais um negócio astronómico, com a ida de Coutinho para Barcelona.
Das opiniões filosoficamente apresentadas pela "doutrina futebolística" quero destacar aquela que refere a incapacidade da regulamentação da FIFA para se fazer aplicar e, implicitamente, responsabiliza os próprios atletas pelas dores do sistema.
A carreira de jogador é demasiado curta e repleta de infortúnios para desperdiçar a oportunidade de um contrato com melhores condições. Disse-o com Neymar, repito-o com Coutinho.
A discussão já se encontra, felizmente, noutro patamar, para além da dúvida sobre algumas regras da atual regulamentação de transferências da FIFA ou da defesa de períodos de inscrições mais ou menos limitados, em nome da malfadada competição.
A verdade é que os grandes clubes aumentaram a distância para os menos capazes economicamente, sem contar com aqueles que não conseguem assegurar a própria sobrevivência.
O acordo FIFA - FIFPro é um compromisso mais profundo que será acompanhado de uma "task force" para a implementação de alterações nos normativos que regulam a atividade desportiva e as relações entre jogadores e clubes. Há princípios que continuarão a ser exigidos, desde logo o cumprimento pontual dos contratos, não temamos o apocalipse.
Devolvidos direitos laborais essenciais aos jogadores, sem os quais a precariedade acompanha o desporto, e garantida a efetiva aplicação de sanções aos infratores, a competitividade entre clubes e a sustentabilidade do sistema de transferências é o desafio que se segue. Tal como Bosman, que rompeu com o sistema para que o desporto evoluísse, é tempo de pensarmos além das soluções que já existem.
Joaquim Evangelista, in Record
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