quarta-feira, 31 de maio de 2017

ESTE É O CICLO DO BENFICA. ATÉ QUANDO?



"Nas últimas quatro épocas o Benfica venceu onze em quinze troféus em disputa em Portugal.

O Benfica, com o triunfo de ontem sobre o Vitória SC, de Guimarães, juntou o nome a um número restrito de clubes por essa Europa fora que terminaram a temporada com uma dobradinha: Juventus, Celtic, Basileia e Shakhtar. Porém, o sucesso benfiquista não deve ser aferido apenas pelos êxitos mais recentes, merecendo alguma reflexão aquilo que aconteceu nas últimas quatro épocas. Em Portugal, disputaram-se três troféus (as Supertaças Cândido de Oliveira) e doze competições (quatro edições do Campeonato Nacional, da Taça de Portugal e da Taça da Liga), tendo o emblema da Luz vencido onze. O Sporting conquistou uma Supertaça e uma Taça de Portugal, o FC Porto garantiu uma Supertaça e o Moreirense uma Taça da Liga. No mesmo período de quatro anos, o Benfica esteve numa final da Liga Europa e acedeu aos quartos de final e a uns oitavos de final da Liga dos Campeões.
É impossível olhar para este registo e não ver um padrão associado, que se traduz em estabilidade e revela um patamar de competitividade muito razoável no âmbito internacional e dominante no registo interno.
Pode dizer-se, agora, com uma certeza fundamentada em dados, que estamos perante um novo ciclo hegemónico no futebol português, construído com base em padrões que foram capazes de conjugar a paixão e a emoção - a média de espectadores no Estádio da Luz na I Liga superou os 56 mil - com o rigor e o profissionalismo. Luís Filipe Vieira escolheu os colaboradores mais próximos com base na capacidade profissional e na lealdade; e alguns deles nem remotamente eram adeptos do Benfica. Isso, porém, não foi obstáculo para a sua contratação e os bons resultados estão à vista, apontando o caminho a outros clubes que pretendam trilhar um rumo de modernidade e progresso.
A partir de hoje abre-se o mercado de verão e muita coisa vai mudar nos plantéis dos clubes candidatos ao título em Portugal. Parece inquestionável, porém, que o Benfica parte em vantagem, podendo consolidar a hegemonia se assinalar não o penta, mas o hexa, como marco histórico e alcançar. O FC Porto debate-se com problemas geracionais e o Sporting tem-se desperdiçado em batalhas estéreis. Quanto mais esta situação se prolongar, melhores serão os prognósticos benfiquistas...

ÁS
Rui Vitória
Desde que assumiu o comando técnico do Benfica, disputou oito competições nacionais e venceu cinco. A dobradinha conseguida ontem no vale do Jamor foi a cereja no topo do bolo para este treinador que conjuga um low profile com uma liderança firme e que parece muito confortável na relação com o clube da Luz. Parabéns.

REI
Pedro Martins
Teoricamente, começou o campeonato na quinta posição terminou no quarto posto, superando o rival histórico, o SC Braga. A este feito, somou uma presença na final da Taça de Portugal, onde lutou pelo troféu até ao derradeiro apito. Confirmou em Guimarães tudo aquilo que de bom prometeu no Marítimo e no Rio Ave.

REI
Emílio Peixe
Portugal, um pouco à imagem do que aconteceu há um ano em França, apurou-se para os oitavos de final do Mundial de sub-20 de forma sofrida. A partir de amanhã, no mata-mata com a Coreia do Sul, tudo é possível para uma selecção que ainda não encantou mas tem em Diogo Dalot e Diogo Gonçalves dois nomes com futuro.

A fasquia fica muito alta na baliza do Benfica
«Provavelmente, este foi o meu último jogo pelo Benfica»
Ederson, guarda-redes do Benfica
O Benfica contou, nos últimos anos, com dois guarda-redes jovens, Oblak e Ederson, que cedo identificou e trabalhou, e que constam já da lista dos melhores do mundo. Oblak está em Madrid e Ederson está a caminho do Manchester City. O que, respeitando a qualidade garantida por Júlio César, coloca responsabilidade na escolha do próximo senhor das redes...

Pinto da Costa e Arsène Wenger
O que mantém Pinto da Costa e Arsène Wenger na crista da onda? A gratidão, um sentimento nobre, que une FC Porto e Arsenal, relativamente a quem muito lhes deu mas, provavelmente, já está para além do prazo de validade. Com que linhas vai escrever-se o futuro imediato? Um segredo, para já, bem guardado...

Adeus Totti
Ontem despediu-se dos relvados, aos 40 anos, um monstro sagrado do futebol, Francesco Totti, mito da Roma - 620 jogos na Série A e campeão do Mundo em 2006 pela Itália - onde permaneceu por mais de um quarto de século. Nos dias que correm já não há muitos jogadores como Totti, que se confundem com um clube e são referência para as novas gerações. Maldini, no AC Milan, Michel, no Real Madrid, Gerrard, no Liverpool, Terry, no Chelsea, ou Luisão, no Benfica, são alguns daqueles que ainda dão sentido à expressão 'amor à camisola'."

José Manuel Delgado, in a bola

WATFORD? WHAT FOR?


"Houve um tempo não muito distante em que o FC Porto perdia treinadores para o Chelsea, mas só depois de vencer na Europa e batidas as respectivas cláusulas de rescisão.
Foi assim com José Mourinho, em 2004, após conquistar consecutivamente Taça UEFA e Liga dos Campeões; tal como foi com André Villas-Boas, em 2011, na sequência do triunfo na Liga Europa – ambos foram também campeões nacionais, mas isso para os azuis e brancos chegou a ser quase tradição.
Mourinho e Villas-Boas saíram para um projecto ambicioso não só em termos financeiros mas também desportivos, mesmo assim sob a incompreensão de largos sectores de adeptos portistas, indignados, exclamando que, com exceção do orçamento (e projecção, vá), os blues de Londres eram em tudo inferiores aos da Invicta.
Agora, apesar de versões contraditórias, dá-se a novidade de que o FC Porto terá perdido um treinador para o Watford.
Watford?! What for?
Ao longo da última semana, boa parte da opinião pública tentou justificar por A mais B a lógica de um treinador preferir lutar pela manutenção na Premier League a lutar pelo título de campeão em Portugal e disputar a Liga dos Campeões.
Lamento discordar.
Espantar-me-ia se Jorge Jesus fosse alguma vez tentado a trocar o Sporting pelo Burnley ou se Rui Vitória estivesse a considerar uma proposta, vá lá, de um clube um bocadinho mais a meio da tabela, do género do Stoke City – ao qual, para não perdermos o devido enquadramento, o FC Porto emprestou Martins Indi ou despachou Imbula.
Mesmo considerando os mais de 100 milhões de euros que o FC Porto terá de encaixar para cumprir o fair-play financeiro e o previsível grande investimento em contratações que fará o Watford (e de todos os seus concorrentes, sublinhe-se), previsivelmente os dragões continuarão a ter um plantel de nível muito superior ao do clube inglês.
O que motiva então esta aparente opção? Provavelmente, o grau de exigência do Dragão para Vicarage Road.
Ao fim de quatro anos de seca de títulos e perante a impaciência dos adeptos, no Porto Marco Silva teria conviver com a pressão de ser campeão, tendo previsivelmente menos argumentos em relação pelo menos a um dos candidatos ao título. Além disso, teria de alguma forma de «dar o peito às balas» e arriscar a sua boa imagem cá na terra, comprometendo um eventual regresso a médio prazo a Portugal – por outra porta, evidentemente.
Marco Silva tem toda a legitimidade para definir as suas opções de carreira; tal como, deste lado, cada um de nós tem a possibilidade as analisar publicamente.
O problema está sobretudo no FC Porto, que não deveria sequer considerar como hipótese um treinador que ficasse inclinado a assumir um clube de fundo da tabela, por mais encanto que tenha a Premier League.
Se Marco Silva é cerebral, calculista até, Sérgio Conceição é sanguíneo e portanto mais propenso a arriscar trocar o conforto de três anos de contrato com o Nantes (que não só salvou da descida como guindou até ao 7.º lugar da Ligue 1) pela oportunidade de treinar o FC Porto.
Há também como hipótese Paulo Sousa, que tem sérias reservas por parte de um largo espectro de adeptos, justificadas pelo afastamento do futebol português, pela falta de afinidade com o clube e sobretudo pela facção interessada na sua contratação.
A cadeira de sonho, onde qualquer um se arriscava a ser campeão, perdeu a estabilidade, como agora tivesse o encosto partido e uma perna bamba.
No entanto, nesta amálgama de cogitações e dúvidas, acentuadas por uma semana inteira de indefinição, o FC Porto poderia, ainda assim, optar por alguém experiente, com um discurso ponderado, que já provou ser capaz de colocar equipas a jogarem bom futebol. Alguém conhecedor do clube e da realidade do futebol português, capaz de apostar em jovens e fazê-los crescer.
Mais até do que Pedro Martins, o FC Porto poderia optar por alguém como Luís Castro – que levou a equipa B portista à conquista da II Liga na época passada.
Independentemente de meia oportunidade numa época já perdida (2013/14), qual é então o problema do homem da casa?
Depois de quatro anos de fracasso desportivo, equívocos e escolhas falhadas não há força por parte de quem dirige para impor um nome que não seja minimamente sonante aos adeptos, cada vez mais desconfiados.
Esta fragilidade nas decisões, após erros sucessivos, a perda de influência no futebol português e o vislumbre de um beco sem saída em termos de alternativa tornam o contexto num problema bem mais profundo, que está para lá da simples escolha de um treinador.
Para encontrar soluções, mais do que falar da cadeira, há que, cada vez mais, olhar para o cadeirão."

105 x 68 BTV - ANÁLISE A DOBRADINHA SL BENFICA - 30 MAIO 2017 BENFICA TV...

                                          

NUDEZ DA VERDADE, MANTO DA FANTASIA


"Morreu a velha época, viva a nova época. Foi sempre assim e sempre assim será. O futebol tem, pois, uma virtude vital: renova-se nos encantos e nos desencantos. A uma época perdida sucede a esperança de uma época ganha. Daí, a natureza perdurável do negócio. Daí a razão de ser desse milagre da transformação da lástima em crença, da desolação em convicção de sucesso.
É também por esta tão irrazoável racionalidade que os presidentes e os treinadores perdedores apagam tão facilmente da memória de todos projectos e promessas por cumprir. Na ideia de futuro, o que conta, para os adeptos antes desiludidos e decepcionados não é, como escreveu o Eça na 'Relíquia', a nudez crua da verdade, mas o manto diáfano da fantasia.
Porém, há uma altura em que a repetição falhada da ideia de esperança e de sucesso de torna letal. Penso que Pinto da Costa e Bruno de Carvalho têm a consciência de que entraram em zona de perigo, caso o Benfica chegue ao penta.
Para o presidente do FC Porto, preso a um complexo emaranhado de soluções económico-financeiras para evitar o colapso desportivo, a perda do próximo campeonato torna-se-ia dramática; para o presidente do Sporting, atado de pés e mãos a uma jura de títulos no imediato e continuação do insucesso desportivo levá-lo-ia ao universo de um simples pantomineiro.
Julgo que tanto Pinto da Costa como Bruno de Carvalho têm a exacta consciência da delicadíssima situação em que se encontram e sabem que a questão decisiva do momento será a de como conseguir ganhar. Sendo certo que não podem ganhar os dois."

Vítor Serpa, in a bola

CHEGAR AO TRIPLETE


"Este desfecho foi também a afirmação de um trabalho construído na base de muito empenho e muita capacidade profissional e, por acréscimo, o reconhecimento de um grupo de qualidade orientado por um técnico de excelente craveira.

Correspondendo a previsões instaladas no país do futebol, o Benfica encerrou ontem a temporada arrebatando o último troféu, a Taça de Portugal.
O adversário, o Vitória de Guimarães, embora perdendo, não saiu apoucado do embate do Estádio Nacional, onde perdeu pela diferença mínima, após um jogo muito prejudicado pela forte bátega de água que fustigou o Vale do Jamor durante uma boa parte da tarde.
Não tivemos o jogo de qualidade que se esperava e justificava, dada a qualidade das equipas em presença. Só que, em circunstâncias como esta, há muitas razões que justificam por vezes um maior empenho no resultado do que propriamente na qualidade.
E foi isso que aconteceu. Tivemos uma primeira parte que praticamente não aconteceu, e um arranque fulgurante do Benfica no segundo tempo que lhe valeu um golo logo aos três minutos e a repetição da dose seis minutos depois.
E aí ficou instalada a sorte do jogo, ainda que a doze minutos do fim, o Vitória tenha conseguido reduzir a diferença. Ficou assim reposta uma boa parte da verdade do jogo, ganho com justiça pelo já campeão nacional.
Este desfecho foi também a afirmação de um trabalho construído na base de muito empenho e muita capacidade profissional e, por acréscimo, o reconhecimento de um grupo de qualidade orientado por um técnico de excelente craveira, capaz de unir uma equipa e mantê-la coesa até ao derradeiro pontapé na bola.
Só por manifesta má vontade não serão compreendidos e aceites os sucessos do Benfica na época que agora termina.
E, cremos, há também boa razões para que a concorrência mais directa não se distraia e, muito menos, deixe adormecer."

PRIMEIRAS PÁGINAS


BENFICA: UMA HEGEMONIA QUE SE ACENTUA


"O defeso traz um grande desafio para os dirigentes encarnados.

O Benfica junta a Taça ao Campeonato, e soma a 11.ª dobradinha da história. Se na Liga os encarnados deixaram que o FC Porto se aproximasse até ficar, posteriormente, um forte travo de falta de comparência do rival nos encontros decisivos, a Taça foi ganha igualmente num registo mais racional e num encontro mais equilibrado do que a diferença de argumentos fazia prever.
Se a forma então pode ter deixado um pouco a desejar, a verdade é que a dupla-conquista, em ano de tetra, sublinha a distância de consistência considerável que FC Porto e Sporting ainda têm de sprintar para se colocarem a par.
O campeonato esteve, como já disse, nivelado por baixo. O Benfica quebrou até ficar ao alcance dos rivais, quando chegou a ter uma vantagem valiosa, e estes, por sua vez, falharam. Foram ainda piores.
A expectativa era maior em Alvalade, mas também o projecto Espírito Santo, sobretudo na meta imposta a curto prazo, falhou. O treinador foi despedido, e chegarão outra cara e, eventualmente, outras ideias. O plantel, que tem qualidade, embore precise obviamente de maior tempo de maturação e diversos ajustes, será colocado também no banco dos réus.
No Dragão, a dúvida cai agora sobre a política desportiva que se segue: será de nova rotura ou de continuidade?
À margem do campeonato, a equipa de Rui Vitória chegou mais longe do que FC Porto e Sporting nas restantes competições nacionais e só teve rival na Europa nos portistas, com eliminação de ambos nos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Portugal vai agora entrar no defeso, e acredito que será aqui que se jogará grande parte do sucesso na nova época. No momento em que se fecha a actual, o emblema da Luz aparenta ainda superioridade e deter o estatuto de maior candidato a novo título, agora um eventual penta. Apresenta uma estrutura competente e sóbria, um treinador que procura consensos, uma boa base para um plantel a continuar sólido e o moral de quatro anos sucessivos de sucesso. Terá igualmente os rivais debilitados pelos anos de fome.
Há, contudo, um mercado pelo meio, que pode voltar a baralhar contas. Os influentes e estruturais Ederson, Lindelof e Nélson Semedo serão os mais apetecíveis para os maiores clubes europeus, mas, num clube declaradamente vendedor como o Benfica, outros como Grimaldo, Pizzi, Raúl Jiménez e o próprio Jonas também poderão ser assediados. Até as declarações daquele que poderia ser de novo número 1, o brasileiro Júlio César, estão por explicar.
O clube tem sabido antecipar saídas nos últimos anos, e este parece não ser excepção. Kalaica tem estado em banho-maria na equipa B, Pedro Pereira chegou em Janeiro, ao mesmo tempo que Hermes, embora o lateral-esquerdo tenha passado muitos meses sem jogar, e Filipe Augusto. Seferovic já confirmou que irá representar o Benfica e há ainda nomes que poderão subir da formação, como João Carvalho ou Diogo Gonçalves, por exemplo. Faltará um guarda-redes, a acreditar que Augusto e Horta conseguiriam entrar numa rotação com Pizzi, ou eventualmente substituí-lo em caso de saída.
Só o tempo dirá o que vai acontecer, e confirmar se existirá, ou não, uma reaproximação de forças entre os três grandes de Portugal.
Os números mostram que a hegemonia do Benfica tem-se acentuado. A inversão do ciclo iniciou-se não há quatro anos, mas em 2009-10, no primeiro ano de Jorge Jesus na Luz. Seguiram-se, é verdade, três épocas de títulos para o FC Porto, mas o constante empobrecimento do plantel azul e branco, cada vez com menos referências, só resultaram no fecho do tri com um autêntico milagre: aquele remate de Kelvin, que deu o bicampeonato a Vítor Pereira.
Se na temporada de André Villas-Boas, não houve discussão sobre a superioridade portista total, nos dois anos seguintes o Benfica deu a sensação de ter perdido o que os portistas tinham acabado de ganhar. Ou seja, que houve grande responsabilidade sua nos festejos do rival. Vítor Pereira terá apenas adiado o que se seguiria.
Desde a época de 2009-10, o Benfica conquistou 15 troféus em 31 possíveis. O FC Porto arrecadou nove, o Sporting dois, tantos quantos o Sp. Braga. Académica, V. Guimarães, Moreirense os restantes.
A tendência é esmagadora se formos apenas aos últimos quatro anos, os do tetra. São 11 em 15 possíveis para os encarnados, falhando duas Taças de Portugal (Sp. Braga e Sporting), uma Supertaça (Sporting) e a Taça da Liga deste ano (Moreirense).

O ciclo de hegemonia do Benfica:
2009-10 – LigaTaça (FC Porto)Taça da LigaSupertaça (FC Porto)1/4 LE (Liverpool)
2010-11 – Liga (FC Porto)Taça (FC Porto)Taça da LigaSupertaça (FC Porto)3º LC, 1/2 LE (Sp. Braga)
2011-12 – Liga (FC Porto)Taça (Académica)Taça da LigaSupertaça (FC Porto)1/4 LC (Chelsea)
2012-13 – Liga (FC Porto)Taça (V. Guimarães)Taça da Liga (Sp. Braga)Supertaça (FC Porto)3º LC, final LE (Chelsea)
2013-14 – LigaTaçaTaça da LigaSupertaça3º LC, final Liga Europa (Sevilha)
2014-15 – LigaTaça (Sporting)Taça da LigaSupertaça (Sporting)Grupo LC
2015-16 – LigaTaça (Sp. Braga)Taça da LigaSupertaça1/4 LC (Bayern)
2016-17 – LigaTaçaTaça da Liga (Moreirense)1/8 LC (Dortmund); Supertaça por decidir

Muito pode obviamente mudar em meses, e o futebol da equipa esteve longe de ser exuberante durante a maior parte da última temporada. Ao dia em que acaba a época, a diferença é notória e uma boa base para o que aí vem.
Caberá à direcção encarnada responder com qualidade às saídas e às lacunas que o grupo encarnado mesmo assim mostrou. Ou a próxima Liga ainda começará ainda mais nivelada, sobretudo se os rivais finalmente corresponderem.
O desafio não é fácil, mas em teoria o problema terá começado a ser resolvido há meses. Veremos se de forma correta."



Luís Mateus, in MaisFutebol

terça-feira, 30 de maio de 2017

UMA LIÇÃO DADA COM CLASSE, MUITA CLASSE

                                           

RUI VITÓRIA E BENFICA, UM CASAMENTO QUASE PERFEITO


"Os casamentos entre os treinadores e os seus clubes não têm que gerar sempre vitórias. Até porque temos vários exemplos de bons casamentos e sinergias entre treinadores nos seus clubes que não geram títulos, mas sim estabilidade, vendas, estratégias e objectivos bem definidos e alcançados. Mas num clube como o Benfica, os objectivos e as estratégias necessitam de títulos e de vitórias regulares. É verdade que temos exemplos de que nem sempre as vitórias – mesmo nos três grandes em Portugal – significaram sinergias entre os clubes, ambiente e treinadores que resultassem numa paz saudável de trabalho.
Voltando a Rui Vitória, o treinador vindo de Guimarães ‘caiu’ no Benfica de modo bastante natural. Provavelmente existem sempre adeptos descontentes. Que consideram que para além de vencerem deveriam fazê-lo de outro modo. Mas de um modo geral, assim que Rui Vitória passou para a frente na Liga 2015/16, passou a estar melhor alinhado com a forma de estar do clube. Com algum grau de certeza, Rui Vitória afirmaria a esta minha frase que continua o mesmo, mas eu considero que existiu uma evolução e adaptação – natural em todas as profissões – que o levou a compatibilizar e tornar mais eficientes as suas intervenções. E hoje, o estado de espírito deste casamento aos olhos de fora, é que a estrutura e o treinador se potenciam um ao outro.
Será desnecessário discutir-se quem faz mais por quem, até porque os deveres e direitos de ambas as partes são diferentes. Hoje, o treinador português consegue responder aos desafios do clube do modo como o clube definiu previamente que deveriam ser correspondidos. Seja através de uma maior comunhão, seja através da formação, de estar mais preparado para a perda de jogadores nucleares, Rui Vitória responde a esses obstáculos como algo que, não sendo de todo bom, é o que tem de ser. Jorge Jesus sempre teve de aceitar a perda de jogadores. Teve de refazer plantéis após perdas de jogadores nucleares todas as épocas. Onde parece que este casamento é mais aprazível é na aceitação da formação como algo de orgulho e positivo, e na vontade das duas partes aceitarem o modo de ser do outro. E isso faz toda a diferença na estrutura + treinador.
Rui Vitória e Benfica sabem que não vão vencer sempre. Isso não existe! E é também isso que faz com que os clubes e os treinadores estejam sempre em alerta. Serem exigentes, não se deixarem acomodar. Mais do que o fim que é vencer, o meio como o atingem é provavelmente o foco do Benfica e outro qualquer clube em encontrar um treinador que se encaixe naquilo que é o modo de estar e ser dos respectivos clubes. E será assim quando Rui Vitória sair do Benfica."

SINAIS DA BOLA


O Duende Verde
Antigamente vinham os paraquedistas, com as bandeiras dos clubes e a bola do jogo. Outros tempos. O esférico trouxe-o, ontem, um militar surfando num drone, qual Duende Verde do Homem-Aranha. O brinquedo é giro mas não tem o encanto de uma queda dos céus.

Execução orçamental
António Costa falou muito com Luís Filipe Vieira na tribuna. E o presidente do Benfica ter-lhe-á dado boas novas: vêm aí novas vendas. Mais exportações, portanto. O primeiro-ministro agradece porque os números ajudam à execução orçamental. Já como benfiquista...

Então, pá?
Jiménez marca, põe a máscara e festeja com os adeptos. Hugo Miguel mostra-lhe o amarelo e Rui Vitória não esconde o desagrado. «Estamos numa final, pá!», disse ao juiz. Mas este explica-lhe por gestos: o amarelo fora pela máscara. Aubameyang passou pelo mesmo.

Afectos e um 'choca aí'
Marcelo Rebelo de Sousa mais uma vez genuíno: abraços aos jogadores do V. Guimarães, aqueles que mais precisavam. O presidente quebra tanto o protocolo que os jogadores olham-no como um deles: Salvio, por exemplo, cumprimentou-o com um choca aí. E chocou.

Um caso de estudo
As lágrimas do presidente do V. Guimarães, na entrega das medalhas aos seus jogadores, foi uma das imagens da tarde. O exemplo do que é sofrer por um clube. Um clube único, com um público especial que é um caso de estudo em Portugal."

Fernando Urbano, in a bola

IMPEROU A LEI DO MAIS FORTE


"Só depois do intervalo o Benfica conseguiu soltar-se da asfixia e desbloquear o jogo.

Sem inspiração
1. Primeira parte com jogo fechado tacticamente, com as equipas a limitarem as iniciativas ofensivas do adversário, tornando o encontro pouco atractivo e sem situações claras de finalização. A natural imprevisibilidade inerente à idiossincrasia do jogo de futebol, a ser acentuada pela queda aguda da chuva, tornando a relva pesada, o jogo menos fluído e pejado de choques e duelos individuais. Maior responsabilidade para o favorito Benfica, demasiado ausente, talvez resquícios da embriaguez do sucesso recente, com pouca inspiração de Jonas e companhia, permitindo que o Vitória, com o seu duplo pivot no meio campo - Rafael Miranda e Zungu - tapasse todos os canais de ligação entre os sectores e garrotasse o habitual carrossel encarnado. Os movimentos dos jogadores dos corredores do Benfica pareciam demasiado padronizados e previsíveis, excepção para Cervi. Percebia-se que o Vitória posicionava-se de forma a travar as investidas dos homens da Luz, para depois soltar as suas motas do ataque.

Peso das lesões
2. As oportunidades escassearam ao longo de toda uma primeira parte equilibrada e marcada pelas lesões de Fejsa e Hurtado, saídas que implicaram alterações nas dinâmicas dos dois conjuntos, com o Vitória a fazer entrar Celis, adiantando ligeiramente Zungu, o que elevava os índices de agressividade e capacidade de recuperação da bola à equipa, mas retirou criatividade e ligação ofensiva ao seu jogo.

Jonas apareceu
3. Quanto ao Benfica, depois de uma primeira parte triste e menos conseguida, reentrou na partida com outra intensidade e rapidamente fez dois golos em dois momentos onde resolveu aparecer - as alterações ocorridas perto do intervalo no meio-campo vitoriano deram alguma liberdade ao brasileiro - e a vida ficou complicada para os pupilos de Pedro Martins, obrigados a mudarem o perfil da sua abordagem ao jogo. Mas nem as mudanças promovidas pelo técnico trouxeram mais arte ao conjunto vimaranense, incapaz de reagir e chegar com propósito perto da baliza de Ederson. A tentativa de tornar a sua equipa mais ofensiva, com as entradas de Teixeira e Sturgeon, retirou alguma solidez e organização defensiva ao conjunto vimaranense, libertando espaços para que os homens mais ofensivos do Benfica se projectassem e fossem criando oportunidades.

Muita alma
4. Mesmo com dificuldades em ter critério no seu jogo ofensivo, o Vitória empurrado pela sua inesgotável alma, conseguiu reduzir e reentrar na partida, aproveitando algum abaixamento dos níveis de vigilância dos jogadores encarnados e trazendo incerteza ao desfecho da partida. Mas a lei do mais forte imperou e o jogo não conheceu mais golos, permitindo ao Benfica ganhar a final com todo o mérito e fazer a dobradinha."

Daúto Faquirá, in a bola

SINAIS DA BOLA


"O Duende Verde
Antigamente vinham os paraquedistas, com as bandeiras dos clubes e a bola do jogo. Outros tempos. O esférico trouxe-o, ontem, um militar surfando num drone, qual Duende Verde do Homem-Aranha. O brinquedo é giro mas não tem o encanto de uma queda dos céus.

Execução orçamental
António Costa falou muito com Luís Filipe Vieira na tribuna. E o presidente do Benfica ter-lhe-á dado boas novas: vêm aí novas vendas. Mais exportações, portanto. O primeiro-ministro agradece porque os números ajudam à execução orçamental. Já como benfiquista...

Então, pá?
Jiménez marca, põe a máscara e festeja com os adeptos. Hugo Miguel mostra-lhe o amarelo e Rui Vitória não esconde o desagrado. «Estamos numa final, pá!», disse ao juiz. Mas este explica-lhe por gestos: o amarelo fora pela máscara. Aubameyang passou pelo mesmo.

Afectos e um 'choca aí'
Marcelo Rebelo de Sousa mais uma vez genuíno: abraços aos jogadores do V. Guimarães, aqueles que mais precisavam. O presidente quebra tanto o protocolo que os jogadores olham-no como um deles: Salvio, por exemplo, cumprimentou-o com um choca aí. E chocou.

Um caso de estudo
As lágrimas do presidente do V. Guimarães, na entrega das medalhas aos seus jogadores, foi uma das imagens da tarde. O exemplo do que é sofrer por um clube. Um clube único, com um público especial que é um caso de estudo em Portugal."

Fernando Urbano, in a bola

PRIMEIRAS PÁGINAS


O RETRATO DA FESTA, BASICAMENTE FOI ESTE


segunda-feira, 29 de maio de 2017

O SEGREDO DA HEGEMONIA


"A temporada 2016/2017 acabou como começou: com o Benfica a ganhar. Para a época ser perfeita para o clube da Luz faltou apenas a Taça da Liga, perdida no momento de menor fulgor, ainda assim incapaz de impedir a confirmação daquilo que já ninguém pode esconder: mora na Luz o novo dono da hegemonia do futebol português. Os últimos quatro anos não deixam espaço para outra leitura - basta dizer que o Benfica venceu onze dos quinze títulos nacionais em discussão nesse período. Ontem, no Jamor, frente a um inexcedível Vitoria de Guimarães, Rui Vitória ergueu o quinto troféu em dois anos de banco da águia. É obra.
Tem (mesmo que alguns possam não querer reconhecer-lho) enorme mérito o treinador. E os jogadores. Mas boa parte do sucesso deste Benfica, dominador como há muito não se via, mora na estabilidade. Chamem-lhe estrutura ou outra coisa qualquer. O facto é que na Luz continua a ganhar-se, apesar das mudanças no comando técnico (foram só duas, convém realçar) e dos jogadores que todos os verões rumam, super valorizados, a outras paragens.
Este ano, já se percebeu, não será excepção. Sairão Ederson e Nélson Semedo, é provável que o mesmo aconteça a Lindelof e a alguns outros. E ainda assim está à vista de todos que o Benfica parte já em vantagem para 2017/2018. Porque numa altura em que os seus principais adversários tentam resolver os enormes problemas internos, o clube da Luz ataca-os com mais um título e, em tranquilidade absoluta, começa a preparar a nova temporada. Chega para garantir já o penta? Não. Mas ajuda."

Ricardo Quaresma, in a bola

RUI VITÓRIA GRANDE ENTREVISTA À BENFICA TV 29 MAIO 2017 HD

                                          

"O NOSSO CAMINHO ERA ESTE, VENCER ATÉ DEBAIXO DE ÁGUA"


"O nosso caminho era este, vencer até debaixo de água" - a final numa carta de Rui Vitória para os seus
Rui Vitória é um treinador, como sabemos, que está sempre atento ao lado humano e motivacional, e por isso escreveu uma carta a cada jogador nas duas finais que jogou antes de chegar ao Benfica. Portanto, pensámos que, após vencer (2-1) o Vitória numa tarde chuvosa no Jamor, poderia ser esta carta que enviaria aos encarnados. O Benfica venceu a 26ª Taça de Portugal da história e fez a dobradinha pela 11ª vez.
Os ditados populares têm muita razão de ser. Não são obra de criatividade ou de um rasgo de inspiração, são, sim, uma espécie de cão fiel, só com olhos para o dono, que se limita a ver o que acontece, a absorver tudo o que vê e a aprender com isso. Não há cá invenções, há conclusões que se tiram. Se existem ditados a dizerem-nos que não há duas sem haver três, ou que à terceira é de vez, é porque há coisas que se repetem tanto que acabam sempre por acontecer. Ou algo assim parecido.
Portanto, se continuarem a pensar comigo e a pensarmos em Rui Vitória, podemos deduzir juntos. Sabendo o que o treinador do Benfica fez em, pelo menos, duas das três finais a que chegou (Taça da Liga com o Paços de Ferreira, em 2011, e Taça de Portugal em 2013, com o Vitória), é normal que à quarta tenha feito o que fez nas anteriores:
Pôs-se a escrever cartas aos jogadores.
Quis motivá-los, puxar por eles, dedicar umas palavras especiais a cada um, sapiente de que um jogador confiante e cheio dele próprio é capaz de coisas que nem ele conhecia. Mas imaginemos, agora, que Rui Vitória resolveu ser diferente e dedicar-se à escrita apenas depois. Com a final jogada, com tudo visto, com os jogadores a caminho das férias, podia escrever uma carta geral, mais ou menos assim:
Ederson, meu menino. És jovem, grande e um íman de crescimento. Perdi a conta às vezes que nos salvaste esta época, e na anterior. Sabes que não sou de individualizar e por alguém por cima dos outros. Mas deixaste-me feliz, tranquilo e em paz com o que via em campo, nem pareceu que te esforçaste para defender os remates do Hernâni e do Raphinha. É pena que tenham sido os únicos remates à baliza na primeira parte. E também é pena que, pareceu-me, tenha gritado um “Minha!” no canto que deu o golo ao Vitória.
Terá sido também por isso, grande Luís, que guardei a sensação de que não saltaste nesse canto. Mas já falámos sobre isso. Sei que não é fácil, com a idade, manteres o andamento e o jogo de cintura e as viragens para acompanhar o ritmo. Mas foste um líder e mandaste no Victor, no Nélson e no Alex. E até ao intervalo, eu bem que vos avisei, não foi fácil.
Especialmente para ti, Grimaldo.
Só te livraste de uma lesão no último terço da época e vi como sofreste com os piques que te custavam a arrancar cada vez que o Bruno Gaspar embalava. Era assim, em contra-ataques, saídas rápidas, gente a partir de trás quanto tínhamos poucos atrás, que o Vitória foi a equipa mais perigosa até à segunda parte.
E sofremos mais, bem mais, quando o Ljubomir levou uma pancada do Marega e foi o azarento no meio do choque de dois tipos grande e rijos. Tive que te por a ti, Andreas, frio e resfriado pela chuva, e quando entraste no jogo e apanhaste o ritmo, já estávamos quase no intervalo. Sofremos, como uma equipa, com a forma como o Rafael Miranda e o Zungu e o Hurtado te apertaram, por perceberem que o Pizzi andava demasiado preocupado em juntar a equipa com passes. E correu-nos mal porque falhavas muitos e em sítios onde eles conseguiram sair rápido para o ataque.
Deu-me muito gozo, admito, ver-te a ser um dos que mais cresceu quando saímos do balneário. Alertei-vos para o ritmo que tínhamos de acelerar e os metros que devíamos avançar, na pressão e nos sítios para fazer faltas, e resultou. Acalmaste, Pizzi, e começaste a encontrar os outros com a bola, muito mais vezes. A chuva, que caiu durante hora e meia, deixou de te incomodar. E a ti, Jonas, o nosso craque e o sábio que parece saber, sempre, mais que os outros. Foste intenso e decidido e rápido a dominar a bola, a virar e a pegá-la com força, à entrada da área.
O guarda-redes do Vitória não a agarrou e o nosso mexicano apressou-se a chegar-lhe. Não imaginava que, ali, fosses picar a bola e brincar ao sangue frio com o Jamor, mas correu-te bem, Jiménez. Foi o melhor do teu jogo de diagonais, corridas para a profundidade e desmarcações para nos esticar a equipa no espaço. Estás a apanhar o jeito a orbitar em torno do Jonas e isso fez a cabeça ao Josué e ao Pedro Henrique, centrais pesados e a quem cai mal sair da posição (e a máscara de lucha libre até te fica bem).
Vocês sabem tão bem como eu que a final ficou nossa em cinco minutos. Os que passaram entre esse golo e a cabeçada que o argentino de quem eu mais gosto deu na bola cruzada pelo Nélson, da direita. É por estes momentos que sempre aposto em ti, Salvio, porque jogaste uma final certinha, com muitos sprints para trás, com esticões na direita e, sobretudo, a ter a calma que precisámos, quando precisamos dela. Um dia chegarás lá, Cervi, para lá das tuas corridas com bola que nos deixaram respirar quando estávamos pressionados.
Foram os últimos 25 minutos. Vocês sabem que gosto de nos ver resguardados, a defender no nosso meio campo, a olhar mais para os espaços do que para a pressão, quando temos o marcador do nosso lado. Mas sofremos porque amolecemos, encostámo-nos em demasia à área, e tudo isto piorou quando o Vitória marcou de canto e os nervos, a ansiedade e as tremedeiras aumentaram. E o Pizzi e o Jiménez, que apanharam os nossos adversários na curva da pressa, falharam golos na cara do Miguel Silva e não nos aliviaram já perto dos 90 minutos.
O alívio que o último apito me deu foi o de saber que chegámos onde queríamos. Ganhámos a 26ª Taça de Portugal para o Benfica e conseguimos a 11ª dobradinha da história do clube. Quando tanto falava em caminho para fora e para dentro, para vocês, era a isto que me referia. Acho que já sabiam.
Se pudesse, também escreveria uma carta ao Vitória, clube que, como sabem, treinei e trouxe aqui ao Jamor, em 2013. Eles lutaram e correram e foram rápidos a contra-atacar e decididos a apertar-nos quando já parecíamos estar mais do que à larga na final.
E pronto, um forte abraço a todos, parabéns pela vitória, pela época e espero ver-vos a todos daqui a mais ou menos um mês.

O COLINHO É ISTO, CHAMA-SE COMPETÊNCIA


O Benfica somou hoje o 11.º troféu dos últimos 15 do calendário futebolístico português, com Rui Vitória, o sucessor de Jorge Jesus, a ser responsável por cinco, dos oito que disputou.
Depois do triunfo do FC Porto na edição 2012/13 da Supertaça, que abriu a época seguinte, o clube da Luz passou a somar 11 títulos após a vitória de hoje sobre o Vitória de Guimarães por 2-1, na final da Taça de Portugal.
Em 2013/14 e 14/15, nas duas últimas épocas de Jesus, que ‘morou’ seis anos na Luz, o Benfica venceu dois campeonatos, uma Taça de Portugal, duas edições da Taça da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira.
Com Rui Vitória, nas duas últimas temporadas, a formação ‘encarnada’ venceu mais duas edições da I Liga, chegando ao ‘tetra’, uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e uma Supertaça.
Nas quatro temporadas, e depois do derradeiro sucesso portista, o Benfica só viu ‘fugir’, duas edições da Taça de Portugal, uma da Taça da Liga e uma da Supertaça, na única final perdida, com o Sporting (1-0, no Algarve).
O Benfica, que alcançou hoje os 80 troféus, mais a Taça Latina, iniciou este ciclo vitorioso a 20 de abril de 2014, com a vitória, a duas jornadas do fim, na I Liga 2013/14, com um 2-0 ao Olhanense, selado com um ‘bis’ de Lima.
O triunfo seguinte chegou a 07 de maio de 2014, em Leiria, onde o Benfica venceu o Rio Ave por 2-0, com tentos de Rodrigo e Luisão, somando a quinta Taça da Liga.
Apenas 11 dias depois, os ‘encarnados’ fecharam a época da melhor forma, ao vencerem novamente o Rio Ave, agora por 1-0, na final da Taça de Portugal. O argentino Nicólas Gaitán selou, aos 20 minutos, um suado triunfo.
A época 2014/15 começou com mais um troféu para os ‘encarnados’, novamente arrebatado face ao Rio Ave. Em Aveiro, o ‘nulo’ manteve-se durante 120 minutos, com Artur a virar ‘herói’ nos penáltis, com três defesas (3-2) que asseguraram a conquista de uma quinta Supertaça.
A 17 de maio de 2015, com o ‘patrocínio’ do FC Porto, que empatou 1-1 no Restelo, o Benfica empatou 0-0 em Guimarães e assegurou o 34.º título nacional, a uma jornada do final da I Liga 2014/15.
Doze dias volvidos, em Coimbra, o Benfica venceu o Marítimo por 2-1 e voltou a festejar, com tentos de Jonas e Ola John, este a 10 minutos do final.
A época 2015/16 não começou bem para os ‘encarnados’, de Rui Vitória, mas encerrou da melhor forma, nomeadamente com o triunfo no campeonato, o ‘tri’, o ‘35’, selado na última jornada, com um 4-1 ao Nacional.
A ‘cereja’ chegou na final da Taça da Liga, com uma goleada por 6-2 ao Marítimo, em Coimbra, num jogo marcado por uma despedida emocionada de Gaitán e tem pelo adeus de Renato Sanches, já contratado pelo Bayern Munique.
A presente temporada arrancou com mais uma vitória, a com a conquista da Supertaça, em Aveiro, com um triunfo por 3-0 sobre o Sporting de Braga, selado com tentos de Cervi, Jonas e Pizzi.
A 13 de maio, a uma jornada do fim da I Liga 2016/17, o Benfica selou o primeiro tetra da sua história, com uma goleada caseira face ao Vitória de Guimarães por 5-0, e , hoje, voltou a bater os minhotos por 2-1 e selar a Taça de Portugal.

EMISSÃO ESPECIAL BTV :: BENFICA VENCE TAÇA DE PORTUGAL

                                           

GRANDÍSSIMO BERNARDO SILVA


"Luta contra 184 milhões de euros; o desajustado 'fantasma' de Messi; as culpas de Jorge Jesus: os 12 milhões que o Benfica poderia ter recebido.

Pep Guardiola ganhou grandíssimo jogador: Bernardo Silva. O Manchester City tem Raheem Sterling, Kevin de Bruyne, David Silva e Leroy Sané, por exemplo, quarteto que custou 184 milhões de euros (!) aos poderosos ingleses, mas o jovem português tem qualidade suficiente para ultrapassar tão impressionante concorrência e singrar na duríssima Premier League. Será, provavelmente, uma das vedetas da próxima temporada. Não lhe peçam, porém, para ser Lionel Messi. Bernardo Silva tem pormenores parecidos com o argentino, sim senhor, sobretudo na forma como leva a bola colada ao pé, mas não lhe coloquem o Mundo em cima dos ombros: Messi é Messi. E ponto final. Deixem o agora citizen continuar a trilhar, sossegadamente, a sua trajectória no futebol europeu, como tem feito até agora. Cristiano Ronaldo vai nos 32 anos, ainda terá mais alguns de altíssimo nível, mas o futuro sucessor (nacional!) do capitão da selecção portuguesa parece poder sair da dupla Bernardo Silva - Gelson Martins.
Leonardo Jardim perdeu grandíssimo jogador: Bernardo Silva. O treinador campeão em França soube, nas três épocas em que trabalhou com o geniozinho do Seixal, elevá-lo à condição de imprescindível no Mónaco: só Germain jogou mais em 2016/17. E só Falcao, Mbappé, Germain, Lemar e Fabinho. marcaram mais golos. É impossível dissociar o rendimento de Bernardo do rendimento de Leonardo: Bernardo foi crescendo como jogador à medida que Leonardo foi crescendo como treinador. O Mónaco perde agora Bernardo e, possivelmente, perderá pepita de ouro ainda mais apetecível: Mbappé. Será tempo de reconstruir, de novo, o Mónaco. Não seria tempo, também, de Leonardo dar o sétimo salto da carreira, depois de Camacha, Chaves, Beira-Mar, SC Braga, Olympiakos, Sporting e Mónaco?
Jorge Jesus tem sido apontado como principal culpado de o Benfica não ter aproveitado o talento de grandíssimo jogador: Bernardo Silva. Vejamos: em 2012/13, os encarnados tinham Aimar, Salvio, Enzo Pérez, Gaitán e Rodrigo; em 2013/14, possuíam Salvio, Gaitán, André Gomes, Enzo Pérez, Rodrigo, Markovic, Djuricic e Sulejmani. Deveria Bernardo Silva ter jogado mais nestas duas temporadas? Provavelmente. Mas há quem cresça mais depressa e quem cresça mais devagar. E o Benfica tinha (e tem) pressa de ganhar. Assim, quando o Mónaco acenou em 15,750 milhões de euros pela venda do seu passe, o Benfica aceitou. Se tivesse assim tanta fé no jogador, teria incluído cláusula relativa a mais valia em futura venda: 30 por centro, por exemplo. E em vez de 1,5 milhões de euros, receberia qualquer coisa como 12 milhões de euros.
(...)"

Rogério Azevedo, in a bola

PRIMEIRAS PÁGINAS: O TRIPLETE


UM AZAR DO KRALJ


Um Azar do Kralj nomeia Pizzi como ministro da basculação antes de fazer uma ode ao seu argentino preferido
Esse argentino, como já devem ter percebido, é Salvio. E como estes cronistas o veem a gostar tanto do Benfica, acham que talvez seja altura de "de comprar aquele T3 em Telheiras, inscrever os miúdos no São João de Brito e deixar crescer a barriga. Uma barriguinha cheia de títulos"
EDERSON
Meia dúzia de defesas seguras e uma saída algo distraída num canto que quase acabava em golo. Nem parece dele. Deve ter-se esquecido de fazer o check-in para Manchester. Quem nunca. Enfim. Fez uma época extraordinária e só o voltaremos a ver através da televisão ou das redes sociais, onde nos dedicará uma canção de forró quando o Benfica se sagrar pentacampeão nacional. Valha-nos isso.
NÉLSON SEMEDO
Muito bem a simular o corte aos 29’, provocando o pânico na equipa técnica do Bayern Munique, que anda escaldada depois da contratação de Renato Sanches. Rapidamente sossegaria os seus futuros patrões, excepção feita a dois ou três lances em que foi comido de cebolada por Rafinha. Bom, o mais importante é que já recebemos comprovativo de transferência.
LUISÃO
Um dos poucos jogadores que não se despediu dos adeptos hoje tem 36 anos de idade. É este o estado em que se encontra o plantel do Benfica. Ainda a recuperar dos festejos do tetra, Luisão pareceu algo enferrujado perante a robustez física dos porteiros de discoteca que compõem a frente ofensiva do Vitória de Guimarães. Conseguiu ainda assim manter a calma e evitar um arraial de pancadaria digno de capa do Correio da Manhã. Só não evitou o segundo golo, num lance em que o capitão julgou ter ouvido Ederson dizer “deixa que é minha”. Na verdade, tudo não passou de uma partida pregada pelo vento. Por essa altura já Ederson seguia num Uber a caminho da Portela.
LINDELOF
A análise individual de hoje parece um daqueles placards do aeroporto com a hora de embarque. Lindelof até podia ter jogado mal hoje que continuaríamos a pedir a sua permanência no plantel, mas o sacana quis fazer mais uma exibição segura, polvilhada aqui e ali com aquela típica insegurança sueca de quem já passou tempo suficiente no sul da Europa. Na mala levará muitos títulos, a receita da caldeirada de peixe do Barbas e demasiadas peças de roupa impróprias para o clima britânico. Ao seu lado, encostada à janela, irá Maja, estranhamente circunspecta. Lindelof perguntar-lhe-á por que suspira, quando deveria dizer: "Não chores, Maja. Um dia o destino voltará a juntar-nos, num qualquer empréstimo com opção de compra".
GRIMALDO
Tarefa ingrata a de ocupar o lugar de Eliseu nesta fase da vida do clube. Ainda não pode aspirar ao museu como o seu colega de flanco, mas continua a fazer exibições de uma estranha sobriedade, demonstrando que nem todos os laterais modernos têm que ser uns estouvados que entram pelo relvado adentro com uma Vespa.
FEJSA
Não teve tempo para grandes proezas. Assim que Fejsa abandonou o relvado devido a lesão, o comentador da RTP explicou que ele e Samaris eram "jogadores diferentes", um eufemismo que chega a ser amoroso. Agora é esperar que a lesão não seja grave ou, caso haja clubes interessados, que ele regresse melhor do que nunca daqui a 6 meses.
PIZZI
Melhor em campo, mas de longe. É uma das pessoas mais esclarecidas em Portugal neste momento. Se Mário Centeno é o Ronaldo do Ecofin, Pizzi é o Ronaldo da transição defesa-ataque. Devia ser ministro da basculação. Hoje assistimos a mais uma demonstração cabal de que o Benfica tudo deve fazer para o manter no plantel. Sugiro que nos transformemos num principado livre de impostos. Seríamos o maior principado do mundo. Enfim. Não me tiram a garrafa da frente e ainda falta meia dúzia de jogadores. Lembrei-me de outra coisa. Há poucos dias vimos um conjunto de pessoas eleger Bas Dost como melhor jogador do campeonato. Seria uma discussão válida se todos começássemos por dizer o que é que bebemos antes de expressar as nossas opiniões. Eu estou a beber Monte da Peceguina tinto. E eles?
SALVIO
É complicado. Lembram-se quando queríamos muito vender o Salvio e ele partiu um braço ou lá o que foi? Pois bem, a venda foi ao ar e nós ficámos com um argentino aparafusado, cheio de ilusión e a ocasional lesión. O tempo foi passando. Enchemos a barriguinha de títulos e habituámo-nos a ver Salvio no meio da festa, como se tivesse desistido de sonhar com mais. E agora a pergunta que nos faz pensar: quantos argentinos que passaram pelo clube nos últimos anos declararam amor eterno ao Benfica?
O Gaitán não conta, está agora a arrumar as cadeiras do Vicente Calderon. Quantos desistiram das suas ambições internacionais por nós? O Bossio também não conta. Esse desistiu da carreira antes mesmo de chegar a Lisboa. Salvio continua a decidir jogos. Continua a fazer-nos acreditar, mesmo depois de 10 lances individuais que só ele julgava possíveis. E não parece interessado em ir a lado nenhum. Talvez seja altura de comprar aquele T3 em Telheiras, inscrever os miúdos no São João de Brito e deixar crescer a barriga. Uma barriguinha cheia de títulos. Mais que não seja porque o seu contrato de arrendamento termina em Julho e o senhorio está a pensar pôr a casa no Airbnb.
CERVI
Apetece-nos fazer que nem uma betinha com 20 mil followers no Instagram quando partilha uma foto no ginásio, e citar Rihanna: work, work, work, work, work. Pelo que temos visto nas notícias, o futebol simultaneamente perfumado e raivoso de Cervi ainda não surgiu nos radares dos grandes europeus. Podíamos fazer mais uma piada sobre a altura do nosso pequeno génio, mas seremos superiores a isso.
JONAS
Neste momento, o Quim Berto está na RTP a explicar o que se passou. É por isso uma boa altura para declararmos mais uma vez o nosso amor ao Benfica, um clube enorme que viveu connosco, nas palavras certeiras do Pedro Ribeiro, um autêntico Vietname. E que bom é ter sobrevivido a esses anos de ração de guerra para hoje besuntarmos os dedos em filet mignon. Ver Jonas em campo é, em muito, semelhante à sensação que tivemos quando vimos Pablito Aimar com a nossa camisola. A qualquer momento, em qualquer zona do terreno, arriscamo-nos a ver um tratado futebolístico. Por pouco não marcou num belíssimo lance com Grimaldo, mas deu a marcar com um remate mal defendido que colocou Jiménez na cara de Miguel Silva.
JIMÉNEZ
Agora que Jiménez se prepara para entrar na história do clube, deixamos apenas um conselho: lavem a máscara antes de a exibir no museu. É que tirar uma máscara de lucha libre das cuecas e colocá-la na cara é muito semelhante a despir as próprias cuecas e colocá-las na cara. Aconteceu-nos uma vez em Albufeira e prometemos não repetir a façanha, nem por amor ao Benfica. Já agora, imaginem que o homem não marcava e chegava ao balneário com uma máscara dentro dos calções, ainda por estrear. Felizmente os seus pés habilidosos evitaram essa situação altamente embaraçosa.
SAMARIS
Este gajo não estava suspenso? Que escândalo! Ainda por cima jogou bem. Aquela entrada ao Celis é de um descaramento sem igual. Então um jogador do Benfica que deveria estar suspenso por quatro jogos enfia uma fruta num jogador emprestado pelo seu clube, quase atirando o adversário para o estaleiro? Que bonita é esta vida repleta de contradições. Carrega Andreas!
RAFA
Mostrou sérias dificuldades em manter o penteado que tinha preparado para o jogo de hoje.
FELIPE AUGUSTO
Entrou para segurar Marega e companhia, mas quando deu por isso já Marega tinha tropeçado nos próprios pés e o árbitro apitado para o final.
Nota final: Adeptos do Vitória de Guimarães
Gigantes. Mereciam mais uma taça. São um dos poucos clubes fora do círculo dos três grandes que enche o seu estádio. O futebol português precisa de mais clubes e adeptos assim. Quero muito o penta, o hexa e o hepta, mas se esse ciclo tiver de ser interrompido que seja por uma equipa como esta. Sairíamos todos a ganhar.