sexta-feira, 31 de maio de 2019

TANTO MELHOR


"Depois de um ano muito difícil, os benfiquistas vivem em todo o país e por todo o mundo, em estado de verdadeira felicidade. Em nós, é normal este formidável uníssimo de cada vez que ganhamos. Lembro-me bem dos indeléveis sons e imagens das grandes vitórias que já marcavam a história do Glorioso desde o século passado, a partir do final dos 50 e ao longo de toda a década de sessenta, ainda quando, no Portugal a preto e branco, o nosso vermelho irrompia de vez em todo o lado, nas grandes e constantes celebrações do Benfica vencedor, de cada vez que os nossos sonhos se cumpriam.
Os tempos de hoje são muito diferentes. Nem há comparação possível com o que é celebrarmos, agora em plena liberdade, uma reconquista tão difícil. A diversidade, a intensidade e as dimensões que estão a caracterizar as comemorações do nosso 37.º campeonato, marcam muito mais do que a imensa alegria colectiva que experimentamos por um título nacional.
A incrível explosão do nosso sentimento colectivo coroa, aliás, a própria natureza do feito alcançado em dois diferentes campos de vitória. Também por isso, mais apropriadamente ainda, desta vez conformamos num autêntico grito de alma a dupla conquista: a Reconquista.
Primeiro, soubermos superar-nos a nós próprias e depois, passámos a vencer todos os outros. Nesta hora dos nossos irreprimíveis festejos, contudo, eles persistem em usar por todos os meios, todos os subterfúgios e todas as mentiras para tentarem denegrir os incontestáveis méritos que constituem o nosso justo orgulho. Na ânsia de publicamente se eximirem à constatação dos seus erros e da sua insuficiência desportiva perante a hegemonia do Benfica, chegam a esquecer-se dos assomos dos méritos e capacidades que, de vez em quando, ainda patenteavam, preferindo disparar em todas as direcções que a imaginação doentia e podre lhes concede, para iludirem perante quem lá manda agora, as severas realidades em que estão mergulhados.
Mas verdadeiramente, ali, já não há rei, nem roque: os sucessivos cheque-mates que continuam a sofrer são o resultado dos autênticos haraquiris a que cegamente se dedicarem, em todos os campos de actividade, nestes últimos seis anos. Mas, pelos vistos, continuarão sob a égide das macacadas. E se for assim que se sentem bem, tanto melhor..."

José Nuno Martins, in O Benfica

RECUSA DE CILLESSEN É CASO DE ESTUDO



"A recusa de Cillesen em mudar-se para a Luz deve ser caso de estudo. O Benfica é um grande clube, 37 vezes campeão nacional, 26 vezes vencedor da Taça de Portugal, sete vezes triunfador da Supertaça e duas vezes campeão europeu. Mas, para um determinado nível de futebolistas, apesar da história, do prestígio, das condições de trabalho, de uma massa imensa de sócios e adeptos que pintam de vermelho os caminhos da lusofonia e de uma situação financeira que sugere estabilidade, jogar no Benfica são é apelativo. E a razão de tal desinteressante não tem a ver com o clube - um dos maiores do mundo - mas da circunstância onde este desenvolve parte substancial da sua actividade, a Liga portuguesa.
Há muita gente que não gosta de encarar a realidade mas esta, patente diariamente na imprensa de Badajoz para lá, diz-nos, cruelmente, que a interesse do resto do mundo pelo nosso futebol domésticos é meramente residual. Sejamos claros: tendo em carteira outras possibilidades, que jogador que vir jogar para uma Liga onde as acusações de corrupção andam permanentemente no ar, o insulto é corrente e a cultura de ódio significa, para muitos, uma forma de estar? Visto de fora, será este um ambiente convidativo?
A Liga de Clubes, que vai a votos em breve, deve reflectir sobre a forma de inverter uma situação que empurra o nosso campeonato para o afastamento dos melhores. É preciso que acolha, por exemplo, sem tibiezas, a causa da centralização dos direitos televisivos, única forma de aumento da competitividade, e que apoie, com coragem, os movimentos que procuram erradicar os holligans dos estádios."

José Manuel Delgado, in A Bola

OS HOMENS DO TÍTULO: FLORENTINO LUÍS, O POLVO SIMPLIFICADOR


Tem quase dez anos de casa e revela serenidade no jogo. Quando apareceu pela primeira vez, naquele Benfica-Nacional, surpreendeu pela capacidade para recuperar bolas. A Tribuna publica uma série de artigos sobre os futebolistas do Benfica que chegaram ao #37. Um por um, com estatística da Goal Point.
A história da emancipação de Florentino Luís misturou-se com uma história que cheirou a antigamente. A primeira vez com a camisola mais pesada dos escalões do Benfica aconteceu naquele jogo, na Luz, contra o Nacional, que ficou marcado por uma goleada desconfortável para o desporto contemporâneo. E ele, com aquele ar muito cool, deixou logo algumas indicações: à vontade com a bola, sim senhor, mas o que saltou à vista foi aquela queda para as recuperações de bola. Parecia um polvo a esticar os tentáculos.

Começou no futsal e também daí traz o bom toque de bola. Leva quase dez anos de Benfica. Antes do tal debute, substituindo Samaris, o médio já ganhara dois Campeonatos da Europa, em sub-17 e sub-19, prometendo carapaça para grandes torneios. Florentino está atualmente, aliás, no Campeonato do Mundo de sub-20, na Polónia, onde tem um sido dos melhores. É o mais esclarecido do miolo, dá sempre opção, simplifica o jogo e aposta nos passes verticais para abanar o esqueleto defensivo do outro lado. E até mexeu com o jogo quando subiu uns metros no terreno.
“Nunca foi um jogador vistoso do ponto de vista técnico, não era isso que o diferenciava dos outros”, disse ao DN João Tralhão, um ex-treinador do rapaz de 19 anos na formação dos encarnados. “O que o diferenciava era a sua capacidade de leitura de jogo, a tomada de decisão, o nível posicional, a capacidade de desarme, a utilização racional do espaço que ele tinha era incrível para um menino tão novo.”
Polvo simplificador.
Tracemos uma imagem meramente estatística, recorrendo aos números da Goal Point. Florentino executou 44 ações defensivas no primeiro terço defensivo do Benfica, 46 no terço intermédio e nove no último terço, uma zona já muito distante do seu raio de ação. Foram 42 desarmes, 26 deles completos, 32 interceções, 64 recuperações da posse de bola e 12 alívios. A lacuna, para já, parece estar nos duelos aéreos defensivos: ganhou apenas 37,5% dos 16 que disputou.
Quanto ao que fez com bola, a sua posição não promete desde logo grandes aventuras para registos estatísticos (e não deixaram de ser apenas 839 minutos na liga...). O jovem médio marcou um golo, no 4-0 em Moreira de Cónegos. Lá está, não teve grande gesto técnico, nem uma jogada para satisfazer deuses, foi o tal tentáculo a surpreender Ibrahima. Florentino ofereceu somente um passe para finalização e rematou apenas duas vezes. Se pegarmos nos dados do whoscored.com, o futebolista registou 90,2% de acerto no passe, e é para isto que veste a farda encarnada. É um “seis” mais tradicional, sem grandes pretensões de vestir a capa de super-herói. Gosta, sim, de arrumar a casa.

In Tribuna Expresso

NOVAS RECONQUISTAS



"O fantástico percurso do Benfica no Campeonato Nacional, de Janeiro a maio, conduziu-nos à tão desejada Reconquista e justifica um lugar especial no Museu Cosme Damião. Por duas razões: pela forma heróica como a equipa soube recuperar uma desvantagem que parecia inalcancável e, depois, pela capacidade que mostrou para resistir a tudo o que se seguiu. Uma 2.ª volta com 16 vitórias e 1 empate é obra!
O espírito de Reconquista, porém, ainda não terminou. Esta 6.ª feira é de enorme importância para as Modalidades do Benfica, com um clássico e um dérbi que podem vir a ter influência decisiva na temporada das nossas equipas.
No basquetebol, em vantagem por 2-0 diante do FC Porto, o Benfica pode já hoje carimbar a qualificação para essa final do play-off frente à Oliveirense, actual campeã nacional. Basta para isso que voltemos a vencer já hoje, agora no Dragão Caixa.
No futsal, o Pavilhão Fidelidade será palco, também esta noite, do primeiro jogo da final do play-off. Um duelo entre as duas melhores equipas portuguesas dos últimos anos, Benfica e Sporting, num dérbi para o qual foram vendidos todos os bilhetes disponíveis.
Felicidades, pois, para as nossas equipas e venham de lá as Reconquistas que ainda faltam!

PS: A News Benfica irá, a partir de hoje, fazer uma pausa na sua regular divulgação, voltando a ser publicada a partir de 1 de Julho, dia em que a equipa de futebol se apresenta para iniciar a temporada 2019/20. Toda a actualidade do Benfica pode continuar a ser acompanhada, naturalmente, através dos diversos meios oficiais do Clube: BTV, site, redes sociais e jornal ‘O Benfica’."

PRIMEIRAS PÁGINAS


quinta-feira, 30 de maio de 2019

UM AZAR DO KRALJ


No onze do ano de (...) cabem Casillas, Bruno Fernandes, Militão e Eliseu. Não nos perguntem porquê, perguntem-lhe como
"Casillas
É provavelmente o mais importante guarda-redes da sua geração e não há nada melhor do que utilizar este tempo verbal para situar Iker Casillas aqui e agora. Só merece saúde e dias felizes daqui em diante, mas para isso deveria abandonar desde já o Futebol Clube do Porto. Como dizia o outro: winter is coming, amigos portistas.

André Almeida
Extrapolações sobre a sociedade são sempre um perigo, especialmente se vindas de benfiquistas, mas vou arriscar na mesma. Podem brincar quanto quiserem com a fama de jogador limitado. Eu também o fiz, mas conservemos uma pequena noção do ridículo para enfim elogiar, merecidamente, o capitão André Almeida. Imaginem um país em que a maioria de nós consegue chegar ao nível de André Almeida nas nossas vidas profissionais. Um país em que se ensina André Almeida nos infantários, nas C+S e nas universidades. Um país arduamente trabalhador que marque mais golos, uns de propósito, outros sem querer, porque essa felicidade se conquista. Que sonho lindo esse país imaginário. Chuta André. Cruza. Corre. E celebra, que tu mereces. Temos muito que aprender. 

Ferro
A minha memória diz-me que desde Gamarra que o Benfica não tinha um defesa assim, que fosse simultaneamente uma figura de autoridade e um praticante das boas maneiras. Ferro foi empurrado para o onze por força das circunstâncias, com uma aparente moleza trazida da equipa B, mas depressa se tornou um educador das massas, que hoje lhe pedem desculpa por qualquer desconfiança que lhe tenham transmitido, tudo isto enquanto suplicam de joelhos para que ele não abandone o clube. Percebeste, Ferro? Estou a suplicar.

Militão
As duas coisas que mais me agradaram na época de Éder Militão, para além do seu enorme talento, foram as seguintes: em primeiro lugar, o facto de sabermos há meses que o jogador está de saída. É como se os portistas se tivessem apaixonado por uma modelo Victoria’s Secret com uma doença terminal. Apaixonam-se loucamente pelo efémero condenado ao triste final, Não conseguem resistir a aplaudir as ações de Militão e não fazem a mais pequena ideia de como vão viver depois da sua saída. Ainda bem, digo eu. A segunda coisa que me agradou em Militão foi ter sido sujeito a uma daquelas experiências estilo estagiário da McDonalds licenciado na Nova que trabalha uma semana na grelha para saber o quanto a vida custa e conhecer as bases da organização. A diferença é que este estagiário passou várias semanas na grelha, vulgo na posição de lateral direito, para gáudio de milhões.

Eliseu
Reza a história que Eliseu regressou de uma viagem de mota pelos Estados Unidos (fechem os olhos e tentem imaginar esta série da HBO) a tempo de abrilhantar a festa da reconquista, à qual chegou conduzindo uma Vespa, de chapéu na cabeça e óculos escuros, com a felicidade de quem pareceu ter começado a beber muito antes do apito inicial. Os adeptos exultaram e Eliseu não fez por menos, tirando as mãos do volante e erguendo os braços no ar com um troféu que não lhe pertenceu pelo desempenho no relvado, mas que se tornou imediatamente um bocadinho dele. Não sei se estamos perante matéria de facto que justifique morada eterna no Panteão, mas nunca mais será esquecido pelo nosso coração. Resta agora superar as expectativas na próxima época, chegando ao relvado em plenos festejos do #38.

Fejsa
Tenho uma dívida de gratidão para com este sérvio caído em desuso e quero aqui penitenciar-me por ter elaborado, com esforço demasiado, críticas pouco construtivas ao seu desempenho na segunda volta do campeonato, quando dele precisávamos e o seu futebol parecia não aparecer. Dizem-me que é do físico, que já não aguenta, que são vitórias a mais. Percebo. O músculo do adepto não se cansa de ganhar. Cumpre por isso homenagear Ljubomir, como um dos melhores pelo capital acumulado ao longo de todos estes anos. Falam em 3 milhões para a Turquia, mas eu tenho outra sugestão. Esqueçam a venda do passe por inteiro. Ljubomir tornou-se inteiramente nosso. Fejsa é dos benfiquistas. Desmanchemos o jogador e vendamo-lo às peças, que nem o relvado do antigo estádio. Eu fico com o tutano que há muito o definiu como um de nós.

Pizzi
" a mudança que queres ver nos outros." A frase, da autoria de Bruno Lage, foi corporizada nesta segunda volta pelo controverso Luís Miguel, que nem todos os benfiquistas gostariam de ver com uma batuta, mas cuja cantoria todos fez dançar por esse mundo fora na noite de 18 de Maio. Pizzi mudou com Lage e toda a equipa mudou com ambos. Mais do que o maestro, termo utilizado na língua portuguesa, Pizzi foi, como diz a tradução inglesa, o condutor, ou, por outra, o condutor que revelou mãozinhas em quase todas as circunstâncias ao ponto de as estatísticas fazerem dele inquestionavelmente um dos jogadores que mais golos e vitórias produziu neste campeonato. Controverso? Até ao final, responderá ele. Cantem lá agora.

Bruno Fernandes
única critica negativa que podemos fazer ao desempenho de Bruno Fernandes esta temporada é ele ter jogado de verde e branco. Pode parecer pouco e um adepto imparcial, mas são duas cores que tornam o seu futebol especialmente incómodo. Foi exemplar em tudo, excepto na camisola vestida. Deverá corrigir esta falha já a partir da próxima época.

João Félix
Não passa um dia em que não acorde a pensar “é hoje que ele vai embora”. O meu filho mais velho já percebeu que o assunto é sério. Há uns dias perguntou-me se o João Félix é melhor do que o Jonas, tal é a quantidade de vezes que se ouve falar dele. Se dúvidas restassem sobre o impacto de João Félix neste campeonato, na equipa do Benfica e nos adeptos, basta acompanhar a discussão sobre se 120 milhões são afinal muito ou pouco a pagar pelo passe do mais talentoso finalizador surgido esta época no futebol mundial. Ainda tenho uma ténue esperança de que ele acabe de endireitar os dentes ao serviço do Benfica, mas já me senti mais optimista.

Seferovic
Porque Jonas merecerá um texto dedicado exclusivamente a si no dia em que decidir pendurar as botas e seria quase banal colocá-lo num onze da época. Porque em tempos teríamos aqui um mexicano com máscara de luchador e este suíço não parece ter marketing que lhe valha. Porque foi decisivo neste campeonato, apesar de ter cara de terceiro classificado ou, pior, cara de emprestado por época e meia. Juntos, celebrámos pela primeira vez. Seferovic aprendeu a vencer. Nós aprendemos a gostar dele.

Nuno Pinto
É uma das histórias mais bonitas deste campeonato. Desde Dezembro que não o víamos no relvado porque estava ocupado a enviar um linfoma para o raio que o parta, mas desenvencilhou-se dessa marcação cerrada a tempo de entrar em campo na última jornada. Foram poucos minutos, mas souberam pela vida. Serviu para lembrar que o jogo jogado, o apito, o VAR e o assistente do VAR, todas as tricas e mais alguma, jamais serão uma questão de vida ou de morte. Longa vida ao futebol e a ti, Nuno."

UMA APOSTA GANHA


"Heptacampeãs. Triplete. Dobradinha. Inspiradoras. Estas são algumas das palavras de ordem dos últimos dias no universo feminino do Sport Lisboa e Benfica e que ilustram bem o resultado das apostas feitas pela Direcção ao longo do tempo.
A estratégia foi delineada, sempre tendo noção de que é preciso criar uma base sustentável seja para que modalidade for, para recolher depois os respectivos frutos, sejam eles mais ou menos imediatos. É essa capacidade de visão que tem mantido bem vivo o ecletismo do Clube.
No Hóquei em Patins feminino tem havido uma hegemonia ímpar desde a sua criação em 2012. Além dos Torneios de Abertura, são 6 Supertaças, 7 Campeonatos Nacionais consecutivos – já são a equipa com mais troféus em Portugal – e 5 Taças de Portugal. E há a possibilidade de poderem chegar à 6.ª conquista na prova-rainha já no fim de semana de 8 e 9 de Junho, quando terá lugar a final four da prova. Sem derrotas a nível interno desde 2013, as Heptacampeãs são um modelo de sede de vitória. Lá fora, o prestígio internacional já teve uma Taça Europeia como ponto alto.
O pleno alcançado nas últimas três temporadas é a imagem de marca da actual equipa sénior de Futsal Feminino. Foi feito um trabalho de raiz, construiu-se uma equipa, apostou-se na Formação, solidificou-se o processo e os resultados estão à vista, com a conquista do Tricampeonato e do consequente Triplete. A qualidade do grupo e o respeito pelos adversários conduziram a um registo impressionante. A fase final ainda não terminou, mas já levam 11 vitórias e 1 empate em 12 jogos! 
Um dos exemplos de que a aposta no ecletismo não é um mero acaso é o Polo Aquático. Respeitando o seu passado – o início da modalidade pela primeira vez data de 1916 –, o Sport Lisboa e Benfica avançou para a reactivação deste desporto em 2014. Na época de estreia, a equipa feminina conquistou a Taça de Portugal. É verdade que não ganhou nas duas épocas seguintes, mas o trabalho desenvolvido nos últimos anos deu os resultados ambicionados. Uma dobradinha inédita, quebrando o domínio do Clube Fluvial Portuense. Recuamos à Supertaça de início de temporada e temos um triplete. Memorável!
Mas 2018/19 fica marcado por um facto inédito. Com o regresso do Voleibol e Andebol femininos, ambos com um passado de conquistas, o Sport Lisboa e Benfica passou a ter todas as modalidades de pavilhão ativas ao mesmo tempo. E, no caso do Voleibol, já há motivos para festejar. Além da subida de divisão, a equipa conquistou o título da 3.ª Divisão neste último fim de semana. Num escalão acima, o Andebol feminino continua a lutar para estar entre a elite. Faltam 3 finais!
Para completar a aposta feita no desporto feminino, temos o projecto do Futebol. É um exemplo singular de respeito pelos competidores que já estavam em acção. Objectivos bem definidos e um deles já alcançado, com a conquista da Taça de Portugal, isto após eliminar o SC Braga – que viria a ser Campeão Nacional da 1.ª Divisão – nas meias-finais. Ontem houve um jogo muito especial para o Futebol Feminino. Foi a primeira vez que se realizou um encontro oficial no Caixa Futebol Campus. Ao vencerem o Estoril Praia B por 8-0, garantiram a subida à 1.ª Divisão a duas jornadas do fim. Depois virá a luta pelo título. #TodosContam no apoio às nossas Inspiradoras nesta ponta final. 
Aproveitando o mote #TodosContam, é preciso não esquecer também a Formação. Todas estas modalidades têm variadíssimos exemplos de integração de atletas mais jovens nos seus plantéis. O futuro no feminino está, por isso, garantido!"

FUTEBOL FEMININO SOBE À 1ª DIVISÃO


ÁGUIAS GARANTEM SUBIDA DE DIVISÃO!
FUTEBOL FEMININO
A equipa do Benfica venceu a formação do Estoril Praia B e, a duas jornadas do fim, reservou um lugar no principal escalão do futebol feminino em Portugal.
Em ano de estreia, a equipa de futebol feminino do Benfica venceu a Taça de Portugal e conseguiu a subida à 1.ª Divisão. A vitória desta noite perante a formação do Estoril Praia B (8-0) garantiu matematicamente um lugar no principal escalão do futebol português.
Início forte das águias no Campo n.º 7 do Caixa Futebol Campus. As jogadoras estorilistas tentaram aliviar a pressão encarnada, mas as águias viriam mesmo a inaugurar o marcador aos 6'.
[GOLO: 1-0] A defensiva do Estoril não conseguiu aliviar o canto batido por Pauleta, e Maiara, no sítio certo, rematou forte, sem hipótese de defesa para Vitória Antunes.
O fulgor ofensivo das águias era evidente e desta feita foi Darlene a tentar a sua sorte. O remate desferido fora da área pela camisola 7 das águias passou a centímetros do poste esquerdo.
Tomando conta das operações de jogo, as atletas encarnadas iam gerindo a posse do esférico a seu bel-prazer. O jogo apoiado e as incursões pelo interior não resultavam, por isso as comandadas de João Marques optavam por canalizar a bola para os flancos. Numa destas situações, Evy Pereira esteve perto de dilatar a vantagem para o Benfica. O remate da camisola 51 foi com pontaria a mais e acertou no poste direito.
[GOLO: 2-0] Grande jogada da equipa das águias aos 32'. Pauleta recuperou a bola e deu para Darlene. A camisola 7 temporizou e colocou novamente em Pauleta, que, solta de marcação, cruzou para o segundo poste onde estava Evy Pereira para encostar.
A equipa encarnada abriu o livro e o terceiro golo apareceu dois minutos depois.
[GOLO: 3-0] Novamente em evidência, Pauleta rematou de fora da área, mas a bola embateu no poste da baliza adversária. Bem posicionada para a recarga, Ana Vitória colocou o esférico no fundo das redes.
[GOLO: 4-0] Golaço do Benfica! Daiane fez o quarto das águias através de um canto direto aos 44'.
Sem tempo para mais, a árbitra da partida apitou para o final da 1.ª parte. As jogadoras recolheram aos balneários enquanto os cerca de 500 adeptos presentes nas bancadas aplaudiam as intervenientes. Ao intervalo: 4-0.
Na 2.ª parte a toada de jogo manteve-se e o início forte das águias gerou frutos.
[GOLO: 5-0] Aos 46', Pauleta cruzou a bola para o interior da área. Depois de bastantes ressaltos, o esférico sobrou para Ana Alice, que só teve de empurrar para o interior da baliza.
As encarnadas continuaram a pressionar, e Evy Pereira recuperou numa zona adiantada do terreno para colocar o resultado em meia dúzia para o Benfica.

[GOLO: 6-0] Depois de recuperar o esférico aos 54', a camisola 51 efetuou um excelente remate em arco para desviar a bola do alcance de Vitória Antunes.
A entrada de Andreia Faria trouxe frescura ao meio-campo encarnado. Apesar de estarem decididas a levar a bola até zonas adiantadas do terreno, as avançadas do Benfica não estavam a conseguir encontrar espaço para finalizar da melhor maneira.
[GOLO: 7-0] Depois de uma excelente jogada individual pelo flanco esquerdo, Evy Pereira atrasou o esférico, e Andreia Faria puxou a culatra atrás e disparou um potente remate que só parou no interior da baliza estorilista.
O rolo compressor das encarnadas continuou e Ana Vitória fez o bis na partida.
[GOLO: 8-0] Cabeceamento à ponta de lança para o bis! Ana Vitória correspondeu da melhor forma ao cruzamento de Darlente, que foi efetuado com conta, peso e medida.
Os momentos finais da partida ficaram marcados pela lesão de Ana Alice, que teve de sair de maca. O apito final surgiu e o resultado ficou estabelecido em 8-0.
Onze inicial do Benfica: Dani Neuhaus, Daiane Rodrigues, Ana Alice, Sílvia Rebelo, Yasmim Ribeiro, Patrícia Llanos, Pauleta, Ana Vitória, Evy Pereira, Maiara e Darlene.
Suplentes: Catarina Bajanca, Andreia Faria, Diva Meira, Carlota Cristo, Inês Queiroga, Lara Pintassilgo e Tita.
A faltarem duas jornadas para o fim da 2.ª fase, as águias ficam à espera de conhecer o adversário, proveniente da Série Norte, com quem irão discutir o título de campeão da 2.ª Divisão.
Final – Apuramento de Campeão
DATA JOGO
16 de junho (domingo) 1.º Série Norte vs Benfica (1.ª mão)
23 de junho (domingo) Benfica vs 1.º Série Norte (2.ª mão)
"Está a ser um ano de sonho"
João Marques (treinador do Benfica): "A lesão que a Ana Alice sofreu na parte final foi o aspeto negativo de um jogo em que alcançámos o nosso objetivo, que era confirmar a subida de divisão. Estou feliz por estas jogadoras, elas merecem isto, por tudo o que têm trabalhado para alcançar os objetivos [subida à 1.ª Divisão e conqusta da Taça de Portugal]. Para o futebol feminino do Benfica, este primeiro ano está a ser um sonho, estamos a realizar todos os objetivos. Uma palavra de apreço aos Sócios e adeptos, que nos têm apoiado. Neste jogo, podemos ter acusado um pouco a pressão, por ser decisivo, mas a partida só teve um sentido, raramente tivemos problemas na parte defensiva. Controlámos do início ao fim e somos uns justos vencedores. Nesta época, temos tentado fazer uma mescla de presente e futuro, dando oportunidade a muitas jogadoras jovens para se estrearem, terem minutos e serem o futuro do futebol feminino do Benfica. Estamos muito contentes com a prestação delas. Desta equipa podemos esperar o que elas têm feito desde o primeiro dia, com muita vontade, crer e determinação, com bom futebol. Vamos ser assim até ao fim. Esta equipa quer sempre mais, demonstrar a toda a gente que a aposta feita foi acertada."
Darlene (avançada do Benfica): "Subimos de divisão, toda a gente está de parabéns. Conseguimos a promoção e o próximo objetivo desta equipa é ser campeã nacional. A estreia no Caixa Futebol Campus foi agradável. Estranhámos um pouco no começo, porque estamos habituadas a jogar noutro local, mas esperamos poder jogar aqui outras vezes."

COMO CONSTRUIR UMA BOA EQUIPA...


"Haris Seferovic foi o décimo segundo benfiquista a vencer a Bola de Prata, troféu instituído por A Bola na época de 1952/20153, juntando-se a nomes importantes como José Águas, José Torres, Eusébio, Artur Jorge, Jordão, Nené, Vata, Magnusson, Rui Águas, Cardozo e Jonas.
No êxito do ponta de lança suíço, elemento descartável do plantel do Benfica no início da época, é possível perceber como o futebol e as verdades absolutas se dão tão mal, e reflectir sobre a velocidade alucinante a que as circunstâncias se alteram.
A inesperada (e justa) ascensão de Seferovic ao trono dos melhores marcadores da Liga portuguesa remete-nos também para uma reflexão sobre o valor de mercado de um jogador, uma ficção apenas aplicável a um determinado momento. Quanto valia Seferovic há um ano e quanto vale agora?
Perante o quadro acima descrito, como devem movimentar-se os clubes no mercado? Deve prevalecer a lógica bolsista de vender em alta e comprar em baixa? Ou, não estando presentes critérios de necessidade desculpante, haverá outro tipo de avaliação, que pense mais no valor do todo do que em cada parcela?
A melhor gestão, no futebol e não só, é aquela que consegue que o valor do conjunto supere o valor da soma das unidades. Por isso, não há medidas com alcance e visão que apenas tomem em conta cada árvore, e esqueçam a floresta. Construir uma boa equipa de futebol não tem a ver com sorte, tem a ver com saber, método e convicções fortes, num determinado rumo a seguir. O dinheiro é importante? Claro que sim. Mas a estabilidade e competência são ainda mais..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PRIMEIRAS PÁGINAS


quarta-feira, 29 de maio de 2019

PRÉMIO DE GOLEADOR NAS MÃOS E MERGULHO NA RECONQUISTA


FUTEBOL
O avançado do Benfica apontou 23 golos na Liga NOS 2018/19 e recebeu A Bola de Prata, troféu atribuído anualmente pelo jornal "A Bola" ao melhor marcador do Campeonato. "Fizemos um trabalho perfeito", afirmou o suíço, em entrevista.
Nas 29 jornadas em que participou na Liga NOS 2018/19, Seferovic fez da grande área adversária o seu espaço de influência e decisão com a camisola 14 do Campeão Benfica, terminando o Campeonato como melhor marcador.
O avançado contribuiu para a Reconquista da equipa benfiquista, com 23 golos, e venceu A Bola de Prata, prémio com que o jornal "A Bola" distingue anualmente o goleador da principal prova nacional. Depois de receber o troféu das mãos do chefe de redação Ricardo Quaresma, o internacional suíço mergulhou no mar de memórias de uma temporada de sucesso coletivo e individual.
RECOMPENSA: A BOLA DE PRATA PARA O GOLEADOR DO CAMPEONATO 2018/19
"É um sentimento muito bom, porque trabalhei muito para alcançar este objetivo e tem também muito significado para a equipa. Fizemos um trabalho perfeito. Todos os avançados gostam de receber este tipo de prémios, de marcar golos para ajudar aos títulos coletivos. Seguramente, vou colocar este prémio num sítio da minha casa onde possa vê-lo todos os dias. A época foi muito boa para mim, fica para sempre na minha carreira. Fiquei no Benfica porque sabia que podia jogar e marcar golos."
23 GOLOS MARCADOS: QUAL O MAIS IMPORTANTE?
"Todos foram especiais e importantes. Por cada golo marcado, a confiança aumentava, mas não tenho nenhum favorito. É difícil marcar golos em Portugal, porque as equipas defendem bem as suas balizas. O Benfica joga sempre para ganhar e não é fácil marcar golos no Campeonato."
REI DOS GOLEADORES SEM PENÁLTIS: HÁ 11 ANOS QUE NÃO ACONTECIA
"Aqui, temos jogadores para bater penáltis: Pizzi, Jonas... São jogadores que já estão há mais anos no Benfica. Gosto de marcar penáltis, mas no futebol é assim: eu tenho respeito por todos os jogadores. Ficando aqui muitos anos, também poderei bater penáltis..."
APOIO E PALAVRAS SÁBIAS DE JONAS
"Não falámos concretamente sobre este troféu, mas, nas conversas regulares que temos, sempre me disse que eu merecia, que ia marcar golos, bastava estar tranquilo e trabalhar. E assim aconteceu. A nossa relação é muito boa, Jonas é uma excelente pessoa, e também tivemos oportunidade de jogar juntos. Claro que gostava que ele ficasse mais um ano no Benfica."
QUANDO É QUE O TROFÉU INDIVIDUAL PASSOU A OBJETIVO?
"Nos últimos dois jogos do Campeonato [Rio Ave e Santa Clara]. Até chegar a esse momento, o meu pensamento era mais no sentido de ver quantos ia marcar... Nos últimos dois jogos, sim, comecei a pensar que poderia vencer este troféu. Se olhava para os golos que o Bruno Fernandes tinha? Não, não via isso. Se eu marcasse, marcava. Não me importava se o concorrente estava mais próximo ou mais 

distante."




MANTÉM A CAMISOLA 14 EM 2019/20 OU PEDE A 9?
"Fico com este número. Estou no Benfica com o 14 e é com ele que quero continuar no Clube. Propostas? Estou contente aqui, tenho tudo o que quero no Benfica. Está bom para mim."
MARCOU COMO NUNCA NA CARREIRA. O QUE MUDOU?
"Agora entendo-me muito bem com os jogadores também dentro de campo. O míster Bruno Lage também me deu muita confiança. Tudo se conjugou para atingir estes números. Se posso fazer melhor? Claro, é sempre possível fazer melhor. Quero estar bem no início da nova época. Agora vamos de férias, descansar, e depois, no regresso, vamos trabalhar para novos objetivos. Número de golos na próxima época? Não, não tenho em mente. Vou entrar na próxima temporada como em todos os jogos, a trabalhar, a ajudar a equipa, e depois no final da época logo vemos quantos fui capaz de fazer."
PRIMEIROS GOLOS CELEBRADOS COM SVILAR
"Sim, Svilar é um bom 'gajo'. Entendo-me bem com ele. Dizia-me: 'Vais marcar golo e vamos comemorar juntos.' E assim foi."
O QUE SENTE QUANDO ESTÁ UM PAR DE JOGOS EM BRANCO?
"É difícil não pensar nos golos quando se está um, dois jogos sem marcar. No final da temporada tive novamente a ajuda de Jonas, que tem muita experiência, e me dizia para estar tranquilo, que estava a trabalhar muito bem e que o golo ia chegar. Acontece com todos os avançados: quando não fazem golos, começam a questionar-se..."
4x4x2 É O MELHOR FATO TÁTICO PARA SEFEROVIC?
"Para mim, é mais fácil com dois avançados, a trabalhar bem. Com um é mais difícil. Todos os treinadores têm o seu sistema. Bruno Lage apostou num 4x4x2 e eu encaixei-me muito bem. Prefiro o 4x4x2, mas isso depende sempre do míster, como ele pretende que a equipa jogue. A mudança de sistema foi boa para nós."
NO INÍCIO DE JANEIRO, O BENFICA ESTAVA A 7 PONTOS DO 1.º LUGAR
"Não era fácil continuar a acreditar. A recuperação era muito difícil, mas demos tudo todos os dias e em todos os jogos, e no final fomos primeiros. É o nosso trabalho."
QUÍMICA COM JOÃO FÉLIX
"Temos uma boa ligação dentro e fora do campo. Entendo como ele joga, e ele sabe como eu quero jogar. Isto é top. Espero que continuemos assim na próxima época. Acho que ele vai ficar aqui mais uns anos. Tem muita qualidade para ser um grande jogador."
RUI VITÓRIA E BRUNO LAGE
"A minha relação com Rui Vitória foi sempre boa. É um treinador que fez um bom trabalho no Benfica. Sempre falámos bem. Quanto a Bruno Lage, para mim é um treinador especial, porque me deu confiança e oportunidade de jogar. 'Treinar muito bem para que se possa jogar muito bem', foi o que pediu."
VIDEOÁRBITRO "CONGELA" EMOÇÕES?
"O jogo agora é diferente. Se marcamos um golo, temos de esperar um pouco, ver se podemos celebrar, porque não sabemos se houve um fora de jogo, uma falta... É mais correto com VAR. O futebol agora é assim, temos de jogar como ele é."
PRONTO PARA A CONCORRÊNCIA NA NOVA ÉPOCA?
"Estou sempre pronto. Depois desta época, ainda mais pronto estou. Se parto na frente? Começa tudo do zero. Vamos trabalhar e logo se vê quem joga. Quem decide é o míster."
MAIS BENFICA NA EUROPA
"Tudo é possível. O Ajax fez uma excelente campanha nesta temporada, nomeadamente na Liga dos Campeões. Nós também podemos fazer. Por que não?"

BENFICA VENCE DÉRBI DE JUNIORES


EMBALÓ E CAMARÁ DERAM CLASSE AO TRIUNFO NO DÉRBI
FUTEBOL
O Benfica finalizou o Campeonato Nacional de Juniores com exibição e resultado categóricos na receção ao Sporting.
Terminou a fase de apuramento do campeão nacional de Juniores. À entrada para a última jornada, o Benfica, com hipóteses matemáticas de ser primeiro, tinha de vencer o Sporting no Caixa Futebol Campus, e fê-lo com exibição e resultado inequívocos (2-0), mas, no outro jogo do título, o FC Porto não derrapou.
Por duas vezes no quarto de hora inicial da partida, Umaro Embaló teve nos pés a possibilidade de ferir as redes do adversário, mas a bola foi sustida pelo guarda-redes Anthony Cruz no primeiro lance (11') e viajou sobre a trave na segunda excelente oportunidade de golo.
À terceira tentativa, porém, Embaló faturou mesmo. Ao minuto 26, dando o devido aproveitamento ao cruzamento de alta precisão executado por Tiago Araújo sobre a asa esquerda do ataque, Umaro surgiu na zona do segundo poste e encostou o esférico para o interior da baliza (1-0). Nesta altura, no Olival, FC Porto e Braga estavam empatados 0-0, mas, pouco depois, os dragões colocaram-se na frente do marcador.
Na cobrança de um livre direto à entrada da grande área, Ronaldo Camará, aos 37', vislumbrou a hipótese de dar mais conforto à equipa benfiquista, mas o pontapé falhou o alvo por pouco. Ao intervalo, 1-0 era o resultado nos jogos no Caixa e também no Olival.
Celton Biai, com uma excelente defesa com a perna direita, brilhou aos 49' perante um disparo de Bernardo Sousa na área, impedindo o Sporting de igualar o dérbi. Em resposta imediata (50'), o Benfica criou uma ocasião clara para fabricar o 2-0, mas a bola rematada por Tiago Dantas espirrou, primeiro, nas pernas de um defensor leonino quase em cima da linha de baliza e embateu, depois, no poste direito.

Já com Gonçalo Ramos e Kevin Csoboth em campo, Ronaldo Camará, num vólei perfeito na área com o pé direito, valorizou o passe de Tiago Dantas (assistência) e rubricou um golaço aos 58', elevando a contagem para 2-0. A luta pelo título passava por dois campos e, volvidos poucos minutos, novo golo no Olival para o FC Porto.
As águias controlavam os acontecimentos e foram criando e aproveitando espaços para carregar sobre a área sportinguista, com o intuito de alargar a diferença no resultado. Aos 84', Gonçalo Ramos, num movimento de rotação, foi derrubado dentro da área leonina, mas o árbitro não assinalou o pontapé de penálti. O marcador não voltou, no entanto, a mexer: 2-0, triunfo dos encarnados.
A equipa orientada por Luís Nascimento, que termina na 2.ª posição, foi a que mais golos marcou na fase de apuramento de campeão (44) e a que menos golos sofreu (11), neste capítulo a par do FC Porto.
Onze do Benfica: Celton Biai; Tomás Tavares, Pedro Álvaro, Gonçalo Loureiro e Nuno Tavares; Francisco Saldanha, Tiago Dantas e Ronaldo Camará (Ricardo Matos aos 78'); Umaro Embaló, Tiago Araújo (Kevin Csoboth aos 57') e Vasco Paciência (Gonçalo Ramos aos 53').
Suplentes: João Monteiro, João Ferreira, Henrique Jocu, Gonçalo Ramos, Rodrigo Conceição, Kevin Csoboth e Ricardo Matos.
CLASSIFICAÇÃO 2.ª FASE – APURAMENTO DE CAMPEÃO
Posição Equipa       Jogos  Pontos Golos
1.º        FC Porto       14        37      32-11
2.º        SL Benfica    14        36      44-11
3.º        Sporting        14       18       27-29
4.º        SC Braga      14       17       24-23
5.º        Leixões         13       16       15-19
6.º        Tondela         13       12       11-26
7.º        Gil Vicente    13       10       14-25
8.º        Alverca         13        7         11-30

VITÓRIA NO DRAGÃO CAIXA


ÁGUIAS IMPUSERAM-SE NO ÚLTIMO CLÁSSICO
ANDEBOL
Benfica venceu no reduto do FC Porto na derradeira jornada da fase final do Campeonato Nacional de andebol.
A 10.ª e última jornada da fase final do Campeonato Nacional de andebol teve como jogo de cartaz o clássico que levou o Benfica a encarar o FC Porto no Dragão Caixa. A equipa orientada por Carlos Resende fechou a campanha com uma vitória por 31-34.
O conjunto benfiquista não se atemorizou nem encolheu perante um início de jogo positivo do adversário e, golo a golo, nivelou o resultado, passou para a frente e, com uma excelente finalização de Nyokas, chegou aos 10' na liderança por 5-7.

A agressividade defensiva, o desempenho de Borko Ristovski na baliza e a eficácia de Nuno Grilo, Nyokas, Pedro Seabra e Paulo Moreno na concretização dos ataques foram fatores que conduziram o Benfica a uma vantagem de seis golos à passagem do minuto 23: 10-16.
Os portistas alteraram a forma de defender e atenuaram a diferença, mas o primeiro tempo terminou com João Pais, na linha de sete metros, a marcar mais um para o Benfica e a fixar o 16-20 ao intervalo.
As defesas, de parte a parte, foram mais fortes do que os ataques no recomeço do encontro, mas essa superioridade foi contrariada com o decorrer dos minutos. Competente na proteção da sua baliza, onde Miguel Espinha também mostrou as suas qualidades, e mortífero na resolução das ofensivas (rápidas ou elaboradas), o Benfica alcançou sete golos de vantagem aos 38': 18-25.
Os anfitriões replicaram, mas a aproximação no score (diferença de quatro golos aos 43') foi combatida. O Benfica voltou a engrenar e aos 50' vencia por 24-31.
A superioridade foi gerida na fase final do desafio, com as águias a triunfarem por 31-34 diante do campeão nacional e a concluírem a prova na 3.ª posição.
Formação inicial do Benfica: Borko Ristovski, Davide Carvalho, Pedro Seabra, Paulo Moreno, João Pais, Nuno Grilo e Ricardo Pesqueira.
Marcadores: Nyokas (8), Paulo Moreno (7), Nuno Grilo (6), Pedro Marques (4), Ricardo Pesqueira (3), João Pais (2), Fábio Vidrago (2), Davide Carvalho (1) e Belone Moreira (1).

CONCEIÇÃO NÃO ESTEVE À ALTURA


"Bruno Lage colocou em cima da mesa uma sugestão desafiante e que tem a ver com o convite a uma mais saudável relação entre as pessoas do futebol

Bruno Lage é o treinador do momento e esse papel de actor principal em filme que é um sucesso de bilheteira justificou-o não só pela qualidade do seu trabalho, mas também pelas cores alegres com que pintou o futebol, conseguindo em tão pouco tempo mostrar à saciedade que a força da razão não se avalia nem pela intensidade no tom, nem pela boçalidade no discurso.
É genuíno na palavra, como julgo ter ficado amplamente demonstrado no recente encontro com os jornalistas, onde se falou sobre os temas propostos, em jeito desarrumado, próprio de quem expele as ideias em função dos desafios que lhe lançam, com entusiasmo, sempre, mas igualmente com elevação. Às vezes ainda sai um gajo, mas com a ajuda de Ricardo Lemos, o seu amparo na comunicação, promete ser aluno diligente.
Fala com o prazer e a graça de quem se sente feliz pelo que faz e como faz, sem se preocupar por revelar uma ingenuidade que lhe assenta bem, na medida em que se apresentou como é, respondeu pela sua cabeça e, em tão pouco tempo de vida como treinador principal, teve a virtude de colocar em cima da mesa uma sugestão desafiante e que tem a ver com o convite a uma mais saudável relação entre as pessoas do futebol. Foi muito interessante da parte dele e creio que a maioria dos treinadores deste país se revê nessa necessidade de mudança, de acabar com preconceitos que não deviam já ter cabimento numa sociedade civilizada.

Lage obedeceu à sua sinceridade e foi ousado ao trazer à colação o exemplo inglês para sublinhar os méritos do FC Porto, com especial realce para Herrera, sobre o qual afirmou: «O Herrera faz tudo, constrói, cria, pressiona, marca, corre 90 minutos. Foi o jogador que mais me impressionou, dá uma dimensão muito grande ao FC Porto».
Uma posição tão singela quanto esta, de se referir a um adversário com elegância, foi o bastante para alertar o treinador do Benfica para os pregos que lhe vão colocar no caminho.
Num espaço de comentário ouvi quem se tivesse sentido ofendido por Lage ter elogiado Herrera e ignorado Bruno Fernandes, sinal de quem não leu a entrevista e não percebeu o contexto e ainda de quem não tem memória porque três dias antes o mesmo Lage, traído por inocente impulso, convidara Fernando Medina a pronunciar o nome do Sporting quando, no seu discurso e com mil cuidados, o presidente da Câmara de Lisboa desejou «nova conquista de clube da cidade já no próximo fim de semana na final da Taça de Portugal». A bonita recepção aconteceu ontem.

Quem ficou mal na fotografia foi Sérgio Conceição o qual, confrontado com as palavras de Bruno Lage, em concreto sobre Herrera, poderia ter reagido de diversas formas, mas optou por uma dispensável e reprovável. Não pelo que afirmou, mas como afirmou («Quero lá saber do treinador do Benfica! Vim disputar uma final»), com enfado, sobranceria e desconsideração, em obediência a um temperamento de que orgulhosamente se gaba.
Na pré final foi assim, sem sobressaltos, mas no pós o ambiente ficou frenético. Sérgio Conceição perdeu e todos sabemos que não gosta de perder, se é que há no mundo treinador que goste de ser derrotado. Entrou em descontrolo emocional e feriu a imagem do emblema que representa na Tribuna de Honra, ao exceder-se na presença das mais altas figuras do Estado e do seu próprio presidente, o qual, aprecie-se ou não a pessoa e o estilo, em matéria de representação do FC Porto, seja a que nível for, tem uma noção de dever irrepreensível.
O treinador portista devia ter cumprimentado o presidente do Sporting, por cortesia protocolar, mesmo que se esteja lixando para o protocolo. Depois, mais calmo, em conferência de Imprensa, daria as explicações que julgasse convenientes, desabafando e assumindo não ter feito o que gostaria exactamente por não querer envolver o nome do clube numa atitude cuja responsabilidade lhe pertencia por inteiro. Dizer-se que reage com esta truculência por causa da azia, que a todos ataca nas derrotas, parece-me de menos. A realidade é outra: esta época o treinador do FC Porto não esteve à altura dos treinadores de Benfica e Sporting. O futebol é assim: imprevisível, fascinante, arrebatador!

Nota final - Os adeptos leoninos devem tratar Marcel Keizer com carinho porque os títulos não se compram na pastelaria, com mais ou menos creme. O treinador holandês ganhou mais em seis meses do que Jorge Jesus em três anos (Taça da Liga e Taça de Portugal contra Supertaça e Taça da Liga) e por muito menos dinheiro..."

Fernando Guerra, in A Bola

EM REDOR DO 37. E DA TAÇA


"Como é pavlovianamente explicável, cada vez que o Benfica ganha um campeonato, lá surge uma catadupa de 'justificações'...

1. No rescaldo do título nacional, três intervenções mediáticas com três titulares do 37: o administrador Domingos Soares de Oliveira, o treinador Bruno Lage e o jogador João Félix. Todas significativas, objectivas e explicativas. O primeiro, na TVI, com competência, rigor e sentido estratégico. O segundo, numa inovadora conferência de imprensa, com a grandeza da simplicidade, a virtude da serenidade eloquente, a exemplaridade contagiante. O terceiro, na BTV, com a genuinidade juvenil, a alegria transbordante e a demonstração plena de que é possível juntar talento e divertimento no seu trabalho. Pela palavra e pelos paradigmas, não poderiam ter sido melhores os dias pós-título. Obrigado!

2. Entre 2003 e 2009 houve uma espécie de troféu honorífico chamado 'Taça BES' atribuída ao primeiro classificado dos jogos entre os chamados grandes. entretanto, foi-se o BES das taças e foi-se a Taça BES. Nas suas seis edições, nunca o Benfica a ganhou, sendo o FC Porto o quase totalista vencedor. Este ano a Taça (agora virtual) foi categoricamente conquistada pelo Benfica (a três e a quatro se juntarmos o SC Braga). Foi nestes jogos que o SLB edificou a vitória final. De facto, entre eles, o meu clube perdeu apenas 2 pontos (empate na Luz, contra o SCP), tendo desperdiçado 13 contra equipas abaixo da metade da tabela ou despromovidos: 3 com o Beleneneses SAD, 3 com o Moreirense, 3 com o Portimonense e 2 com Chaves na 1.ª volta e só 2 com o Belenenses SAD na 2.ª volta. Já agora, não tendo havido a taça BES, registe-se que, quanto aos Bês, também ficámos à frente de todos os outros B, sendo parte da competição ainda com Bruno Lage à frente do plantel.

3. Como é pavlovianamente explicável, cada vez que o Benfica ganha um campeonato, lá surgem uma catadupa de justificações para se concluir que as suas vitórias não tiveram merecimento. Nesta década de maioria encarnada quanto a campeonatos ganhos, é fartar vilanagem quanto a abstrusas vias para os tentar (em vão) denegrir.
Neste contexto, a palavra narrativa - ora repristinada e metamorfoseada - tomou novas dimensões diante do campeonato 37 do Benfica, depois de andar por aí, primeiro, na visão socrática (não me refiro ao filósofo grego), depois, mimeticamente perante tudo e nada, certo e errado, verdadeiro e falso.
Diz o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa que narrativa significa literariamente «testo em que se conta um facto reais ou imaginários, que decorrem num espaço e tempo determinados e em que intervêm personagens», ou seja, sinónimo de «conto», «história» ou «romance».
Pois o que é que temos ouvido e lido à saciedade por causa do 37 encarnado e proclamado como sentença transitada em julgado por despeitados derrotados? Uma interessante narrativa baseada numa posologia de 50% de fantasia e 50% de amnésia a que se acrescenta o excipiente onírico conforme o jeito e o fingimento.
Já sem argumentos extra-futebol e sem catões reais ou figurados, esta narrativa baseia-se, no essencial, em invocados «erros inacreditáveis» (sic) dos árbitros nos três jogos ganhos pelo Benfica fora de casa, a saber, Feirense, SC Braga e Rio Ave. Num passe de mágica, parte-se dos tais reclamados erros arbitrais para uma conclusão tão precipitada, como indemonstrável: a de que o Benfica teve mais pontos dos que o que teria sem eles. Bem sei que o desejo atrofia, por vezes, a racionalidade. Mas vejamos: contra o Feirense reclamou-se que foi mal anulado um segundo golo festa equipa que a colocaria a vencer por 2-0. Sobre o lance já tudo foi dito: é admissível supor que não houve fora-de-jogo, como o seu contrário, sabendo-se, porém, que foi o árbitro assistente que o assinalou e, em boa verdade, dificilmente o VAR o poderia contrariar com absoluta certeza. Curioso é comparar a reacção perante este lance e a do golo invalidado por pretenso offside ao Benfica na meia-final da Taça da Liga, precisamente contra o Porto. Ou ainda o silêncio comprometedor perante a validação do golo de Herrera no fim do jogo na última jornada contra o Sporting. Felizmente, neste caso, o Benfica já estava campeão. Imagine-se o que teria sido esta validação caso, por mero absurdo, o Benfica tivesse perdido contra o Santa Clara. Mas voltando ao hipotético 2-0 do Feirense (aos 20 minutos), nada garantiria que o Benfica não ganhasse o jogo (bastava-lhe marcar menos 1 golo dos 4 que marcou...).
Contra  o SC Braga, as baterias apontaram ao penálti assinalado sobre Félix, numa altura em que o Benfica perdia por 1-0 através de um penálti tão discutível como aquele. Também aqui recordo que nada garantiria que o Benfica não vencesse, tal foi a demolidora exibição na segunda parte, onde, para não variar, se marcaram não 1, não 2, não 3, mas sim 4 golos. Não quero, porém, omitir a questão da eventual expulsão perdoada de João Félix, que, na verdade seja dita, poderia vir a alterar o rumo do desafio. Mas já agora e em jeito comparativo, que dizer de faltas de Filipe e Militão no jogo FCP-SCP (sobretudo a do primeiro, bem mais evidente à vista desarmada do que o caso de J. Félix) que, porém, não foram expulsos pelo incontornável Fábio Veríssimo (por coincidência, um dos árbitros que estava na macro-lona exibida no Dragão!). Aqui não há registo na memória, apesar de tão recente no tempo?
Finalmente, o jogo em Vila do Conde. Ainda que tenha dúvidas sobre o lance do segundo golo do Benfica (Seferovic não atirou à baliza, fez antes um passe para Pizzi, o guarda-redes do Rio Ave interceptou-o - coisa diferente de fazer uma defesa - e deixou a bola à mercê de João Félix), aceito, sem problemas, que o fora-de-jogo deveria ter sido assinalado. Acontece que tanto quando se pôde constatar, ninguém no campo, na narração e comentários, e nos adversários, contestou o golo pelo offside. Os protestos advieram de uma reclamada falta de Florentino não assinalada (em Inglaterra não se marcaria...). Aceitando-se a marcação da infracção, é indiscutível que teria de ser fora da área, ou seja, um livre e não uma grande penalidade. Logo, mesmo com o golo anulado, o Benfica iria muito provavelmente para o intervalo a ganhar por 1-0. Como se pode daí retirar que o Benfica perderia o jogo?
Há um ponto coincidente em todos estes casos: o de erros, factuais, virtuais, imaginários ou desejados, terem acontecido muito antes do fim dos jogos, donde não se pode concluir inapelavelmente sobre um qualquer resultado final. O mesmo não se pode dizer de alguns jogos do Porto, em que houve erros praticamente no fim das partidas. Exemplos: O FCP ganhou ao Belenenses por 3-2 na última jogada através de um penálti oferecido; não é assinalado um penálti favorável ao SC Braga que poderia ter dado o 0-3 já nos minutos finais; um penálti perdoado a Brahimi sobre Rochinha, também no Bessa, com o resultado em 0-0 a 19 minutos do fim. Isto para não falar de algumas expulsões poupadas, como as que atrás referi ou a que deveria ter acontecido em Setúbal com o resultado ainda em 0-0. Aliás, neste domínio, o FCP foi a única equipa que ao longo de todo o campeonato não teve nenhum jogador expulso, nem que fosse duplo cartão amarelo (se exceptuarmos a expulsão de Corona no fim do jogo da última jornada). Ao invés, o Benfica foi, depois do Tondela e Rio Ave, quem sofreu mais expulsões (2 por acumulação de amarelos e 5 directas!).

Taça de Portugal
Na prova-rainha (nome certamente e erradicar pelos polícias de ideologia de género, dada a discriminação face ao campeonato-rei), a tradição ainda é o que era. Não porque os jogadores tenham cantado o hino nacional (só três eram portugueses na apresentação das equipas: Danilo, Bruno Fernandes e Bruno Gaspar). Mas porque o Sporting venceu pela enésima vez o Porto nos penáltis decisivos. A cidade de Lisboa fez o pleno. Fernando Medina tem de aumentar o Orçamento da CML para tantos Santos António em versão vermelha e verde. O clube leonino fez uma época bem acima das expectativas depois do dia negro em Alcochete. Deve por isso ser felicitado, bem como o seu educado técnico Marcel Keizer. Ao contrário de Sérgio Conceição na tribuna, ainda que, para alguns comunicadores de serviço, seja uma questão de feitio e não um defeito. E, desta vez, não se notaram as sempre tão prestimosas e elegantes notas de F.J. Marques. É que não jogava o Benfica, claro está...

Contraluz
- Bola de Prata da II Divisão: Aos 38 anos de idade, Jorge Pires (Penafiel), com 16 golos! Um jogador que passou por mais de 10 clubes ao longo da sua longa caminhada e que já havia sido o melhor marcador daquela divisão também no Portimonense.
- Pronúncia: O sportinguista Mathieu, que fez uma enorme exibição na Taça, renovou por mais um ano. Não se tratando de um nome cazaque, chinês ou esquimó, mas sim francês, custa ouvir profissionais dos media chamar-lhe «Matiô» ou «Matiú», em vez do correcto «matiê» (um e bem fechado). Se na próxima época insistirem no erro, sugiro que Mathieu mude o nome para Mathiau..."

Bagão Félix, in A Bola

PRIMEIRAS PÁGINAS


terça-feira, 28 de maio de 2019

CONQUISTAR, DECIDIR E AFUNDAR


"Conquistar
Conquistar já não tem desde há muito o significado bélico que no tempo do fascismo ensinavam aos alunos na escola. No entanto, Game of Thrones, ou, em português, Guerra dos Tronos, é das séries de televisão com maior audiência.
Isto só vem provar que se mudam os nomes, mas não se mudam as vontades!
Existe em todos nós uma vontade de sermos 'agradecidos e recompensados', pelo que consideramos os nossos méritos, que na maioria das vezes não o são.
No momento em que escrevo este artigo, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) considerou que as classificações dos árbitros e árbitros assistentes da I Liga e II Liga em 2017/18 são ilegais. Ora, desconhece-se o citado acórdão salvaguardou efeitos jurídicos já produzidos, nomeadamente que os árbitros que agora viram a sua classificação mudada não tinham competência para arbitrarem jogos que entretanto apitaram.
Este tipo de preservação de efeitos jurídicos é um principio jurídico universal, e por isso espera-se que o mesmo tenha sido salvaguardado. É que, caso não o tenha sido, podemos ter aqui um problema quanto ao nosso título, que foi obtido de forma totalmente legítima, justa e merecida. E os 'lobos' espreitam tudo para comer a carne!
A conquista do 37.º título por parte do SL Benfica deverá resultar num encaixe de, pelo menos, 70 milhões de euros, com a entrada directa na Liga dos Campeões, a verba relacionada com o mercado televisivo de cada clube, aumento da receita de bilheteira e de marketing, assim como os contratos comerciais e de patrocínio.
(...), as receitas do Benfica desde 2009/2010 até 2017/2018.
(,,,), apenas as receitas dos prémios das competições europeias. A melhor época foi 2015/2016, e a pior foi 2008/2009. Não temos ainda dados da época 2018/2019.
Se o melhor resultado até agora foi na ordem dos 35 milhões de euros, e se a previsão para a époac de 2019/2020 é de 70 milhões no mínimo, acho que está tudo dito.

Decidir
Decidir nos tempos que correm é realmente das coisas mais difíceis de fazer.
Ele é porque surge logo uma chuvada de críticas, que criticam não sabem bem o quê, ele é pelos anticorpos que se criam pela mais pequena coisa, gerando imediatamente reacções de ódio e inveja, seja mesmo pela estupidez humana, que entre outros encontramos bem explicada no livro História Natural da Estupidez!
Por essa razão, sempre admirei quem tem os ditos no sítio para tomar decisões e, mais corajosamente ainda, para assumir que as tomou e dar a cara por essas decisões.
Um decisor sabe que ao tomar uma decisão arrisca toda a sua vida e a sua credibilidade, mas em nome da instituição toma-a, obviamente pensando ser a mais acertada, e a verdade é que foi mesmo.
É bom que ninguém esqueça quem teve coragem de assumir decisões e enfrentar oposições dominadas pelo ódio e pela inveja e, claro está, pela estupidez. É bom que ninguém esqueça que quando um navio se está a afundar, existe um comandante que fica lá, para tentar salvar o navio. É bom que nenhum de nós tenha memória curta e veja o que tem vencido nestes anos todos pelo facto de ter um comandante com 'eles no sítio'! Esquecer é feio, muito feio, para não dizer estúpido!

Afundar
Sabem o que é afundar?
Não, não é o que os basquetebolistas costumam fazer quando saltam para o cesto. É antes um grande clube português ter de ficar sem meio plantel para poder cumprir o financional fair play. Isso é que é afundar!"

Pragal Colaço, in O Benfica