sexta-feira, 8 de junho de 2018

"TEMOS AS MELHORES CONDIÇÕES PARA TRABALHAR"


O treinador Carlos Resende fez o balanço, à BTV, da sua primeira época ao comando da equipa de andebol do Benfica.
Fruto de uma brilhante prestação do coletivo benfiquista, 2017/18 findou com um sucesso na segunda maior prova do calendário nacional.
O último desafio de 2017/18 acabou com a conquista da Taça de Portugal. Este foi o final de época desejado?
O último jogo coincidiu com a conquista de um troféu. A temporada terminou como gostaríamos que tivesse terminado, pese embora ela não tenha sido toda como nós queríamos. Naturalmente por nos ter dado um troféu a nossa mente pode ficar um bocadinho enganada por esse facto. A verdade é que se fizermos o balanço da época ela não foi totalmente satisfatória, porque nós poderíamos e deveríamos ter feito melhor no Campeonato Nacional e, da mesma forma, na Taça EHF.
O que é que mudou nesse jogo da final com o Sporting em relação aos quatro dérbis anteriores?
Eu diria que a grande diferença dos jogos frente ao Sporting foi, talvez, a assertividade defensiva que nós tivemos e essa foi marcante. Aliás, a sublinhar isso está a primeira parte que fizemos nesse último jogo em que apenas sofremos 10 golos. Foi um registo que não teve equivalência durante a época. Tivemos também uma maior eficácia na finalização.
Qual foi a sensação de conquistar o seu primeiro troféu pelo Clube?
É sempre bom ganhar. Eu gosto muito de vencer e o momento de jogo que leva a essa vitória é para mim um momento que me dá muito prazer, mas que depois termina. Agora a minha preocupação é preparar a próxima época, fazer com que de alguma forma possamos ganhar mais na temporada seguinte.
No final da partida disse que ninguém mais do que os jogadores mereciam ganhar este troféu. Que valor teve essas palavras?
Foram palavras perfeitamente genuínas na medida em que, se calhar, ainda penso mais como jogador do que como treinador. Os atletas são a parte mais visível do jogo. São eles que decidem, que evitam e marcam golos e, dessa forma, são eles que merecem o nosso destaque. Já chega os treinadores terem esse destaque quando os resultados não são tão bons. Os atletas são o melhor que o desporto tem. Nós, os técnicos, somos, por assim dizer, apenas o backstage.
Carlos Resende
Que influência tiveram na equipa as lesões que impediram atletas de dar o seu contributo até ao final da temporada?
Quando contratamos um atleta fazemo-lo sempre a pensar que ele vai ser muito importante. O facto de termos um atleta da qualidade do Stefan Terzic e não o podermos utilizar durante a época toda é claro que é algo que não nos satisfaz. Também sabemos que as lesões são algo que acontecem em todas as épocas desportivas. Ainda por cima o andebol é uma modalidade com algum contacto físico e onde os traumatismos são perfeitamente possíveis de acontecer.
Nesse sentido também ficámos sem o Fábio Vidrago, que não pôde jogar na fase final, mas foi a oportunidade de o Tiago Ferro, que é outro atleta da formação, entrar e dar uma ajuda boa. As lesões são um mal porque não vamos contar com esses atletas, por outro lado são janelas de oportunidades que se abrem a outros. Eu gosto mais de ver sempre as coisas pelo aspeto positivo do que pelo aspeto negativo, por isso é que nunca me queixei nem me vou queixar das lesões.
No Campeonato o Benfica foi 2.º classificado. Que análise global é que faz à prestação na prova?
Se pudéssemos extrair da nossa competição os encontros que realizámos, em especial os dois em casa, com o Sporting, o resto da época eu diria que foi fantástica. Não pelos resultados em si, mas pelas exibições e pela forma como as pessoas nos avaliaram jogo a jogo. Por outro lado, o aspeto negativo foram essas duas derrotas em casa. Se não tivessem acontecido, talvez hoje estivéssemos a falar de outros títulos.
Da primeira fase para a fase final a equipa ascendeu um lugar. Isto quer dizer que foi melhor?
Nós fizemos dois ou três dos nossos melhores jogos na parte final da época. Quando se muda alguns jogadores e um treinador é normal que a equipa possa crescer. Na fase mais importante da época a equipa deu uma boa resposta e eu, como treinador, fiquei satisfeito com essa parte.
Carlos Resende e Hugo Figueira
Em termos europeus que balanço faz à prestação na Taça EHF?
Tem de ser uma análise negativa, pese embora a equipa [Gwardia Opole] que nos afastou na 2.ª eliminatória tenha lutado nas meias-finais do campeonato polaco e tenha sido eliminada por uma formação que luta de forma permanente pelo título. Mesmo assim poderíamos e deveríamos ter feito muito melhor.
Foi uma semana em que falhámos 29 remates em frente ao guarda-redes. É impossível ganhar um jogo, neste caso dois, quando se falha assim tanto. Na próxima época queremos passar a fase de grupos na Taça EHF.
No global o que é que de mais positivo existiu na época toda?
O mais positivo foi a empatia que os jogadores revelaram uns com os outros. O grupo é muito engraçado, são bons miúdos e essa proximidade entre eles ao longo de toda a época foi muito positiva. O jogo de que eu mais gostei foi o que fizemos em casa do Avanca na fase final. É claro que os holofotes ficam todos virados para as partidas com o Sporting e com o FC Porto, mas eu diria que esse foi o nosso melhor encontro.
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Quais foram as melhores sensações para o Carlos Resende como treinador do Benfica?
Uma coisa que fui sempre sublinhando ao longo de todo o ano com os atletas foram as excelentes condições de trabalho de que nós aqui dispomos. Aliás, quando me perguntaram no início da época se queria fazer algum estágio, se queria sair do nosso espaço, eu disse que não.
Nós temos as melhores condições para trabalhar e não tem sentido não usarmos aquilo que temos. Estas condições de trabalho estão ao nível de um punhado muito reduzido de equipas no mundo. Este é um facto positivo a manter e, se possível, desenvolver.
Quais são as expectativas para a próxima época?
Todas as temporadas têm as suas dificuldades. Estamos a desenvolver a nossa equipa e, com certeza, que na próxima temporada ela será francamente mais forte. Vejo motivos para isso, desde logo porque os nossos atletas têm mais um ano de experiência, têm mais um ano de trabalho em conjunto e se, por exemplo, tivermos o Stefan Terzic recuperado, temos mais um atleta. Aquilo que é importante é que iniciemos a época com muita vontade de vencer. Isso é crucial.
Davide Carvalho

Aposta em atletas made in Benfica

Vários jogadores formados no Benfica estiveram em evidência. É um reflexo do que se pretende para o futuro?
O que dissemos no início do ano é que o nosso objetivo passava por ganhar títulos formando e utilizando jogadores da formação. Infelizmente, nem tudo conseguimos. Utilizámos jogadores da formação, mas só ganhámos uma competição. Temos de continuar a trabalhar para que esta união seja cada vez maior.
Há uma boa probabilidade de a nossa equipa de juniores se sagrar pela terceira vez consecutiva campeã nacional. Mais do que serem campeões na formação o que importa é saber onde é que esses atletas estarão daqui por dois, três ou quatro anos. É nossa intenção continuar a investir na formação e investir da melhor forma, para que no futuro possamos utilizar esses atletas ao mais alto nível.
Carlos Resende
Os jogadores da formação deram-lhe a segurança necessária nos jogos de risco mais elevado?
Sim. São atletas jovens, mas em alguns casos já com uma experiência competitiva muito elevada. Foi muito giro ver um guarda-redes como o Miguel Espinha a entrar e a cumprir de uma forma muito interessante aquilo que lhe pedíamos. Jogou o encontro todo da meia-final da Taça. O Francisco Pereira teve a oportunidade de entrar em momentos em que o jogo até não estava tão fácil e ele aguentou-se perfeitamente.
O Davide Carvalho é da formação do Benfica, mas já tem uma experiência maior. Foi talvez o jogador que jogou mais tempo. Depois há jogadores como o André Alves, o João Pais ou o Paulo Moreno, que jogou muito tempo durante todo o Campeonato. Para além de ser jogador, o Paulo Moreno é também o capitão de equipa. É um dos expoentes máximos daquilo que o Benfica produziu em termos de atletas na formação.

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