sexta-feira, 24 de maio de 2019
MELHOR QUE ESTE SÓ O DE TRAPATTONI
Este foi de todos os títulos do século XXI (com excepção do conseguido com Trapattoni, porque havia uma década sem ganhar) aquele que soube melhor. Melhor porque foi dos mais justos, melhor porque foi conseguido com arbitragens a inclinarem o campo desde o início e melhor porque foi contra estratégias torpes a tentarem condicionar fora do campo. Alguns dos títulos conseguidos por Jorge Jesus tiveram um futebol mais exuberante, mas ganhar um título depois de ter sete pontos de atraso e uma segunda volta impossível pela frente, deixa os adeptos em delírio e os adversários em desespero. Nunca tinha acontecido uma derrota com tanto estrondo e uma vitória com tanto merecimento. Bruno Lage é destinatário obrigatório da maioria dos elogios quando se falar no 37. A qualidade do seu treino, a simplicidade da sua comunicação, a elegância da sua postura e a grandeza da sua conquista são património apenas seus, para desespero dos reis do azedume e dos imperadores do ódio. Este título tem tanto mais valor quando é alcançado contra o segundo melhor FC Porto dos últimos seis anos, contra um rival muito bem treinado e contra um campeão em título. A nossa alegria é controlada, porque só ganhamos cinco dos últimos seis a nos e sabemos que é possível fazer melhor. O nosso comparativo só é internacional: o Bayern, na Alemanha ou a Juventus na Itália, não ganham sempre, mas ganham quase sempre. O Benfica vai a caminho, com a consciência do muito que ainda falta fazer e a certeza que nada nos será fácil. Quando Félix saiu para dar lugar a um Jonas a chorar, quando Lage festejou com a camisola de Jaime Graça 37 levantada, quando Rui Costa um a um abraçou e beijou os heróis do campeonato no fim do jogo, todos percebemos que «o futebol tem uma história»porque«só nós sentimos assim».O nosso amor ao Benfica é tão grande que fica pouco espaço para o ódio, a nossa paixão pelo nosso emblema é tão genuína e autentica que fica pouco espaço para o azedume. Por isto mesmo enquanto milhões festejavam no Marquês e em centenas de outros pontos espalhados pelos cinco continentes, um punhado de caricaturas faziam papel deles mesmos. Para nosso gáudio, o ridículo deles e a diferença de todos.
Sílvio Cervan
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