sexta-feira, 1 de novembro de 2019

BENFICA E FC PORTO



"Ontem, em qualidade de rendimento, inversão da tendência de 2 meses. Não só, mas muito, graças a Chiquinho-Chicão-quiça a solução...

São, claramente, superiores a toda a concordância nacional. Entre si partilham todas as conquistas de campeonato desde há 17 anos (!); e nem um cêntimo alguém apostará contra a generalizada convicção de que apenas entre eles se irá decidir a maratona até ao próximo título... Entraram nesta jornada como líderes, já bem longe de Sporting (7 pontos) e de SC Braga (10), tradicionalmente os seus competidores menos distantes. E, no entanto, Benfica e FC Porto não têm, nesta época, convencido quem quer que seja de estarem em boa forma... - resultados na Europa são fiel espelho de como andam periclitantes.

Ontem, o FC Porto tropeçou na visita ao Marítimo e o Benfica, em casa, goleou o Portimonense, penso que fazendo a sua melhor exibição em 9 jornada. Inverteu-se a tendência dos últimos dois meses, em qualidade de rendimentos. O FC Porto, que não mal começou (derrota em Barcelos, incrível KO na Champions às mãos do Krasnodar!), parecia a caminho de afinar agulhas, enquanto o Benfica se desafinava em derrapagens, e ameaças delas, desde que, na Luz, pelo FC Porto foi triturado.
Perante Marítimo na 2.ª metade da classificação, mas a ressurgir (muito boa 1.ª parte), o FC Porto, massacrante na ponta final, voltou a ficar longe, na concretização, das oportunidades de golo que constrói. O Benfica de ontem transfigurou o seu onze: banco de suplentes para Ferro, Florentino, Pizzi, Taarabt, Seferovic (Tomás convocado, mas indo para a bancada). Chicotada? Não creio. Gestão de desgastes. Quanto a mim, a notória melhoria deveu-se à entrada de Chiquinho, um Chicão neste adeus a longa baixa clínica. E também a Vinícius, que vai agarrando oportunidades para se afirmar como goleador. Mas, convenhamos, o antepenúltimo classificado não foi grande teste...

Benfica: que se tem vindo a passar para tamanha distância do brilho na 2.ª volta do anterior campeonato? Até o sólido discurso do campeão Bruno Lage levou sumiço, passando a ver boas exibições onde todos vimos o oposto!
Penso que várias coisas, algumas quiça internas, não claramente visíveis no exterior, explicarão Benfica baralhado. Fico-me pelas de ordem técnica/táctica (catadupa de lesões, já uma dúzia!, desajudam; e não opino sobre se são puro azar).
À cabeça, obviamente, ter ficado sem a classe de Jonas (tão decisivo nos anteriores títulos!) e sem o talento do menino João Félix, a chave mestra que Bruno Lage tirou do bolso para suprir lesões de Jonas - também no plano táctico... - e abrir portão à fantástica reviravolta. Tão graves perdas teriam reparação muito difícil. Mas o Benfica, mesmo dispondo de enorme/inédita margem financeira (mais de €200 milhões encaixados, incluindo garantia de Champions!), muito falhou na busca de soluções - pelo menos, no imediato; veremos se os €37 milhões aplicados em Raul de Tomas e Vinícius acabarão por se justificar. Acresce: tendo o 4-4-2 deixado de funcionar bem - sistema de Jesus e de Vitória nos 4 títulos consecutivos, parcialmente recuperado por Bruno Lage -, pois Jonas e Félix foram preciosos na estratégia de 2.º ponta de lança jogando entre linhas e nem Tomas, nem Taarabt (tornou-se mais n.º 8 do que n.º 10 ou 9 e meio), nem Vinícius (vejo-o como alternativa a Seferovic) são dali... que tal não insistir nesse modelo? Inclusive porque desaparece o efeito surpresa, todos os adversários já sabem como o Benfica joga (bloqueio a Pizzi-Rafa é crucial), Bruno Lage foi insistindo, até tentar variante com Rafa pela zona central; e logo se lesionou. Chiquinho é a solução, no mesmo esquema táctico? Quase de certeza, a melhor - e não só pelo que mostrou ontem..

FC Porto (para lá desta escorregadela...): ao contrário do Benfica, foi ao mercado com eficácia... impressionante! Parecia pouco menos do que impossível substituir, a preceito, mais de meia equipa: Casillas, Felipe, Militão, Herrera, Óliver, Brahimi! Chegaram, e pegando de estaca, Marchesín, Marcano (regresso), Uribe, Díaz, José Luís, Nakajima. Foi obra! E, muito importante, mantém-se versatilidade táctica...; também pelas características dos jogadores, Sérgio Conceição muda 4-3-3 em 4-4-2, e vice-versa, com perna às costas, até no mesmo jogo e, amiúde, sem precisar de substituição. Ou como o FC Porto ganha, e de largo, na prospecção de reforços (tema aprofundável noutro dia). Prosseguindo como equipa madura e atleticamente possante, face a Benfica, repito-me exageradamente de meninos e macio. Mas nem um terço do campeonato e da época está percorrido..."

Santos Neves, in A Bola

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