"Não tenho superstições dignas de nota, tirando as básicas de entrar com o pé direito onde quero ser feliz ou procurar sempre assistir ao voo da águia antes do jogo. Bem sei que, no futebol, há muita gente que vai ao bruxo, paga promessas em Fátima e benze-se por tudo e por nada. Nada contra, cada um encara esses rituais pré e pós-competitivos como bem entende. É como os tiques do Rafael Nadal, trazem-lhe concentração.
Já outra coisa completamente diferente são as chamadas 'maldições', aquelas mentiras transformadas em verdade que se colam à realidade como se fossem acontecimentos históricos. Uma das mais famosas prende-se com Béla Guttmann, e na biografia do treinador húngaro, lançada por Danny Bolchover em 2018, pode ler-se: 'Infelizmente para os investigadores como eu, não existe absolutamente nenhuma prova escrita de que ele tenha articulado a frase de que hoje se fala tanto e me toda a parte de cada vez que o Benfica chega perto de uma final europeia'.
Daí até ao mau-olhado vai um longo caminho, alimentado pelo folclore inerente ao futebol e pelo exagero típico de quem quer vender mais jornais ou - por estes dias - amealhar mais cliques nos sites e sinais de aprovação nas redes socias.
Querem pegar em curiosidades e brincar com isso? Dediquem-se à numerologia. É que em 25 de Abril de 2022, 60 anos depois da primeira conquista à escala europeia do SL Benfica, os miúdos da Youth League voltaram a trazer o caneco. Ganharam por 6-0, 60 anos depois, os mesmos algarismos. E a taça foi entregue ao bater das 19h04, números que significaram tanto para os adeptos e sócios do clube. Chamem-lhes coincidências, acasos, sinais divinos, o que quer que seja, menos maldição. Onze finais europeias alcançadas (em seniores e juniores) é um currículo sem paralelo em Portugal e um das mais recheados da Europa. Maldição? Maldição é não ser do Sport Lisboa e Benfica e ter de sofrer por equipas sem nada de interessante para contar."
Ricardo Santos, in O Benfica
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