terça-feira, 31 de maio de 2022

GRANDE SUCESSO DO EMPRÉSTIMO OBRIGACIONISTA É PROVA DE "CONFIANÇA"



A Benfica SAD, que viu 60 M€ em obrigações subscritas, teve uma procura válida do mercado que atingiu os 88,5 M€.
Um sucesso revelador da confiança do mercado na Benfica SAD! A procura válida total de 88,5 milhões de euros para uma oferta de 60 M€ em emissões decorrentes do empréstimo obrigacionista inicialmente de 40 M€ são a prova disso mesmo, como deu conta Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD e CEO do Grupo Benfica, na sessão pública de divulgação dos resultados que decorreu nesta segunda-feira, 30 de maio, na Euronext Lisbon.
Na presença do Presidente do Benfica, Rui Costa, e de vários elementos dos órgãos sociais da SAD, administração da mesma e do Clube, Domingos Soares de Oliveira deu conta do "orgulho" sentido pela "confiança demonstrada" pelo mercado face ao que tem sido feito no Benfica.
Os números são claros e demonstram bem as diferenças face à última emissão obrigacionista de 35 M€, no decurso do processo de sucessão no Clube e, posteriormente, da SAD, cujo objetivo foi somente "alcançado" no último dia de subscrição. Desta feita, no terceiro dia do período de subscrição os 40 M€ emitidos já tinham sido subscritos e a procura manteve-se estável, como deu conta o responsável encarnado.
Aliás, o Benfica, que olhou para esta forma de financiamento como um mecanismo de "apoio à atividade do futebol", concretamente no que diz respeito ao pagamento de "salários e aquisições", isto após ter feito um reembolso obrigacionista de 40 M€ com fundos próprios, até podia ter aumentado a oferta para 80 M€, mas o "conforto" desejado já estava alcançado, o qual "não influencia o que estava e está planeado" em termos de planificação da temporada.
Mas olhando para a operação, comunicada igualmente à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a procura excedeu a oferta em 1,47 vezes (4576 investidores). Esta é a 12.ª promovida pela Benfica SAD, sendo que até ao momento nenhuma ficou por reembolsar ou foi objeto de qualquer adiamento nesse procedimento.
Domingos Soares de Oliveira foi mais longe e, nesta sessão pública, abordou o que tem sido feito pela SAD em termos de governance e compliance, as medidas tomadas, afastando conflitos de interesses dos elementos da sociedade, e enumerando os desafios que a mesma enfrenta na sua atividade no presente e no futuro.
ENCAIXE PARA APOIAR CONTRATAÇÕES
"A oferta superou claramente as expectativas! Sabíamos que era um contexto difícil, mas não comparável com a última emissão. O facto de no primeiro dia termos ultrapassado os dez dias da anterior emissão foi um fator encorajador. A procura continuou a ter um nível superior ao longo dos dez dias. Termos chegado a 88,5 M€ foi impressionante, não era a expectativa que tínhamos. Fizemos o reembolso da última emissão com fundos próprios, não precisamos de fazer qualquer tipo de espera de dinheiro para reembolsar emissões anteriores. O objetivo é apoiar a atividade, quer com salários, quer com aquisições de atletas. Os objetivos de mercado nunca estiveram condicionados por esta oferta de obrigações. Vamos respeitar o plano definido. Não houve uma mudança de estratégia em termos de mercado por passar de 40 M€ para 60 M€."
OFERTAS ACEITES SÓ POR UM VALOR JUSTO
"Permite-nos ter uma postura no mercado mais confortável. Podíamos ter subido a oferta para os 80 M€, mas os 20 M€ em relação aos 40 M€ iniciais permitem-nos ter maior conforto relativamente a este período de transferências. Sobre quem são os atletas que vamos vender não vale a pena discutir, nem o valor. Não sabemos quais são as ofertas. Não nos sentimos obrigados a ter de vender o atleta A ou B, sempre disse que os clubes são clubes que precisam de vender para continuar a apostar no desenvolvimento. Os nossos resultados são bons. Temos uma evolução positiva ao longo dos últimos 10 anos, neste momento os indicadores são muito positivos em termos de receita e captação de dinheiro, dá mais conforto para não ter de aceitar qualquer oferta que não seja por um justo valor."
REEMBOLSO É "PONTO DE HONRA"
"Tivemos apenas um ano em que não estivemos na Liga dos Campeões, tivemos sempre capacidade para fazer o reembolso aos investidores. É algo de que nos orgulhamos: em 10 emissões [esta é a 12.ª] nunca falhámos nem adiámos. É ponto de honra cumprir as obrigações perante os investidores."
NOVAS EMISSÕES, A PRESSÃO DOS JUROS E OS DESAFIOS
"A próxima emissão decorrerá em 2023. Dos inputs que recolhi, haverá uma tendência para este aumento das taxas de juro não desaparecer de imediato. Se as taxas de juro aumentarem de forma significativa teremos de ajustar. Temos uma estrutura acionista bastante estável, não há nenhuma intenção do Benfica no controlo dos acionistas privados, podem fazer as operações que entenderem. Vamos em breve anunciar o lançamento do nosso token, temos estratégias claras em termos de NFT's e metaverse e o casamento com transmissões televisivas. Acredito que o mercado vai ajustar a tendência em termos de ativos digitais. Estamos a assistir a um ajuste, é muito mais forte em relação a outras tendências. Impacto da inflação no Benfica? Os nossos custos principais estão ligados à componente salarial e à segunda componente no pagamento dos ativos tangíveis, e aí não se observa efeitos de inflação. Os salários estão fixados pelos contratos e durante períodos relativamente largos. Estamos a sentir alguma pressão, nem tanto com a inflação, mas com outro tipo de competências mais escassas no mercado. Tudo o que tenha a ver com a parte tecnológica ou funny experience está mais caro. Relativamente aos custos de matérias-primas, sim, nomeadamente no que tem a ver com as melhorias no Estádio [da Luz]. O que tínhamos há cerca de meia dúzia de meses agora tem custos maiores."
SEGUNDA MELHOR EMISSÃO DE SEMPRE
"As 4 mil ordens são um sinal de vigor, foi a nossa segunda melhor emissão de sempre. Estamos novamente no mercado com a pujança que nos é reconhecida. Esta emissão obrigacionista foi feita num contexto particularmente adverso. Tivemos a COVID-19, que prejudicou as nossas vidas, e a crise na Ucrânia, que trouxe uma certa incerteza no mercado. Vimos de uma emissão há um ano com condições muito adversas, com os resultados alcançados só no último dia. O nosso momento do futebol profissional em termos internacionais foi positivo, em termos nacionais não. Para o investidor mais irracional do que racional, isto conta também. Tivemos outras emissões antes da nossa que pagavam um prémio melhor. Na nossa emissão tivemos de tomar a decisão difícil de não ir com prémio tão elevado. Tivemos também a evolução das taxas de juro, que são negativas para nós, estão a subir e a perceção dos investidores em relação ao prémio a pagar é diferente. Depois tivemos, durante a emissão, uma intervenção anormalmente mediática de um eventual novo acionista, que ainda não sei se é ou não é, e cujos objetivos ficaram claros para toda a gente. Os resultados alcançados são motivo de orgulho, quase 90 M€, é a nossa segunda melhor emissão de sempre. A maior foi há cerca de três anos quando o Benfica tinha acabado de ser campeão nacional e tinha o negócio de João Félix de alguma forma encaminhado. Este é um sinal importante, quando sensivelmente dentro de um ano teremos uma nova emissão obrigacionista. Também significa um reconhecimento do que temos vindo a fazer e tentado demonstrar em termos de governance, compliance e de transparência que está a ser suficientemente bem recebido no mercado."
O MODELO DE GOVERNANCE
"Em relação à governação, que é um tema que nos é particularmente caro, e para aqueles que têm andado um pouco mais distraídos, ou mais distantes em relação ao que temos andado a fazer, gostava de recordar alguns dos passos que demos nos últimos meses. O Conselho de Administração foi eleito há quatro meses e tem programado todas as suas atividades. Gostaria de salientar alguns aspetos. Primeiro, temos um Conselho de Administração com nove elementos, e, desses, seis são novos. Em termos de regras de igualdade de género temos três administradoras, o que é extremamente importante, são pessoas que foram escolhidas não por serem mulheres, mas pela capacidade que têm, o currículo que têm e o que já fizeram em sociedades cotadas e não cotadas. Temos um representante dos acionistas minoritários. Temos três elementos que são membros da Direção do acionista maioritário, o Clube. Estes elementos revelam que houve uma preocupação diferente na constituição deste Conselho de Administração. Estas três administradoras são independentes e importantes relativamente à vigilância e atuação do Conselho e dos seus elementos. Em termos de governance definimos e aprovámos um regulamento do Conselho de Administração, elegemos uma nova Comissão Executiva com quatro elementos, definimos e aprovámos o regulamento da Comissão Executiva. Nomeámos o secretário da sociedade e aprovámos na última reunião do Conselho de Administração a constituição de uma Comissão de Gestão do risco e partes relacionadas. Está tudo no nosso Site e permitem garantir a transparência do Conselho de Administração e da Comissão Executiva."
COMPLIANCE E SEM CONFLITOS DE INTERESSES
"Relativamente aos temas de compliance, este Conselho de Administração definiu como prioridade absoluta promover os esforços necessários para alcançar o grau máximo de compliance. Preocupamo-nos com a temática dos conflitos de interesse. Os cargos que cada um dos nove membros do Conselho de Administração ocupam dentro da Sociedade, do Grupo Benfica ou fora da Sociedade ou do Grupo Benfica estão disponíveis para consulta, são públicos. A existência de um potencial conflito de interesses pode ser aquilatado do ponto de vista público. Estes três elementos independentes têm como uma das grandes responsabilidades fazer uma vigilância no sentido de evitar e impedir esse conflito de interesses. Nunca os membros do Conselho de Administração identificaram conflitos de interesse por parte dos membros que desempenham funções executivas neste Conselho de Administração."
ASPETOS CRÍTICOS DO NEGÓCIO FUTEBOL
"Entendemos que há 10 matérias absolutamente críticas para a Sociedade e para o setor, desde logo: 1) Os direitos televisivos e a pirataria; 2) O formato das competições europeias e nacionais; 3) A emergência dos ativos digitais; 4) A constelação de clubes, cada vez mais há clubes com um único dono; 5) O acesso, o desenvolvimento e a retenção de talento. Viram na Imprensa que há jogadores de 12 anos do Benfica a serem desviados para um clube em Espanha; 6) A explosão do futebol feminino, que é uma tendência de futuro, a matéria de futebol que está a crescer mais em termos mundiais; 7) A Superliga, que é uma ameaça para clubes como o Benfica; 😎

Tudo o que tem a ver com o matchday experience; 9) Tudo o que tem a ver com a proteção de salários, que crescem numa espiral em que as receitas não acompanham; 10) Qual o papel que queremos que os organismos desportivos desempenhem, se é a organização de competições, ou se pode ir mais além? Estes desafios constituem as nossas preocupações. E quem ama o futebol, ama o Benfica." 

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