"A FEMACOSA surpreendeu no onze escolhido para o único jogo de preparação, mas a produção e o resultado deram-lhe razão e criaram um lastro positivo para o Mundial. Havia que começar por algum lado, praticamente sem margem para erros, e a Nigéria, tida como adversário “semelhante” ao Gana, não resistiu à qualidade técnica da seleção a disfarçar a falta de trabalho coletivo e, surpresa das surpresas, com a objectividade que tantas vezes falta a Portugal.
João Félix assumiu-se como novo líder da equipa nacional. Numa posição cada vez mais rara no futebol moderno, espécie de n.º10 com enorme visão de jogo e capacidade de criar desequilíbrios a longa distância com idêntica espontaneidade e criatividade às das jogadas de passe curto no interior da área. Os jogos do Mundial serão mais apertados, mais físicos, mas a sua flutuação no terreno promete várias jogadas de golo por partida.
João Félix terá um pivô no ataque, a escolher entre Cristiano Ronaldo, André Silva ou Gonçalo Ramos, um deles como titular e outro a entrar aos 65/70 minutos. O mais jovem é o que está em melhor forma, mas também tem uma enorme capacidade de rápida integração quando sai do banco, como se viu frente à Nigéria, com um golo e uma assistência em 25 minutos - sendo expectável, por isso, que a estreia seja entregue ao “capitão”. Por razões mais políticas do que desportivas. Ao chegar-se à frente na atração de atenções adversárias com liberdade para arriscar todos os desequilíbrios, Félix também liberta Bruno Fernandes e Bernardo Silva, que terão menos responsabilidade individual, mas ganham espaço para raides surpreendentes e igualmente decisivos, contando com a maior agressividade de apoiador de Otávio para uma circulação segura da bola.
Só o regresso de William Carvalho à posição de médio centro mais defensivo suscita alguma relutância, talvez o elo mais fraco do meio-campo, e até surpreende que tenha ultrapassado Danilo e Ruben Neves. Mas deixa perceber a confiança do seleccionador numa dupla de centrais que dispensa o terceiro homem numa estratégia que passa por ter a bola em circulação permanente e adiantada no terreno, com os olhos nos últimos 30 metros.
O guarda-redes deve ser Diogo Costa, mas Rui Patrício garante a mesma segurança. Dos laterais, há que entender o que se passa com João Cancelo, com problemas nas últimas partidas do City, antes de entregar o lugar a Dalot, enquanto na esquerda Raphael Guerreiro continua mais consistente do que Nuno Mendes. Sem discussão, a titularidade de António Silva, provavelmente coadjuvado por Ruben Dias."
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