O atual líder do campeonato — matemática e rigor obligent — marcou em cima do minuto 90 e segurou o posto. Logo se verá o que vem a seguir.
O anterior líder, com um jogo a menos, vingou a derrota na meia-final da Taça da Liga e aplicou ao quarto classificado o terceiro 5-0 em três visitas a Alvalade. Mas isso não faz do SC Braga menos quarto classificado, entretanto apanhado na classificação pelo rival Vitória de Guimarães.
Acontece que na Alemanha há, nesta altura, 12 pontos a separar o primeiro do terceiro (e pasme-se, o primeiro nem sequer é o Bayern Munique, como nos últimos 11 anos — sim, 11 anos).
Em França, um dos apelidados campeonatos Big 5, o PSG tem 11 pontos de vantagem sobre o segundo e 12 sobre o terceiro. Foi campeão nove vezes nos últimos 11 anos. E novidades?
Em Espanha o Real Madrid só tem cinco pontos de vantagem sobre o Girona, mas já tem 10 sobre o Barcelona, que é quem nos últimos 18 anos (com duas exceções do Atlético Madrid e uma do Valência) tem discutido o título com os merengues.
Em Itália o Inter tem sete pontos à maior sobre a Juventus e oito sobre o Milan. O quarto classificado vai a 18 pontos da liderança. Um bocadinho mais longe do topo que SC Braga e V. Guimarães.
Inglaterra — ah, Inglaterra! Este é que é mesmo outro campeonato. Sempre foi, mesmo quando só jogavam o famigerado kick and rush. Se formos ver jogos das divisões secundárias ele ainda se joga. Mas é fascinante na mesma.
Aqui sim, há emoção. Se o Manchester City vencer o jogo que leva em atraso, o fosso entre primeiro e terceiro será de três pontos, oito para o quarto. Se não vencer será ainda menor, à luz dos dados hoje disponíveis.
Vamos à segunda divisão? OK. Nos Países Baixos o PSV lidera com dez pontos sobre o Feyenoord e 15 sobre o Twente.
Na Bélgica o líder leva oito à maior sobre o segundo e 15 sobre os terceiro e quarto classificados.
Creio não ser necessário percorrer muito mais ligas europeias para perceber o ponto essencial: ao contrário do que de forma meio masoquista gostamos de apregoar, e por vezes dá jeito apregoar, a Liga portuguesa é competitiva.
Com dois terços jogados (quase jogados, pronto, falta aquele Famalicão-Sporting que tem relevância extrema), a luta pelo título está bem acesa e tem três candidatos claros e firmes.
Se usarmos a bitola europeia de diferença pontual entre primeiro e quarto, até podemos achar que temos cinco candidatos.
Talvez seja boa altura para nos deixarmos de lamentos e começarmos a defender o que de bom tem a nossa Liga.
Alexandre Pereira, a Bola
A métrica usada para medir a qualidade de um campeonato não pode ser a competitividade dos primeiros lugares. Quem viu o jogo entre o Guimarães e o Benfica, jogado numa piscina, não achará que este campeonato tem qualidade. Quem acompanha a falta de justiça a norte, que permitiu TUDO durante épocas aos super dragões, não pode achar que este campeonato tem qualidade.
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