"Os fãs adoram-no, Spurs e NBA celebram-no e as marcas desejam-no. Tudo numa só época
Quando Victor Wembanyama entrou para a NBA há quase 11 meses carregava sobre os ombros aquele dilema de que antes de se confirmar como uma estrela já o era. O que nem sempre é fácil quando, então, era um jovem de 19 anos, vindo de outra cultura.
Impensável que não fosse a primeira escolha do draft de 2023 por escolha dos Spurs, havia, naturalmente, o receio, até do clube, que o seu corpo longilíneo, de apenas 95kg para 2,24m, sofresse um forte impacto com as exigências da Liga, para além dos obstáculos sociais de alguém que se mudava da cosmopolita Paris para San Antonio, no Texas.
Se as expectativas sobre o versátil poste francês eram elevadíssimas mas cautelosas, mais do que confirmá-las, ele ultrapassou-as todas logo na primeira época porque, afinal, as suas eram ainda maiores.
Foi eleito Rookie do Ano por unanimidade dos 99 jornalistas votantes para os prémios anuais da Liga, relegando o americano Chet Holmgren (Thunder) para segundo e tornando-se apenas no sexto de sempre a conseguir tal concordância, depois de Ralph Sampson (1984), David Robinson (1990), Blake Griffin (2011), Damian Lillard (2013) e Karl-Anthony Towns (2016).
Nem Shaquille O’Neal (1993) ou LeBron James (2004), que também traziam essa pesada expectativa, reuniram tal consenso, enquanto Zion Williamson (2020), também n.º 1 do draft, não pôde disputar o troféu devido às lesões que o limitaram a 24 jogos em 2019/20.
No caso de Wemby, que a partir de janeiro, com Gregg Popovich a deixá-lo mais tempo em campo sem receio de lesões, tornou-se não só intimidante a defender como a atacar, os números e recordes não deixaram dúvidas: médias de 21,4 pontos, 10,6 ressaltos, 3,9 assistências, 1,2 roubos de bola e 3,6 desarmes já seriam mais do que bons para alguém que não é rookie, mas a isso juntou, num total de 71 jogos, um mínimo de 1500 pts, 700 res, 250 ass, 250 dsl e 100 triplos convertidos. Tal nunca ninguém havia alcançado. E nem precisava de ser rookie.
Mas Wembanyama é hoje muito mais do que os números no court. É o sonho de qualquer commissioner para vender a Liga. Tem carisma, adora brincar e, para além de ter sido um bom estudante, vem de uma classe média francesa culta. Acima de tudo sabe bem o que pretende e já avisou que não quer festas, álcool ou drogas. Nada que o desvie de se tornar no melhor que conseguir.
Apesar dos Spurs terem sido das piores equipas da fase regular (22 v-60 d), os seus jogos tiveram 19 transmissões a nível nacional, o ranking de assistência no pavilhão passou de 25.º para 16.º, mesmo com os bilhetes a ficarem mais caros, a camisola com o n.º 1 de Vic tornou-se na quarta mais vendida e um dos seus cromos mais raros de rookie foi leiloado por 479 mil euros.
A Nike renovou-lhe o contrato que tinha em França por €93 milhões, a Louis Vuitton, maior marca de produtos de luxo mundial, tornou-o seu embaixador e a Fanatics dá-lhe €4,64 milhões para ter a sua imagem em cromos e autografar memorabilia… Como disse Popovich: «Já pensaram que talvez esta venha a ser a pior época de Wemby que iremos ver?». Aterrador! Bem-vindos à nova era da NBA."
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