quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

MAMMA MIA! HOUVE ÓPERA EM TURIM!



Bruno Lage arriscou na defesa, mas os encarnados deram resposta impressionante, vencendo com toda a justiça em casa de um dos grandes da Europa.
TURIM — Com um central a lateral-direito e um lateral-direito a lateral-esquerdo, o que havia para correr mal na visita do Benfica a Turim?
O jogo não tinha, todavia, 30 segundos e já os encarnados poderiam estar a ganhar, mas a trivela de Di María não conduziu a bola até Pavlidis, mesmo que o grego se esticasse todo em frente à baliza. E com minuto e meio foi a vez de Schjelderup ser cerimonioso em casa da Juventus, demorando tanto a visar a baliza, em plena área, que acabou por encontrar pernas em vez de golo.
Bah, do lado esquerdo, estava na maior, mas Tomás Araújo apanhava o primeiro susto 20 segundos depois da ocasião do norueguês, quando Mbangula, nas suas costas, atirou de cabeça e convidou Trubin a brilhar. Seria a única verdadeira ocasião da Juventus em toda a primeira parte. Ao minuto 2 (!)




Se dúvidas houvesse, confirmava-se que não havia qualquer coisa combinada em relação a um empate estratégico, o Benfica não parava e ao minuto 6 ameaçava uma vez mais, com Schjelderup a aparecer diante de Périn e a perder o duelo. O guarda-redes que não assinou pelo Benfica porque chumbou nos testes médicos parece estar impecável.
O Benfica pressionava bem, a Juventus não conseguia sair da sua fase de construção, os erros sucediam-se e o jogo prometia golo. Ao minuto 11, Pavlidis errou o desvio, não acertando na bola, mas a superioridade era tal que o 1-0 chegou mesmo ao minuto 16. Kokçu resolveu muito bem aquilo que poderia ser um lance de contra-ataque dos italianos, serviu Aursnes, este procurou as costas da defesa italiana, onde surgiu Bah, com o pé esquerdo, a dominar e depois, sem ponta de egoísmo e com o esclarecimento de um 10, a oferecer a Pavlidis, que escolheu o lado e bateu Perín. Era merecido, mas, estranhamente, saberia a pouco ao intervalo.
Porque os erros da equipa da casa acentuavam-se e o Benfica poderia ter marcado várias vezes, duas delas por Pavlidis, a mais flagrante imediatamente antes do decanso, quando atirou na direção de Perín. A Juventus tinha razões para celebrar, a derrota pela margem mínima era bem melhor do que ser goleada em casa.




Adivinhava-se, pois, uma Juventus diferente na segunda parte. Capaz de pressionar e sair de forma airosa da primeira fase de construção. Não. Foi de Kokçu, com disparo ao lado, a primeira ocasião e repetia-se o que acontecera nos 45 minutos iniciais: tantas facilidades que às vezes os jogadores do Benfica até estranhavam.
Talvez por isso, os jogadores do Benfica começaram a ficar moles e desconcentrados, a atacar menos e pior a defender mais e pior. Thuram e Yildriz, perto do quarto de hora da segunda parte, ameaçaram o empate. O Benfica precisava nitidamente de intervalo... depois do intervalo.
Bruno Lage decidia finalmente mexer. Ao minuto 71, tirava Di María, já com alguns minutos de atraso, e Schjelderup e dava palco a Akturkoglu e Leandro Barreiro. E, desta vez, as substituições tornavam mesmo a equipa melhor, mais fresca e ofensiva. Douglas Luiz ainda fez uma última ameaça, mas ao minuto 80 já era o Benfica quem dominava, quem controlava, quem geria perante um adversário que nem sequer pressionava.
A finalizar, pois, um lance longo e bonito, um regalo para os olhos, Kokçu atirou para o 2-0. Akturkoglu deixou passar a bola e enganou toda a gente. Depois, ele próprio esteve perto do golo. O resto é história. O Benfica avança para o play-off, com brilho. E Bruno Lage atira toda a pressão para o lado de Thiago Motta.
 

 DESTAQUES:

Médio foi gigante. Mas Trubin, António Silva, Otamendi, Aursnes, Kokçu e Schjelderup não ficaram atrás.

Melhor em campo: Florentino (8)
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove... intervenções importantes a recuperar a bola ou cortar passes. A determinada altura até poderia parecer que seriam nove Florentinos, o médio esteve em todo o lado, no centro do meio-campo a controlar Yildiz ou Douglas Luiz, na área quando o Benfica foi empurrado, até a dobrar Tomás Araújo, mas ainda no meio-campo da Juventus a pressionar em zonas altas. Fresquinho, com confiança e a saber pressionar no sítio e momentos certos, foi gigante em Turim. Apenas um mau passe aos 40’ que so tornou humana a exibição.
Trubin () — Gélido, imperturbável e impenetrável a emoções fez exibição imaculada, que abriu logo com uma defesa difícil com a mão esquerda a cabeceamento de Mbangula (2’). Tem mais dez intervenções, impecável a agarrar cruzamentos ou a socar o perigo para longe, impecável quando teve de atirar-se para a relva a travar remates.
Tomás Araújo (7) — Susto logo aos 2’ com cabeceamento de Mbangula nas costas. Um minutos depois voltou a tremer num duelo com o belga. Não tremeu mais. Aos 11’ já estava na linha de fundo a cruzar para Pavlidis. Sempre que pôde integrou-se no ataque, como aos 46’ quando fez um tunel a Mbangula para lançar um contra-ataque. Controlou defensivamente e até ao fim só teve mais um calafrio, quando deixou escapar Nico González.
António Silva (8) — Entre os 10 cortes, pelo ar ou pelo relvado, alguns de elevada dificuldade, sobre Vlahovic, alguns celebrados como golos. Também ouviu das boas de Otamendi (75’) numa má abordagem a um cruzamento. Grande abertura, num passe longo, aos 41’, para Bah.




Otamendi (8) — Pelos 75', com a equipa a perder-se, agitou António Silva e Aurnsnes, despertou toda a gente para o perigo, foi o líder que a equipa precisou, desde o início, mas sobretudo na maior pressão da Juve. Fortíssimo na marcação a Vlahovic. Grande passe aos 51’ para Di María e que acabou num remate perigoso de Kokçu.
Bah (7) — Com Francisco Conceição pela frente, ganhou mais duelos que perdeu, sentiu-se bem com os movimentos para dentro do jovem português, cortando caminhos para a baliza e alguns remates. Aos 17’ recebeu a bola de Bah e entregou-a a Pavlidis, que abriu o marcador. Importante referência nas bolas paradas ofensivas.
Aursnes (8) — Longo e preciso passe para Bah, no lance do golo, no qual mostrou inteligência para decidir rápido e boa execução. Essas foram as características da exibição. Está também na construção do segundo golo. Decidiu sempre bem. Importantíssimo na primeira linha de pressão. Aos 45+3’ recuperou um passe de Gatti para Locatelli e Pavlidis falhou na cara de Perin.
Kokçu (8) — Carimbou a vitória com um remate forte de pé direito depois de entrar na área aos 80’. Já tinha ameaça aos 51’ com um remate cruzado a levar a bola a passar perto do poste esquerdo. Aos 29’ meteu a bola na cabeça de Pavlidis com um toque subtil e com classe, mas o grego não aproveitou a oportunidade. Entregou-se a defender, ajudando sobretudo Florentino, e teve forças para levar a equipa ao ataque. Aos 87’ outro grande passe vertical a servir a velocidade de Amdouni.
Di María (7) — Não esteve muito em jogo, preocupou-se muito em defender, aos 67’ até estava na área quase como central. E quando teve a bola nos pés houve sempre alguém que parava a respiração. Trivela aos 32 segundos para Pavlidis, que por pouco não chegou à bola. Aos 23’ grande passe, de uma linha lateral a outra, para Bah prosseguir o ataque. Aos 51’ serviu Kokçu de bandeja, remate saiu ao lado. Saiu esgotado aos 72’ por Akturkoglu.
Pavlidis (7) — Marcou o primeiro golo, finalizando na cara de Perin, depois de passe de Bah. Aos 32 segundos chegou atrasado por muito pouco a centro de Di María, aos 29’ cabeceou em dificuldade mas com perigo, aos 45+3’ desperdiçou, após oferta de Aursnes, a melhor oportunidade na frente de Perin, que fez grande defesa. Desgastou-se na pressão ao adversário, mas ainda teve força para assistir Kokçu marcar o segundo.
Schjelderup (8) — Perdeu no um para um contra Perin aos 2’ e 6’, mas foi sempre uma solução ofensiva — soube quando arrancar, conservar a bola à espera de companheiros para combinar ou passar nos momentos certos. Foi sempre uma solução para a saída de bola para o ataque. E ajudou (de que maneira!) Bah a defender.
Akturkoglu (7) — Importante a ajudar a defender e na saída para o ataque. Grande lance, aos 76’, na criação de uma oportunidade de golo, centrando para Leandro Barreiro. Também está no lance do segundo golo, deixando passar a bola de Pavlidis para a autoestrada de Kokçu para a glória.
Leandro Barreiro (7) — Deu nova energia à equipa. Não só contribuiu para a equipa ter força para voltar a pressionar mais à frente, como se deu ao jogo para receber a bola e encaminhá-la para o ataque. Perto do golo aos 76’ quando desviou (sem força) um passe de Aktrukoglu.
Amdouni (5) — Ainda ganhou uma bola, sobre Weah, na saída para o ataque da Juve, mas o perigo foi anulado pelo árbitro, que assinalou falta. Aos 87’, entre dois centrais, não deu seguimento a passe de Kokçu. E também andou perto da área a defender.
João Rego (-) — Um remate contra um adversário, na área da Juve, uma recuperação de bola, perto da linha lateral. Foi médio-direito.
Rollheiser (-) — Entrou cheio de força para os último minutos. Foi médio-interior direito.

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