segunda-feira, 31 de março de 2025

I LIGA, A VERDADE DA MENTIRA



Com os três grandes fora das contas, as cadeiras desocupadas nos jogos da I Liga, onde já houve três jogos, esta época, abaixo dos 800 espetadores, são um drama. E os dois últimos da classificação estão logo a seguir a Vitória e Braga, em número de adeptos nos estádios...
Como dizia há uns anos o atual secretário-geral das Nações Unidas, «é só fazer contas.». E, fazendo contas, tem-se noção da irracionalidade do formato das nossas competições profissionais de futebol, quer quanto ao número de clubes, quer quanto ao formato. Ao longo dos anos temos sido bombardeados com propaganda que pretende levar-nos a acreditar que temos uma Liga altamente competitiva, recheada de futebol de primeira água, e espetáculos emocionantes, pela qual se babam os operadores televisivos do mundo inteiro. Infelizmente, não é assim, no plano internacional já fomos ultrapassados pelos Países Baixos e corremos seríssimos riscos de virmos a ser também superados pelos belgas; e a nível nacional, se tirarmos Sporting, Benfica e FC Porto da equação, os resultados são esquálidos, e apontam para a necessidade premente de encontrar uma fórmula que compatibilize a realidade com a competitividade e o sucesso financeiro. A venda centralizada dos direitos televisivos continua atrasada para as calendas (continuo com dúvidas fundadas que veja a luz do dia nos moldes em que está prevista, e se tal vier a acontecer, chegará com pelo menos 15 anos de atraso), e a competição, grandes à parte, atrai muito pouco público. Regressemos a Guterres e às contas: até à 26.ª jornada da Liga, o número médio de espetadores nos estádios dos restantes 15 clubes, expurgando os jogos com os ‘grandes’, era o seguinte; 1 - Vitória Sport Clube, 16.787; 2 – SC Braga, 11.458; 3 – Farense – 5.424; 4 – Boavista – 5.188; 5 – Gil Vicente – 4.022; 6 - Famalicão - 3.384; 7 – Estrela da Amadora – 2.882; 8 – Rio Ave – 2.685; 9 – Santa Clara – 2.128; 10 – D. Aves (AVS SAD) - 1.873; 11 – Nacional – 1.777; 12 – Moreirense, 1.718; 13 – Arouca – 1.653; 14 – Estoril – 1.499; 15 – Casa Pia – 1.236.
A média de ocupação dos estádios é de 38,8 por cento. Deve ser ainda referido que assistiram ao AVS- Gil Vicente, 726 espetadores, ao AVS-Arouca 759, e ao Arouca-Moreirense, 756.
Quem pensar que este nível de interesse dos adeptos pelo espetáculo ao vivo não tem significado, e preferir continuar a fazer o que tem vindo a ser feito desde sempre, que mais não é do que tapar o sol com uma peneira, não só chegámos à beira do abismo, como estamos prontos a dar o passo em frente. Aproximam-se as eleições para a Liga, mas as matérias relevantes, como a remodelação dos quadros competitivos (olhem para a Bélgica!), não entrarão na órbita da discussão, porque terão sempre de passar pelo crivo dos clubes, demasiados interessados no próprio umbigo, e a portarem-se com a orquestra do Titanic relativamente à indústria do futebol. Mas, do debate que se aproxima entre os candidatos à sucessão de Pedro Proença, pelo menos que sejam trazidos para cima da mesa estes temas fraturantes, que afastam, com a frieza dos números, a história da carochinha que nos diz que vivemos, como a Alice, no País das Maravilhas. Não! Há clubes a mais na I Liga, e há demasiados jogos desinteressantes, que contribuem para a mediocridade, e obrigam a que o nível médio da competição seja puxado para baixo.

José Manuel Delgado, in a Bola 

9ª TAÇA DE PORTUGAL

 


Após bater o Nun'Álvares, por 2-1, neste domingo, 30 de março, na final da Taça de Portugal, a equipa feminina de futsal do Benfica conquistou a 9.ª prova-rainha do seu palmarés, a 3.ª consecutiva, distanciando-se ainda mais no topo da lista de emblemas que mais vezes venceram o certame.

Aproximadamente a uma hora do pontapé de saída, os Benfiquistas começaram a colorir as bancadas do Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos de encarnado e, cerca de 15 minutos depois, brindaram a entrada das comandadas de Alex Pinto em quadra com um forte aplauso e gritos de apoio.
Focadas em seguir na senda 100 por cento vitoriosa no que a títulos da época 2024/25 diz respeito (após terem já arrecadado a Supertaça e a Taça da Liga), as águias demonstraram intensidade e afinco desde o início do dinâmico aquecimento.

 DECLARAÇÕES

Alex Pinto (treinador do Benfica): "Um jogo disputado, como seria de esperar, ou não estivesse do outro lado uma equipa também muito organizada, cheia de qualidade, quer individual, quer no coletivo. Isso faz com que esta vitória tenha ainda um sabor mais especial. Fica uma felicidade imensa pelo título conquistado. E esta Taça de Portugal é do Benfica graças ao empenho de muita gente. Do staff, da Direção, de toda a estrutura do Benfica, que, às vezes, é invisível. A fisioterapia, a nutrição, a parte da psicologia, tudo isso que passa ao lado, mas, sem sombra de dúvida, é das jogadoras. São elas que suam e que se sacrificam diariamente, e hoje foi um jogo de sacrifício. Foi um jogo muito difícil perante uma equipa organizada, perante uma equipa que faz esta conquista ainda saber melhor, pois foi um bom jogo de futsal, se calhar nem sempre espetacular, mas onde penso que o Benfica foi superior e foi muito competente. Não há tardes perfeitas, e nós hoje tivemos aqui dois, três momentos de algumas falhas.




Mas o que é certo é que ao longo dos 40 minutos as minhas jogadoras foram muito competentes, foram guerreiras. Tiveram uma entreajuda imensa, e não há segredos para se ganhar. Há que ter qualidade, e felizmente esta, para mim, continua a ser a melhor equipa, a equipa que tem mais qualidade, e é o trabalho. Acho que trabalharam muito dentro de campo e por isso estão de parabéns e estarão sempre mais perto do sucesso quando isso acontece. [Ambição de vencer todas as provas] Não podia ser de outra forma. Esta equipa tem de se apresentar em qualquer competição com o único objetivo que é vencê-la. Agora sabemos que não podemos pensar no degrau a seguir sem subir o escalão anterior, e foi isso que fizemos. Num jogo difícil frente ao Feijó, em que se calhar não fomos tão competentes quanto fomos hoje, e numa final muito bem disputada. E há que também dar os parabéns ao Nun'Álvares, pela réplica que deu e pelo que nos fez ter de jogar para sairmos daqui vencedores.








Mais uma vez, os meus parabéns às jogadoras, porque foram fantásticas. Esta equipa foi feita para vencer títulos, e acho que hoje escreveu mais uma página num bonito livro da história do futsal em Portugal, onde esta equipa terá um lugar, e será relembrada, de certeza, daqui a algumas décadas como uma equipa que teve uma hegemonia durante uma década, pelo menos, e esperemos que mais, no futsal em Portugal."

VANTAGEM CONQUISTADA NA NEGRA

 


Entrou melhor o Benfica que, em casa, venceu o primeiro set por 25-21 e repetiu o sucesso no segundo parcial (25-18). Só que as campeãs nacionais reagiram, percebendo o perigo eminente, de entrar nas meias com uma derrota por 3-0 e conseguiram regressar a jogo derrotando as encarnadas por 21--25 no terceiro parcial com o técnico portista a festejar os últimos pontos de forma exuberante.

A vencer por 2-1, o Benfica entrou no quarto set novamente mal e as azuis e brancos aproveitaram para se colocar desde logo em vantagem. Mas as encarnadas não desistiram, foram atrás o prejuízo e conseguiram chegar à igualdade (10-10) e colocar-se mesmo em vantagem (13-10). Só que o FC Porto reagiu e passou para 13-14. Mas não ficou por aqui, numa demonstração clara que vai defender o título de campeão nacional conseguiu mesmo empatar a partida (2-2) somando no triunfo no quarto set com os parciais 21-25.

 Com um parcial para definir o vencedor, as encarnadas deitaram mãos à obra e fecharam o triunfo com 15-8, garantindo a primeira vitória nas meias que se decidem à melhor de cinco. No próximo fim de semana há mais, desta vez na Dragão Arena.

DECLARAÇÕES

Rui Moreira (treinador do Benfica): "Tivemos uma fase que era importante ganhar por 3-0, mas, agora, o importante é ganhar. Foi uma vitória com muito coração, num jogo nem sempre bem jogado dos dois lados. Houve bons momentos nossos, bons momentos do FC Porto, e acho que nenhuma das equipas jogou bem o jogo todo. Os dois primeiros sets são claramente nossos, mas os dois sets seguintes são do FC Porto, embora haja aqui duas questões. Entrámos muito desligados no 3.º set a achar que o jogo estava feito. Isso permitiu virar o lado emocional do jogo e deixar o adversário jogar. A mesma entrada no 4.º set ia permitindo isso, embora nós tivéssemos conseguido dar a volta e estar por cima. Estivemos a ganhar 13-10, mas, depois, não tivemos a maturidade e a estabilidade emocional para deixar o jogo a nosso favor. Mas isto são play-offs, e os jogos são todos equilibrados. São duas equipas muito competitivas, que apostaram para ganhar, e vai ser assim até ao fim."
No outro encontro das meias, o Sporting derrotou o SC Braga, em Lisboa, por 3-2.

QUANDO O FERRARI VERMELHO ARRANCA...

 

"O Benfica derrotou o Gil Vicente no jogo em atraso da jornada 24. A oito jornadas do fim está empatado em pontos com o campeão Sporting. Estamos a entrar na reta final de um campeonato disputadíssimo entre os dois rivais de Lisboa, com FC Porto e SC Braga mais atrás. Serão oito jornadas de emoções, expectativas e nervos.
O Sporting procura um bicampeonato que não consegue desde os «Cinco Violinos», nos anos 50, e o Benfica quer recuperar a hegemonia que teve por altura do Tetra e o seu campeonato n.º 39, cada vez mais próximo das quatro dezenas. E quem sabe, até, repetir o Triplete de 2014, dado que após a conquista da Taça da Liga, ainda pode fazer a dobradinha.
Alex Ferguson chamava a estes jogos finais de campeonatos altamente disputados como o «Squeaky Bum Time». Uma analogia quando estamos nervosos e mexemo-nos na cadeira, nos encolhemos e comprimimos, nos momentos de maior tensão.
E dizia o treinador escocês que é preciso uma grande força mental para aguentar essa pressão e só os mais fortes nesse período saem vitoriosos. Daí ele forçar tanto os mind games (tal como Mourinho depois também fazia) e na sua la
rga hegemonia ter visto Newcastle ou Arsenal cederem nessas jornadas finais, em detrimento de um Man Utd que - na altura - era um clube altamente experienciado nesse mar turbulento das jornadas finais que decidem um campeonato.
Nas últimas décadas, o benfiquista bem se tem habituado a esse «squeaky bum time», pois ganhar campeonatos com muitos pontos de avanço é coisa que já há décadas não se vê para os lados da Luz. Talvez o único mais tranquilo tenha sido 2013/14, que foi conquistado na antepenúltima jornada com sete pontos de avanço para o Sporting. Mas até esse foi nervoso (o Benfica chegou a estar cinco pontos atrás do FC Porto).
Será um exercício curioso tentar recordar as retas finais mais intensas em que o Ferrari Vermelho arrancou e nunca mais ninguém o parou. Colocarei por ordem decrescente os que, na minha opinião, foram os mais emocionantes, memoráveis e incríveis.
2016/17: O ano do tetra. Em que o Benfica disputou o título taco a taco com um FC Porto treinado por Nuno Espírito Santo: os seis pontos de diferença no final não refletem essa luta. Basta pensar que na 28.ª jornada os dois clubes encontraram-se na Luz apenas separados por um ponto. Se o FC Porto tem feito o que infelizmente muito tem feito, isto é, vencer na Luz, tinha passado para primeiro. O jogo acabou empatado. Como empatado tinha o Benfica na jornada anterior na deslocação a Paços de Ferreira. Por sorte, o FC Porto também empatou no dia seguinte.
Depois houve vitórias sofridas na Luz por 1-0 ao Moreirense, 2-1 ao Estoril e uma deslocação a Alvalade que, em caso de derrota, voltaria a colocar o FC Porto na liderança. E até mal começou, com Ederson a fazer um grande penalidade e o Benfica a perder logo aos dois minutos. Na segunda parte, Lindelöf empatou num golaço de livre e o Glorioso sobreviveu.
Na antepenúltima jornada venceu no campo do Rio Ave com um golo «orgástico» de Raúl Jiménez e o jogo da consagração foi na jornada seguinte, com a receção ao Vitória SC. E aí foi só festa, nada de nervos. Uma 'manita' histórica de 5-0 a selar a conquista do primeiro tetracampeonato da história do Benfica. E com Jonas lesionado em vários momentos da temporada!
2009/10: Após a conquista do 31.º campeonato em 2005, o Benfica tinha estado quatro épocas a ver o FC Porto a ser campeão. E a mal conseguir dar luta, pois nesses quatro anos até foi sempre o Sporting a terminar no segundo lugar. Contudo, em 2009 chegou Jorge Jesus e foi um furacão que se instalou na Luz. Foi a época do famoso rolo compressor em que o Benfica goleava e esmagava muitos dos que lhe apareciam pela frente.
Uma das melhores equipas do Benfica dos tempos modernos com David Luiz, Di Maria, Ramires, Aimar, Cardozo ou Saviola a espalharem chocolate semana após semana. Mas claro que à Benfica, é sempre a sofrer! E nessa época sofreu com um surpreendente SC Braga treinado por Domingos Paciência.
Nas jornadas finais, por exemplo, Benfica e Braga encontraram-se na Luz separados por três pontos. Venceu o Benfica com um golo importantíssimo de Luisão ainda na primeira parte, mas na jornada seguinte o Benfica chegou a estar a perder por 0-2 com a Naval aos 14 minutos! Depois deu a volta e venceu por 4-2.
Tivemos uma vitória fulcral sobre o Sporting por 2-0 na Luz e outra emocionante sobre a Académica (treinada por um jovem André Villas Boas) por 3-2. O Benfica até chegou ao Dragão na penúltima jornada a poder ser campeão no campo do velho rival. Infelizmente não conseguiu, perdeu 1-3 e o título só foi celebrado na última jornada com uma vitória sobre o Rio Ave. Sofrida, claro, por 2-1, que no Benfica é sempre assim...
2018/19: Quando Rui Vitória foi despedido à 15.ª jornada, após uma derrota em Portimão, o Benfica estava a sete pontos do FC Porto. Depois entrou Lage e o Benfica fez uma das melhores segundas voltas da sua história. Foram meses incríveis com vitórias em Alvalade e no Dragão, assim como goleadas (10-0 ao Nacional). O que não invalida que não tenha havido sofrimento, claro!
O Benfica chegou a empatar 2-2 na Luz com o Belenenses, já a caminho da versão B SAD, e a deixar o FC Porto ficar com os mesmos pontos. Depois o clube do norte empatou um jogo e o Benfica andou até ao fim com dois pontos de avanço. Teve uma vitória sobre o CD Tondela na Luz, em que o golo surgiu só aos 83 minutos. Deu 4-1 ao Feirense, mas ainda esteve a perder. Deu 4-1 ao SC Braga, mas ainda esteve a perder. Deu 5-1 ao Portimonense, mas ainda esteve a perder. Isto tudo nas jornadas finais!
Numa fase posterior, foi vencer por 3-2 ao campo do Rio Ave (na penúltima jornada) e a festa do título fez-se na Luz com um 4-1 ao Santa Clara. Dos campeonatos mais emocionantes de sempre, sem dúvida, dado que naquela noite em Portimão em que Rui Vitória foi despedido, poucos diriam que a época acabaria em festa.
2004/05: Há longos 11 anos que o Benfica não era campeão. Já longe ia a memória de 1993/94 e o épico 6-3 ao Sporting, com o hat-trick do João Pinto. O Benfica, treinado por Trapattoni, vivia do talento de Simão Sabrosa e pouco mais. É aliás, ainda hoje, o campeão com menos pontos de sempre. As jornadas finais foram de um sofrimento e nervos atrozes, com o país em suspenso por saber se o Benfica, o maior clube português, ia voltar a ser campeão.
Houve um 4-3 ao Marítimo na Luz com um golo de Mantorras nos minutos finais, mas logo na jornada seguinte, o Benfica foi perder a Vila do Conde com o Rio Ave, também com um golo nos minutos finais. Empatou a seguir com o Leiria na Luz, com outro golo de Mantorras nos minutos finais. E o que aconteceu naquele muito falado jogo com o Estoril no Algarve? Vitória por 1-2...com golo de Mantorras nos minutos finais.
Depois o Benfica venceu o Belenenses na Luz por 1-0, perdeu com o FC Penafiel fora por 0-1 e recebeu o Sporting na penúltima jornada. Basicamente, quem vencesse era campeão. Venceu o Benfica com aquele golo de Luisão aos 83 minutos, com Ricardo a reclamar com o árbitro que tinha sido com a mão. Na última jornada, mais sofrimento, com um empate 1-1 no Bessa com o Boavista. Valeu que o FC Porto também empatou em casa com a Académica e os benfiquistas puderam fazer a festa onze anos depois.
2015/16: Não estarei a mentir se disser que para muitos benfiquistas (eu incluído) este é o campeonato mais saboroso dos últimos tempos. Jorge Jesus tinha ido treinar o Sporting e passou o ano a provocar-nos. O seu Sporting venceu-nos para a Supertaça, venceu-nos para a Taça de Portugal, chegou a ir dar chapa três na Luz para o campeonato. Bruno de Carvalho gozava-nos diariamente e chegou a dizer que era importante os adversários começarem a dar mais luta. Era a bazófia total do outro lado da segunda circular.
Contudo, o Benfica acertou num meio-campo com Fejsa e Renato Sanches. Gaitán, Jonas, Mitroglou e Pizzi começaram a fazer magia lá na frente. O que não invalida, claro, que... não tenha havido sofrimento. Quem ainda hoje não se recorda daquele golo do Mitroglou em Alvalade? Ou do falhanço do Bryan Ruiz? Foram jornadas inacreditáveis.
O golo do Jonas nos últimos minutos no Bessa! O golo de Raúl Jiménez nos últimos minutos em Coimbra! Levar um golo do V. Setúbal na Luz logo no primeiro minuto e acabar a vencer a tremer, por 2-1. Ficar reduzido a dez contra o Marítimo ainda na primeira parte na Madeira, mas mesmo assim ir vencer por 0-2 na segunda parte. A última jornada já foi de uma festa gigantesca com o 4-1 ao Nacional. Benfica era tricampeão. Jorge Jesus e Bruno de Carvalho arrependiam-se de tudo o que tinham dito do Benfica, daquela equipa e de Rui Vitória durante o ano.
Em sentido inverso, claro... 2012/13. O ano em que o «Squeaky Bum Time» saiu ao contrário, com aquele horrível golo do Kelvin no Dragão. Mas benfiquista que é benfiquista, não gosta de se recordar disso e esperemos que este ano não aconteça nenhuma tragédia grega. Nestas oito jornadas finais, o Benfica ainda tem de ir ao Dragão, a Guimarães, a Braga e recebe o Sporting na penúltima jornada, portanto, emoção não vai faltar.
Esperemos que esta equipa se inspire em arrancadas passadas e já se sabe, quando o Ferrari Vermelho arranca..."

Filipe Inglês, in ZeroZero

domingo, 30 de março de 2025

SEMPRE, SEMPRE AO MAIS ALTO NÍVEL

 


"JÁ NÃO HÁ PALAVRAS, MUDE-SE-LHE O NOME PARA IRON MENDI!

A feliz expressão não é minha, é do Pedro Almeida Fernandes, um Benfiquista cuja opinião muito aprecio. E diz tudo o que nós pensamos e não conseguimos exprimir sobre o nosso imparável capitão, resume numa só expressão o somatório de todos os adjetivos com que desejamos classificar Otamendi. De modo que não acrescento mais nada - não vá estragar alguma coisa.
CARREGA, CAPITÃO!
CARREGA IRON MENDI!"

Jaime Cancella de Abreu, in Fcebook

🚨UMA EXIBIÇÃO QUE FICARÁ PARA A HISTÓRIA DO ÁRBITRO GUSTAVO CORREIA.



 


"✅️ 2 expulsões a favor do Sporting
✅️ 2 penalties a favor do Sporting
✅️ 7 jogadores do Estrela da Amadora amarelados.
✅️ 1 golo mal anulado ao Estrela.
É melhor chamarem uma ambulância que este não se aguenta em pé!! Isto deu penalti!
Tínha avisado...!!"

Alberto Mota, in Facebook

A TROPA DO BENFICA



 O Benfica venceu com competência e naturalidade o Gil Vicente, em Barcelos, e deixou em campo a ideia de que os jogadores estão em sintonia com a ideia que o treinador deles, Bruno Lage, tem repetido nas últimas jornadas - que será preciso juntar doses generosas de sacrifício e superação à qualidade que existe.

O Benfica colou-se ao Sporting na liderança do campeonato, depende apenas dele para ser campeão, mas os desafios da reta final são difíceis; implicam deslocações a Porto, Guimarães e Braga, além das incertezas de um dérbi na Luz precisamente com o Sporting e armadilhas a que será preciso estar atento, como as que podem colocar Arouca e Aves SAD, adversários complicados.
Numa fase da época em que os minutos pesam ainda mais nas pernas, em que existem problemas de ordem física, é fundamental ter pelo menos a cabeça no lugar e o coração a puxar pelas forças.
Testemunhos no relvado como os do insuperável capitão Nico Otamendi, do fragilizado Tomás Araújo, que recusa render-se, de Kokçu, há muito a pensar na equipa e não apenas nele, o passo em frente de habituais suplentes como Amdouni, ou a mais-valia que têm sido as contratações de inverno Bruma, Dahl e Bellotti, vão convencendo os benfiquistas de que realmente têm uma equipa, uma família, uma tropa preparada para a luta.
Não é por acaso que o líder tem insistido nestas três imagens e é seguramente nelas que se encontrará o próximo campeão nacional. Há imponderáveis, sortes e azares, mas definitivamente deixou de haver tempo para tiros nos pés e nos joelhos.
Nélson Feiteirona, in a Bola

MÁQUINA OLEADA APESAR DA PARAGEM, MAIS TRÉS PONTOS SEM ESPINHAS

 


"Gil Vicente 0 - 3 Benfica

Já dentro do estádio Cidade de Barcelos, cabeceira norte, são 19h39, entram para o aquecimento os nossos, Otamendi, refinado capitão, à frente, à comandante, está sempre pronto para tudo, impressionante!
Bruno Lage aposta numa frente de ataque com Amdouni, Belotti e Bruma: todos contam foi um slogan, todos contam tem sido uma prática. Amdouni, que repete a titularidade de Vila do Conde, mostra-se o melhor nos remates do aquecimento, vale o que vale.
Miguel Nogueira, portista de gema, é provavelmente o pior árbitro da Liga. Até chegar à primeira categoria protagonizou decisões escandalosas. Foi premiado: não é o primeiro, não será o último. Que o jogo não tenha casos é o que desejo.
Estádio literalmente a abarrotar, não cabe mais um feijão! Benfica é enorme, crl!
E VAMOS AO JOGO!
15 Benfica bem em posse, a trocar bem a bola, ao primeiro ou segundo toque, jogadores a ocupar bem os espaços, só falta mais acutilância.
22 bem Carreras a lançar geometricamente Bruma, bem Bruma a assistir Aursnes, melhor Aursnes a mandar lá para dentro!!! Um-zero! É justo, é merecido, é fundamental! Oooo, SLB, SLB, SLB, força SLB!
32 todas as bolas divididas com um homem do Gil no chão são faltas contra nós. Não se pode tocar nos meninos...
35 o jogo mantém a toada, estamos senhores disto tudo, a dominar em todas as zonas do campo. Fica a sensação que se acelerarmos um pouco mais, se arriscarmos um pouco mais, marcamos mais.
40 o Trubin tem sido pouco mais do que um espetador. Está aqui mesmo por baixo de nós, é enorme, uma mancha amarela.
45+1 a equipa está feita um relógio suíço, só falta dar horas, nem parece que viemos de uma paragem. Pede-se, porém, mais killer instinct - e dava jeito, muito jeito: sofria-se menos aqui no frio da bancada com dois ou três de avanço. Olhem aí as estatísticas de faltas ao intervalo: 4 para eles, 9 para nós. Eu não disse? 46 voltam os mesmos e agora atacamos para a nossa baliza.
50 toma lá mais um, de bola parada, muito bem trabalhada, bela combinação e BE-LO-TTI! Força, Benfica, allez!
55 Tomás Araújo no chão... vai sair? Quem entra? Ah, claro, está cá o Dahl. É bom que se vá rotinando na posição. Pelos vistos vai ter que jogar ali mais do que imaginava.
65 o Trubin hoje parece um feriado.
71 que receção irientada do Carreras! És enorme, Álvaro!
74 seja bem regressado, senhor Di Magia! Vamos precisar de ti, campeão, voltaste a tempo e horas, carrega!
79 Di María primeiro, Pavlidis depois, onde anda a pontaria? Queremos mais, amigos! 86 belo jogo do Kokcu, mais minutos para o Renato.
88 Aursnes, outro a fazer um grande jogo.
90 mais 6??? A que propósito?
90+3 penálti! Pavlidis dá a bola ao Di María, estatuto é estatuto. Três-zero!!!
90+6 já está! Benficaaaa, Benficaaaa, Benficaaaaa, Benfica dá-me o 39!"

Jaime Cancella de Abreu, in Facebook

A UM PONTO DO "PENTA"



 Águias não concederam veleidades ao emblema da margem sul do Tejo; quinto título consecutivo está à distância de um ponto e até podem celebrar este domingo, se o Sporting não vencer o Valadares Gaia.

Com um percurso invicto no campeonato, o Benfica caminha seguro rumo ao título nacional e, com nova vitória sobre o Racing Power (4-1), as águias colocaram-se a apenas um ponto de celebrar o pentacampeonato. Até poderão fazê-lo já na manhã deste domingo, caso o Sporting não consiga derrotar o Valadares Gaia.
As águias não concederam quaisquer veleidades ao emblema da margem sul do Tejo, que se encontra envolvido na disputa pelo quarto posto mas revelou-se incapaz de discutir o resultado e evitar o triunfo benfiquista.
A vantagem do Benfica começou a construir-se logo aos cinco minutos, num remate de longe de Anna Gasper que surpreendeu a guarda-redes Mika Bihina (pareceu ter a visão condicionada pelo sol). O Racing Power tentou reagir, a espaços, mas na segunda parte as encarnadas revelaram-se intratáveis, praticamente entrando a marcar, por Nycole Raysla, numa recarga a uma bola proveniente da defensiva adversária.
Ainda assim o emblema visitante ainda reduziu para a diferença mínima, por Aitana Martinez-Montoya, num remate em que Lena Pauels ainda esboça a defesa, mas sem evitar que a bola entrasse na sua baliza. O Racing Power chegou a acreditar, mas apenas por alguns minutos, já que aos 70 minutos as encarnadas voltaram a marcar, por Cristina Martín-Prieto, que foi servida na profundidade e resolveu o encontro.
Pouco depois, aos 78', Carole Costa desperdiçou uma grande penalidade, permitindo a defesa a Mika Bihina, mas o Benfica voltaria a marcar e a fixar números de goleada aos 90+7', no bis de Martín-Prieto.
DECLARAÇÕES
Filipa Patão (treinadora do Benfica): "Primeiro de tudo, quero dar os parabéns à nossa equipa feminina de andebol, que acaba de se sagrar tetracampeã. E boa sorte para todas as equipas que estão nestas fases finais importantes. Convém esta família estar junta e apoiar-se mutuamente, porque assim somos sempre mais fortes. Relativamente ao jogo, o Racing Power criou perigo em algumas bolas paradas e transições, mas tivemos sempre o jogo controlado. Ainda falhámos um penálti, mas eu acho que a história do jogo é esta. O Benfica sempre a tentar procurar mais um golo, e o adversário a tentar conter-nos o mais possível. Conseguimos fazer entrar várias jogadoras que precisavam de minutos e que conseguiram dar uma excelente resposta daquilo que tem sido o trabalho diário. Estão todas de parabéns, e a realidade é que estamos a um ponto, em três jogos, da consagração. Estamos mais próximos, e era isso que nós pretendíamos."




Nycole Raysla (avançada do Benfica): "Acho que fizemos um bom jogo e conseguimos o mais importante, que era a vitória. A análise individual é sempre boa, mas, agora, o mais importante é conseguirmos os três pontos. Então, é agradecer aos adeptos pelo apoio e focar no Valadares e nesse ponto que nos resta para sermos campeãs. [Posição em campo] Estamos na reta final e temos de fazer o que é melhor para a equipa. Independentemente da posição, vou dar o meu melhor para conseguirmos os nossos objetivos. Foi mais um dia em que pude contribuir e, agora, é rumo às próximas vitórias."




Liga BPI | 19.ª jornada | 29/03/2025
Benfica-Racing Power
4-1
Benfica Campus (Campo n.º 1)
Onze do Benfica
Lena Pauels, Marit Lund (Joana Silva, 83'), Beatriz Cameirão (Andreia Norton. 60'), Cristina Prieto, Nycole Raysla, Andreia Faria (Letícia Almeida, 83'), Jody Brown (Rakel Engesvik, 60'), Carole Costa, Catarina Amado (Chandra Davidson, 46'), Anna Gasper e Laís Araújo
Suplentes
Rute Costa, Joana Silva (83'), Andreia Norton (60'), Letícia Almeida (83'), Christy Ucheibe, Rakel Engesvik (60'), Lara Martins, Chandra Davidson (46') e Neide Guedes
Treinadora do Benfica
Filipa Patão
Onze do Racing Power
Michaely Bihina, Hannah Sharts (Bárbara Azevedo, 82'), Catarina Realista, Tânia Rodrigues (Mafalda Barboz, 61'), Carolina Mendes (Aitana Montoya, 61'), Inge Konst (Ana Assucena, 61'), Ashley Barron, Beatriz Rodrigues, Ana Nogueira, Marta Ferreira e Inês Gonçalves (Mercy Idoko, 85')
Suplentes
Ana Oliveira, Bárbara Azevedo (82'), Sara Garcia, Mafalda Barboz (61'), Mercy Idoko (85'), Ana Assucena (61'), Aitana Montoya (61'), Doly Wabeua e Matilde Coelho
Ao intervalo 1-0
Golos
Benfica: Anna Gasper (5'), Nycole Raysla (48') e Cristina Prieto (70' e 90'+7'); Racing Power: Aitana Montoya (64')

sábado, 29 de março de 2025

TETRACAMPEÃS NACIONAIS!

 


Benfica sagrou-se tetracampeão português feminino de andebol, ao vencer na receção ao São Pedro do Sul, por 27-20, na terceira jornada do Grupo A da fase final do campeonato nacional.

A equipa de Luís Monteiro chegou ao intervalo a vencer por 18-10 e confirmou no segundo tempo o triunfo, passando a somar 36 pontos, mais nove do que as viseenses e o Madeira SAD (que tem menos um jogo), sendo que já nenhuma das rivais poderá alcançá-la no topo da classificação, a três jornadas para o final.
O Benfica passa a somar 11 títulos de campeão, menos quatro do que o Madeira SAD.

DECLARAÇÕES

Luís Monteiro (treinador do Benfica): "Fizemos um bom jogo, principalmente na 1.ª parte. Controlámos sempre o jogo, estivemos bem nas tarefas defensivas. A equipa do São Pedro do Sul apareceu com algumas alterações, e estivemos a ganhar por sete/oito golos, o que nos deu algum descanso. Na 2.ª parte, baixaram muito o ritmo do jogo, e entrámos muito mais nervosos, um pouco ansiosos, também relacionado com o facto de este jogo ter o acréscimo de poder dar-nos o título com três jornadas por disputar, mas, se olharmos para o marcador e para aquilo que foi a 2.ª parte, tivemos sempre o jogo relativamente controlado. Ainda estou um bocadinho cansado do jogo, mas, efetivamente, para mim, tem sido uma experiência espetacular. Este grupo é fantástico, eu disse-lhes logo no início do jogo: 'Somos claramente a melhor equipa, porque temos as melhores jogadoras, a melhor estrutura, o melhor apoio, condições difíceis de igualar no andebol feminino e, por isso, somos a melhor equipa.' Realmente, é um trabalho que vem na sequência do que já tinha sido feito. Procurámos manter aquilo que estava a ser bem feito, demos algum cunho nosso, da nova equipa técnica, na construção desta equipa e o que é certo é que chegamos aqui ainda numa fase relativamente precoce da temporada e somos a equipa que já consegue ser campeã ainda em março. "




Benfica-AA São Pedro do Sul
Mihaela Minciuna (capitã do Benfica): "Acho que não é tanto pelo jogo em si, mas sim o que este jogo nos deu, que, no meu caso, já é o quarto título nacional seguido. Portanto, obviamente que acaba por ser um jogo muito especial, ainda mais especial por poder ser em casa, junto dos nossos adeptos, porque procuramos ganhar por nós, mas, acima de tudo, por estes adeptos, que fazem um esforço para estarem aqui presentes, para nos apoiar. E, então, obviamente, também é um bocadinho dar-lhes esta alegria a eles. Queremos ganhar todos os jogos até ao fim. Já temos o Tetra, mas ainda temos em jogo a Taça de Portugal, portanto, obviamente, é mais um título que queremos ganhar, e acabar a época em grande e conquistar tudo o que temos para conquistar até lá."
Benfica-AA São Pedro do Sul
Matilde Rosa (guarda-redes do Benfica): "Não foi um jogo muito bem conseguido da nossa parte. No último jogo que jogámos contra elas, conseguimos fazer melhor as nossas partes táticas e ofensivas, mas não deixou de ser um bom jogo. Defender as bolas é a minha parte, é ajudar ao máximo a minha equipa e hoje estive eu, como, para o próximo jogo, pode ser outra colega minha a tentar decidir o jogo. Sinto-me bastante orgulhosa, é a minha primeira vez campeã por este clube. A faltar três jornadas, é uma questão mais de alívio, mas, nestes próximos três jogos que vamos ter, não iremos baixar os braços por sermos campeãs. Irei dar o meu máximo até ao final da época e ainda falta um troféu, que é a Taça de Portugal."
Benfica-AA São Pedro do Sul
Patrícia Rodrigues (lateral-direita do Benfica): "Sabemos que o São Pedro do Sul tem uma excelente equipa, isso comprovou-se também ganhando ao Madeira SAD, e sabíamos que elas iriam entrar em campo tentando-nos adiar, neste caso, o Campeonato. Fizemos de tudo para vencer e podermos conquistar já o título nacional. Nunca antes tinha acontecido assim tão cedo, mas é sempre um orgulho tremendo ser campeã nacional pelo Benfica, este grande clube. Trabalhamos sempre do início ao fim para também honrar o símbolo que temos ao peito, não só nos jogos, mas também todos os dias dentro e fora de campo, porque temos de pensar que somos jogadoras, mas também temos um clube para homenagear sempre em grande. Também agradecer aos adeptos a forte presença hoje, mostraram-se sempre connosco e foi mesmo muito importante para conseguirmos vencer. Foi muito bom ganhar em casa, é sempre uma tremenda alegria termos o apoio do público, também nós próprias dentro de campo sentimos ainda mais alegria e não há nada melhor do que ser campeã nacional em casa."




Benfica-AA São Pedro do Sul
Campeonato Nacional | Fase final (Grupo A) | 3.ª jornada | 29/03/2025
Benfica-AA São Pedro do Sul
27-20
Pavilhão n.º 2 da Luz
Formação inicial do Benfica
Matilde Rosa, Mariana Costa, Constança Sequeira, Maria Unjanque, Alexandra Shunu, Samara Vieira e Duda
Suplentes
Audília Carlos, Rita Campos, Sofia Ferreira, Madalena Pereira, Patrícia Rodrigues, Joana Semedo e Mihaela Minciuna
Treinador do Benfica
Luís Monteiro
Formação incial da AA São Pedro do Sul
Filigénia Fernandes, Bruna Barbosa, Vera Costa, Carolina Justino, Elisandra Pedro, Iasmim Albuquerque e Sabryne Souza
Suplentes
Jhennyfer Silva, Julia Felisberto, Nicole Damascena, Inês Cruz, Kássia César e Greyce Santos
Ao intervalo 18-11
Marcadoras do Benfica
Constança Sequeira (6), Maria Unjanque (5), Duda (5), Mariana Costa (4), Rita Campos (3), Patrícia Rodrigues (2), Sofia Ferreira (1) e Samara Vieira (1)

"VIVA LÁ MUERTE!" OU O CANSAÇO DO LEÃO ENFURECIDO



 "Unamuno é um nome basco como poucos. E Miguel traz à memória Victorio e o chamado de Bilbau.


Unamuno: um daqueles apelidos telúricos. Em basco significa algo como colina solitária. Depois veio Miguel: Miguel de Unamuno y Jugo, nascido em Bilbau, no Casco Viejo, no dia 29 de setembro de 1864. Foi basco que falou e em basco escreveu, mas para o final da vida tornou-se bastante salamanquenho. Cedo órfão de pai, sofreu o dano dos dias difíceis. Fixou a frase: «Edozein egunetan ongi deritzot», qualquer dia é bom para mim. Estudou em Madrid, fez-se homem de princípios. Ensinou os outros. Teve dez filhos e viu seis morrerem ainda meninos. A dor fechou-se-lhe num lugar escondido do peito e fugia em letras. Miguel pode ter sido, de certa forma, uma colina solitária. Um rochedo rompendo o mar de um Espanha que perdia as colónias, punha em causa a monarquia, entrava em decadência cultural e caminhava a passos lentos e inevitáveis para uma das guerras civis mais sangrentas e cruéis que alguma vez alguém viu. No dia 12 de outubro de 1936, na Universidade de Salamanca, leu com voz firme o que terá sido o discurso mais minaz da sua vida: «Infelizmente há aleijados demais na Espanha hoje em dia», disse falando do general Millán Astray, um aleijado de inteligência aleijada. Ouviu em troca: «Muera la inteligência! Viva la muerte!». E os falangistas apontaram metralhadoras à sua cabeça. Morreu mesmo, seis semanas mais tarde: esvaiu-se por desilusão.
No anterior mês de abril, a Guerra Civil parou o campeonato espanhol de futebol. Os rapazes deixavam os relvados para mergulharem nas trincheiras. Talvez porque o destino não contemple coincidências e seja inevitável por natureza, o último campeão fora Basco: Athletic Bilbao. O treinador era inglês de Wolverhampton, Frederick Beaconsfield Pentland, antigo internacional pela Inglaterra, que orientara a seleção olímpica da Alemanha e fora apanhado em Berlim no início da I Grande Guerra e encafuado na prisão de Spandau. Um episódio sem ballett…
Mr. Pentland raramente abandonava o charuto e o chapéu de coco. Um daqueles ingleses que estão seguros de que a Terra é um planeta onde existe a Inglaterra, portanto. Trouxe consigo métodos de treino até então não vistos no país Basco e pôs os seus jogadores a praticarem um jogo de passe e repasse, controlando a bola na sua progressão em direção às balizas adversárias e, na fase final desse processo, insistindo nos remates fortes ou nos centros bem direcionados para a cabeça dos avançados. Na baliza tinha um seguro de vida: o enorme Ricardo Zamora. Na frente um quinteto de espaventar uma manada de mamutes: Gorostiza, Lafuente, Iraragorri, Bata, Chirri II e Unamuno. Era precisamente de Unamuno que eu queria falar. Até parece que nem falei antes, mas enfim. Victorio Unamuno Ibarzabal, natural de Bergara, Muy Noble y Leal Villa, na confluência dos caminhos de Oñate, Elgueta e Zumárraga, no território da Guipúzcoa. Forte como a Torre Luzea de Zarautz, duro como as Rochas de Zumaia, batalhador como Basajaun, o Homem Selvagem das Madeiras, sagaz como os iratxoaks da mitologia basca, Unamuno derrubava centrais com a facilidade com que um martelo pneumático fura uma parede de adobe. Aprendeu com o pai o ofício de avançado. Em seguida requintou-o. O maior dos seus rivais vivia porta com porta, e também vestia a mesma camisola: Agustín Sauto Arana, o Bata, El León Enfurecido, que lhe disputava o lugar e marcou sete golos ao Barcelona num 12-1 que não voltou a ter lugar. Foi para Sevilha três anos, jogar no Bétis. E o Bétis, com ele, foi campeão. Atraía triunfos à moda de um íman. Mas, ao contrário de Miguel, tinha por dentro um chamado irresistível. Era Bilbau e las balbainadas. Talvez aquele luar que se espalha sobre a ria espelhando areias, o movimento quase sexual das Siete Calles, as sombras das bétulas do Parque de Doña Casilda. Por causa de tudo isso, Yves Montand cantou: «Vieille lune de Bilbao que l’amour était beau/Vieille lune de Bilbao fume ton cigare là-haut». Regressou e foram dois: ele e Vicente, seu irmão, o Unamuno II. E um ano apenas, campeão outra vez. Já o Leão Enfurecido desistira de lutar…"

Afonso de Melo, in o Sol