"Semana após semana há erros clamorosos com o beneplácito de quem está sentado a ver as imagens. Alguns já eram medíocres como árbitros e agora servem para estar em frente ao monitor? Inacreditável!
A ferramenta Video Assistant Referee — árbitro assistente de vídeo em português — foi introduzida em Portugal em 2017 com o firme propósito de ajudar a esclarecer lances duvidosos e a ajudar o árbitro principal, mas ao longo do tempo percebeu-se que, apesar de ter o auxílio da mão humana, os erros permanecem em catadupa, muitas vezes com os culpados a defenderem-se com o dito protocolo que é ambíguo em muitas situações. O VAR foi sempre visto como uma mais-valia para o futebol mundial, daí a anuência da FIFA e da UEFA em utilizá-lo nas suas competições, mas em Portugal continua a ser tema de debate semanalmente, pois não trabalha como devia e alguns dos seus executantes parecem não ter competência para o colocar em prática.
Falo, sem qualquer tipo de rodeios, de ex-árbitros que quando estavam no ativo eram fracos técnica e disciplinarmente, com exibições paupérrimas, mas, pasme-se, quando atingiram o limite de idade foram gratificados por Fontelas Gomes, ex-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol. A incompetência ser premiada é algo que me faz muita comichão e a prova está o facto de nos últimos tempos as arbitragens voltarem a estar no olho do furacão, com os clubes a apresentarem e a fundamentarem as suas críticas com imagens televisivas. Pensei que o tempo de Bruno Paixão já era passado, depois de ter sido um árbitro sem categoria nenhuma, que teve como meritocracia chegar a VAR antes de se afastar — a bem do futebol — da arbitragem.
Mas o problema persiste, já que Fontelas Gomes quis perpetuar no tempo a incompetência de outros ex-árbitros que na função de VAR continuam fazer vista grossa a lances capitais, mesmo tendo imensos à sua frente. A lista incluem nomes como Vasco Santos, Rui Costa, Manuel Mota, mas a lista é mais extensa.
Pedro Proença, novo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, é conhecedor profundo dessa realidade e escolheu um novo homem-forte para o setor da arbitragem. Luciano Gonçalves é o novo timoneiro dos árbitros e terá forçosamente de tentar inverter esta tendência negativa que grassa no seio dos homens do apito, sob pena de o clima, já de si inflamado, chegar a um ponto sem retorno.
Na sua primeira alocução como novo líder do organismo máximo do futebol nacional, Pedro Proença prometeu mexidas enérgicas tanto na arbitragem como na disciplina, mas tem de passar das palavras aos atos. Este campeonato poderá estar ferido de ilegalidade por decisões da arbitragem e, desta feita, a culpa não pode morrer solteira. Exige-se tolerância zero para com a incompetência. Se o dirigente preconiza mesmo tocar em pontos sensíveis como é a arbitragem, comece desde logo por fazer uma limpeza dos atuais quadros , compostos por ativos que não acrescentam nada ao futebol, antes pelo contrário. Seria de bom tom explicar aos agentes desportivos e também ao público o protocolo do VAR, que tem sido aplicado consoante a cor de alguns olhos. Chegou a hora de dizer basta perante tamanha imperícia de alguns dos homens que, refastelados nos cadeirões da Cidade do Futebol, ajudam a desvirtuar a verdade desportiva com decisões que só eles não veem. Ou fecham os olhos de propósito..."
Paulo Pinto, in a Bola
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