Alfredo Silva foi o homem que protagonizou a invasão de campo no final do Benfica-Sporting. Nem é preciso recuar muito tempo para nos lembrarmos de outros episódios do género em campos portugueses. Já sucedera na Luz, com o Diabo de Gaia, no Dragão num empurrão a Pizzi e até em Alvalade, quando elementos da claque entraram pelo relvado adentro também num dérbi.
Numa pesquisa mais ou menos rápida num motor de busca, facilmente se encontram outros episódios envolvendo os grandes. Alguns bem longínquos, com décadas já em cima, mas que remetem para o problema: não é de agora, não é só de um clube.
Infelizmente, casos destes sucedem-se regularmente. Quem percorre o futebol dos escalões inferiores, distritais incluídos, sabe que se arrisca a ver esta cena. Espera-se, porém, que, primeiro, a segurança funcione num dérbi da dimensão daquele que opôs Benfica e Sporting no sábado; também, que os adeptos se saibam comportar; ainda, que a disciplina cumpra o regulamentado, mas já como complemento de uma primeira reação de quem é verdadeiramente lesado: a própria equipa e os outros adeptos.
São os clubes que devem saber agir primeiro – e aqui, sim, pode residir diferença entre eles –, são os clubes que têm de tomar medidas preventivas, passando por uma ação assertiva neste tipo de casos.
Mas como o problema não é de hoje, ele tem uma raiz bem mais profunda e leva-nos sempre ao mesmo: aos árbitros. Aos árbitros e como não se aceita que o insucesso faz parte do desporto. E já sei que muitas reações a este texto serão a dizer que o problema foi João Pinheiro, que é ele o culpado pela arbitragem que fez. Não foi. Culpado há só um, responsáveis haverá mais e esses nem precisaram de pisar o relvado.
A memória pode enganar-me mas creio que foi Ferreira Fernandes, num texto obviamente mais bem escrito do que este, que lembrou, falando da violência doméstica que levava o homicida suicidar-se logo após cometer o crime, que era uma pena o tipo que mata não se suicidar primeiro, pois isso resolvia a questão.
Um dia depois, o adepto do Benfica lamentou e pediu desculpa. Não matou ninguém, mas levando aquela ideia, bem podia ter-se arrependido primeiro…
Luís Pedro Ferreira, in a Bola




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