sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O EMBUSTE DA FUNDAÇÃO PORTOGAIA

PortoGaia, assim não vale
O CANTO DO MORAIS

Autor: CARLOS BARBOSA DA CRUZ

 
A questão da Fundação PortoGaia foi de novo trazida para a ribalta, fruto da avaliação que o Governo mandou fazer relativamente às fundações que beneficiavam de apoios públicos. Numa escala de 0 a 100, a PortoGaia conseguiu a distinta classificação de 26,1%, sendo uma das piores. Vale a pena relembrar alguns factos.

A Fundação PortoGaia foi constituída em 1999, fruto da associação do município de Vila Nova de Gaia e do FC Porto, tendo como propósito, de acordo com o site da autarquia, “promover, patrocinar e realizar atividades de fomento desportivo junto da população do concelho de Vila Nova de Gaia”.

Se ninguém questiona a legítima preocupação da Câmara de Gaia com a formação desportiva das suas gentes, já será, no mínimo, discutível prosseguir tal desiderato através de uma fundação. Mas se ele até há fundações para a defesa do Carnaval de Ovar, por que não do desporto em Gaia?

A PortoGaia não se poupou em esforços, gastou cerca de 16 milhões de euros para construir um moderno centro de estágio, com cinco campos relvados, bancada para duas mil pessoas, ginásio e centro de imprensa. Claro que a esmagadora percentagem deste investimento foi dinheiro público – entre 2008 e 2010, a PortoGaia recebeu 4,234 milhões de euros.

O que ganhou com isto a laboriosa população de Vila Nova de Gaia? Nada. Nada, porquanto, de acordo com notícias até hoje nunca desmentidas, a PortoGaia cedeu, em direito de superfície, o centro de estágio ao FC Porto, contra a renda mensal de 500 euros (!). Conclusões: a Fundação PortoGaia é uma fraude, um expediente para desorçamentação de verbas e devia ser extinta sumariamente, por óbvia desconformidade entre o seu objeto e a sua atividade real.

O FC Porto beneficia ilegitimamente de ajudas públicas, ao pagar pela utilização de um complexo desportivo construído com dinheiros públicos, uma contrapartida irrisória, que nada tem a ver com o respetivo valor de mercado. Numa atividade económica altamente concorrencial como é o futebol, esta prática contraria as mais elementares regras de lealdade, pelo que as entidades competentes deveriam repor expeditamente a legalidade.

O Olival pode ser o ticket do dr. Luís Filipe Menezes para a Câmara do Porto, não discuto. Não é, porém, uma forma séria de fazer as coisas.

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