sexta-feira, 29 de setembro de 2017

VONTADE TIRA DISCERNIMENTO


"Nem só com músculo e coração se ganha. Não deve ignorar-se a razão e a concentração.

Golo madrugador
1. Mesmo perante uma derrota por números tão expressivos, não pode apontar-se o dedo aos jogadores do Benfica em termos do músculo e coração que meteram no jogo, mas faltou algo fundamental, a estabilidade emocional. Provavelmente pelo momento que a equipa atravessa (mesmo vindo de uma vitória frente ao Paços de Ferreira), a vontade de ganhar e de dar uma resposta cabal retirou discernimento europeu aos encarnados, daí resultando sucessão de erros que não são normais. O primeiro golo do Basileia nasce de uma lançamento de linha lateral favorável ao Benfica, no último terço ofensivo, com a formação suíça a iniciar uma transição rápida, a contrastar com a lentidão do Benfica na recuperação defensiva. Essa desvantagem no marcador, muito cedo, obrigou Rui Vitória a alterar o plano de jogo inicial, alteração essa que passou essencialmente por subir o bloco colectivo, tentando pressionar o Basileia na sua primeira fase de construção, o que por sua vez deixou maior espaço nas costas da linha defensiva das águias.

Papel químico
2. Seria em mais uma bola parada a favor do Benfica (um canto) que o Basileia voltaria a marcar, novamente num ataque rápido e outra vez com a equipa portuguesa a não conseguir ganhar a primeira e a segunda bola e a sentir dificuldades para acompanhar a velocidade dos homens da casa. Dois golos quase a papel químico em termos de organização, face à lenta recuperação do Benfica.

Corredor esquerdo
3. Com Grimaldo e Cervi a funcionarem de forma positiva em termos ofensivos, explorando muito bem o espaço dado pelo Basileia no seu sistema de 3x5x2, o facto é que foram os mesmos intervenientes a sentir dificuldades em termos defensivos, sendo este o corredor preferencial para o Basileia chegar e importunar a baliza de Júlio César.

Descontrolo emocional
4. Com a entrada no segundo tempo e, pouco depois, o terceiro golo do Basileia, notou-se algum descontrolo emocional nos jogadores do Benfica, no que é exemplo a expulsão de André Almeida ao minuto 63. Com vantagem de três golos no marcador e em superioridade no número de jogadores, a equipa suíça preocupou-se em jogar mais no erro do Benfica, sem correr riscos, chegando dessa forma ao 4-0 e 5-0. Os últimos 15 minutos foram um inferno para os jogadores do Benfica, ansiosos pelo apito final."

Armando Evangelista, in A Bola

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