"«A adversidade desperta em nós capacidades que em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.» (Horácio, 65-8 a.C.)
Assim é que equipas que para além da concentração de jogos em tempo curto, conseguem disponibilizar-se para a competição em tempo inteiro, enriquecidas pela valorosa identidade dos seus profissionais que, embora esculpidos no caminho das dificuldades, transportam na seiva as pegadas da sua experiência, não usam as desculpas para esconderem as fraquezas nem os lamentos para afagar as ideias, vão à luta e fazem do jogo de Futebol um espectáculo coberto de beleza e emoção.
Poder-se-ia pensar que a fadiga competitiva, aliada às longas viagens, mudanças de hábitos de treino, jogos de grande intensidade em curtos intervalos de tempo, etc, poderiam gerar algumas quebras de rendimento. O facto é que se verificou no terreno das competições recentemente realizadas, jogadores ousados, reinventando comportamentos assertivos que ao longo dos jogos se viam confirmados.
Também como referia num artigo publicado em a bola.pt, a consciência é a base de toda a existência, facto que implica o absoluto o primado dessa mesma consciência sobre os demais elementos na construção da forma desportiva, física, atlética, técnica, funcional. Isto é, um corpo fisicamente em forma, mas descrente nos objectivos de conquista, não é de modo algum suficiente para garantir o sucesso no seu desempenho (Goswami, 2008 cit. Sousa, A; 2014).
Não deixa de ser interessante reflectir no teor das conferências de imprensa, expressas pelos seus mais qualificados intérpretes. Um discurso dos treinadores que se viu expressado sem subterfúgios, interagindo de forma absoluta e valorizando a força do grupo, promovendo a cooperação, explorando o seu potencial, manifestado com base no carisma de seu exercício de poder, por um código de valores e por uma exigência partilhada, protegendo implacavelmente quem lhe foi confiado como sendo propriedade colectiva, congregando um ambiente seguro onde a confiança e respeito atingem o estatuto duma verdadeira família.
Ouvimos o compromisso dos jogadores, apelando para transformar o estado da crença num desejo, que fez renascer a convicção para a conquista do sucesso. Como insistentemente refiro, a repetição duma afirmação positiva, é o melhor caminho para conquistar o pretendido. Porventura o pensamento positivo, traduz uma emoção que vai definir de forma clara um comportamento, que por sua vez se traduz num bom desempenho. Por isso mais do que reflectir nas condicionantes biológicas, fisiológicas, etc, numa equipa perante uma situação de dificuldade, deveremos antes de mais controlar os pensamentos, que movidos por uma cultura de honestidade, autenticidade, ética, resiliência e altruísmo, podem verem-se aperfeiçoados os seus desempenhos.
Os seus jogadores batem-se, jogam e lutam com a bravura dum guerreiro e vão mais longe na luta da sua conquista. Deixam no ar a linguagem da palavra ou a linguagem do silêncio, que acaba por ser o oxigénio que sustenta a convicção do êxito conseguido, porque o estado de alma envolto num espírito de conquista, é capaz de produzir um estado de crença que também gera biologia como força motriz de intencionalidade energética, onde se opera e alimenta o sucesso.
Nos dias de hoje através duma dinâmica de intervenção ou planificação de treino é possível a reconstrução dum modelo operacional, que após a avaliação de várias competências dos jogadores, poderemos atestar comportamentos, ajustar desejos, invocar convicções e partir para a viagem de sonho onde habita o êxito. Ao longo de vários artigos publicados nesta rubrica, fui anotando algumas dessas estratégias, que convido o meu estimado leitor a rever, tendo tido a oportunidade em as aplicar e cujos resultados concorreram para ajudar a rasgar os horizontes duma memória que sempre será convertida em felicidade e gratidão."
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