terça-feira, 23 de abril de 2019

PORTUGAL, A CHAMPIONS E A LIGA EUROPA


"O que valem as competições europeias para os clubes portugueses? São uma oportunidade ou um incómodo?

Portugal recuperou pontos-UEFA à Rússia na temporada 2018/2019 e isso representa, sem dúvida, uma boa notícia. Porém, além da má temporada dos clubes russos, que também ficaram atrás da Holanda e da Bélgica, a representação nacional teve intérpretes muitos dispares. E se o FC Porto foi bem eliminado pelo Liverpool, segundo da Premier League, e o Benfica foi mal eliminado pelo Eintracht Frankfurt, quarto da Bundesliga, já o Sporting abandonou a Liga Europa em confronto com o Villarral, décimo sétimo em, La Liga, enquanto que o SC Braga foi afastado pelo Zorya, que ocupa a quinta posição na Liga da Ucrânia e o Rio Ave despediu-se frente ao Jagliellonia, quarto do campeonato da Polónia.
Mas o mais grave na abordagem lusa às provas europeias é a sensação de que, ou é para meter as fichas todas nos milhões da Liga dos Campeões, ou então não vale a pena muito esforço, e o melhor mesmo é guardar energias para a competição interna.
E como será no futuro, na certeza de que, mesmo que não se chegue às Ligas europeias fechadas, o poder dos clubes mais ricos far-se-á crescentemente sentir?
Estarão os clubes nacionais minimamente motivados para competirem na 3.ª divisão da UEFA, que constará do calendário internacional a partir de 2021?
A competição interna é apaixonante e a rivalidade entre clubes representa um factor indissociável do impacto do futebol na sociedade. Mas os grandes saltos, em popularidade, dados pelos clubes portugueses, deveram-se ao sucesso fora de portas. Foi na competição internacional que se lhes abriram horizontes e ganharam dimensão e perspectiva.
Nesta fase, em que claramente 18 clubes na Liga são de mais, era preciso que houvesse vontade de formatar a competição à medida de interesses que transcendessem o umbigo de cada um dos clubes; e que cada um estivesse virado para a qualidade do jogo e a evolução da indústria do futebol. Mas não devemos perder tempo com essa utopia. De um país futebolístico onde os direitos televisivos não estão centralizados, os intervenientes directos clamam que o negócio está inquinado, e não há nenhuma entidade com força suficiente para devolver a sanidade à equação, não há muito a esperar.
PS - A recente rábula da fuga de informação das nomeações dos árbitros reflecte o estado da arte...

Ás
Augusto Inácio
Desportivo das Aves meteu uma lança em África ao triunfar em Guimarães, fazendo crescer para cinco os pontos que o separam da linha de água. Esgotado o (histórico e brilhante!) ciclo de José Mota nas Aves, eis como uma chicotada psicológica produziu efeitos tão positivos. Muito mérito de Augusto Inácio.

Ás
José Mota
visita ao excelente Moreirense era uma espécie de match-point que o Desportivo de Chaves devia salvar para continuar a sonhar com a manutenção. A vitória da equipa de José Mota, sofrida e suada, manteve vivos os transmontanos, que a seguir têm um mata-mata caseiro com o Nacional. Grandes emoções a caminho.

Duque
Costinha
O Nacional da Madeira está com a permanência na Liga muito complicada. A derrota com o Sporting foi, para os insulares, duplamente preocupante: em primeiro lugar porque necessitavam de pontos e não conseguiram; em segundo, porque não demonstraram aquele inconformismo próprio de quem luta pela salvação...

Uma lição de vida em forma de entrevista
«Era sempre eu que pagava tudo e tinha de emprestar dinheiro para tudo...»
Rúben Semedo, jogador do Rio Ave
magnífica entrevista de Irene Palma a Rúben Semedo, que foi ontem destaque na Bola TV e no jogar A Bola, devia ser de leitura obrigatória para todos os candidatos a profissionais de futebol. É um manual sobre os amigos de ocasião que se colam, como sanguessugas, aos mais incautos e sobre todos os erros, de A a Z, que um jogador pode cometer Oxalá Rúben vá a tempo de se reinventar.

'Vecchia' Juve é dona e 'signora' de Itália
As nuvens negras que toldaram os céus de Turim após a eliminação da Juventus, às mãos do Ajax, na Liga dos Campeões, dissiparam-se com a conquista do 35.º scudetto da vecchia signora, oitavo consecutivo. Quem pára a Juve em Itália? Para já, não há rival à vista e os Agnelli continuam a ter a mira na Champions.

Projecto ganhador
Quando apostou no futebol feminino, o Benfica construiu uma equipa de nível europeu para disputar a 2.ª Divisão nacional, o que provocou uma distorção competitiva assinalável, em muitas circunstâncias perniciosa para o próprio futebol. Cedo se percebeu que o grande objectivo da época encarnada seria a Taça de Portugal (além de criar uma base sólida para o futuro). Porém, uma derrota caseira na primeira mão das meias-finais, frente ao SC Braga, colocou em causa o êxito dessa demanda. No sábado, milhares de pessoas no Estádio 1.ª de Maio e muitos milhares mais através da Bola TV, viram a reviravolta do Benfica, num jogo que terá granjeado inúmeros adeptos para o futebol feminino. Em perspectiva uma final de casa cheia, quando, no Jamor, se defrontarem Benfica e Valadares-Gaia."

José Manuel Delgado, in A Bola

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