sexta-feira, 27 de março de 2020

VÍRUS


"Já é suficientemente claro para todos nós que estamos a experimentar formas de vida e modelos societais que não conhecíamos... 'Foi como se o dia escurecessse a meio', disse o Patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e ainda hoje continuamos a viver submersos nessa espécie de sombra, sob esse eclipse, no mesmo transe que tão inesperadamente veio suspender as nossas vidas. Perante o magna de comunicação que diariamente nos é disponibilizado em todas as plataformas e sem outros dados objectivos que possamos tomar como fiáveis, não nos resta senão cumprir no que, a cada um de nós, nos é pedido e exigido, no sentido de tentar vencer o 'monstro' tão brevemente quanto for possível e de modo a conseguir reduzir-se, no que pudemos, a dureza dos factos e dos números. Ainda não conseguimos ver o fim do drama que nos aflige. E sem podermos conjecturar uma data firme para que a saúde colectiva volte a estabilizar e a consolidar-se, ainda menos podemos imaginar, sequer, o que no final da terrível pandemia se nos apresentará como resultados estruturais, nas pessoas, nas famílias, na comunidade e na sociedade em geral.
Há duas semanas confinados às nossas casas neste quotidiano congelado, claro que temos saudades do desporto. Saudades do Benfica... Nunca teremos tido, aliás, tantas saudades de tanta gente e de tanta coisa, ao mesmo tempo: a família, um filho distante, um neto, ou uma mãe no hospital... Os outros parentes, os nossos atletas, os companheiros de trabalho...
A nossa empresa, as nossas conversas, um cafezinho com amigos, uma boa discussão sobre futebol, um passeio a pé... Quando será possível retomar o que e como fazíamos, a nosso bel-prazer?
Uma coisa é certa: este tempo suspenso deixa-nos pensar mais. Nós, cada um e todos nós, estamos um pouco diferentes... Enquanto vamos batalhando contra uma peste implacável (neste momento da vaga, com resultados talvez um pouco mais encorajadores...), pelo menos já provámos uns aos outros que, no fim das contas, todos juntos, também poderemos dar cabo do 'vírus no individualismo' que, dantes, tanto nos prejudicava, até nas nossas melhores aventuras colectivas...

Nota final
Deixem-me assinalar, com orgulho, a breve homenagem que, por estes dias, é devida aos Jornalistas e a todos os bravos artífices que, cada um no seu posto - conjuntamente com as equipas exteriores de Tipografia e Distribuição, assim como de composição da versão Digital - estão a honrar a História do nosso Glorioso Clube e, em especial, do nosso Jornal O Benfica. Recebem todos o meu sentido 'Muito Obrigado'!"

José Nuno Martins, in O Benfica

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