quarta-feira, 1 de julho de 2020

ÉPOCA BASQUETEBOL 2019/20

"A época de Basquetebol terminou e é altura de fazer uma introspecção à temporada que passou. 
Depois do despedimento de Arturo Alvarez a meio da temporada anterior, Carlos Lisboa acabou por regressar e ficar, numa decisão que não foi muito consensual para os adeptos. Houve muitas mudanças no plantel. A começar pelas saídas dos portugueses Miguel Maria, Jacques Conceição (angolano mas que contava como português) e Cláudio Fonseca, e dos estrangeiros Juan Cantero, Álex Suárez, Xavi Rey, Mickell Gladness. Além de Quentin Snider e Kris Joseph que já tinham saído no decorrer da temporada. Entraram para os seus lugares Toure' Murry (que viria a desaparecer das convocatórias a meio da época), Anthony Ireland (que chega já com a época a decorrer quando nos apercebemos que Murry não era um base organizador), Betinho, Damian Hollis, Eric Coleman, Gary McGhee e Anthony Hilliard (que também chegou a meio da época depois da lesão de Micah Downs e do desaparecimento do Murry). Resta dizer que mexidas nos americanos a meio da temporada, tem sido anormal para o Benfica, mas que na Europa fora é algo bastante comum no Basquetebol.
O racional por trás destas mexidas todas fez sentido. Rafael Lisboa precisava de mais minutos, como tal Miguel Maria só lhe iria tirar espaço. Este ano as regras permitiam ter cinco estrangeiros. Como a nossa base de portugueses é mais forte no back-court (com Rafael Lisboa, Tomás Barroso, Zé Silva, Fábio Lima) podemos ter um front-court mais pesado em estrangeiros. Daí termos dois postes americanos (Coleman e McGhee). O regresso de Betinho, permitia-nos ter o melhor português da modalidade, que contava, a nível de talento, como um estrangeiro.
A nível interno fizemos 26 jogos e vencemos 23. No Campeonato estávamos a 4 jornadas do fim da Fase Regular, com 22 jogos, 20 vitórias e 2 derrotas. As derrotas tinham sido contra o FC Porto e Sporting. Ambos fora de casa. O Sporting ia em primeiro, só com uma derrota, nos pavilhões da Luz. Na Taça Hugo dos Santos eliminámos o FC Porto no prolongamento, mas depois perdemos na final contra a Oliveirense, que tinha eliminado o Sporting, por apenas dois pontos. Fizemos apenas dois jogos para a Taça de Portugal. Vencemos ambos. Estávamos agora na meia-final, contra o FC Porto. Ou seja, não estava a ser uma época extraordinária, mas ainda tínhamos boas hipóteses relativamente aos dois principais títulos, até porque tivemos diversas baixas ao longo da época. A mais importante de todas foi a lesão de Micah Downs, mas não se ficou por aí.
Na Europa, foi uma das nossas melhores temporadas no passado recente. Demos boa luta na Fase de Qualificação da Champions League. Na primeira ronda eliminámos o Donar Groningen (1º lugar na Liga Holandesa). Na segunda ronda caímos diante do Mornar Bar de Montenegro (5º lugar na Liga Adriática). Seguimos daqui para a FIBA Europe League onde pela primeira vez passámos a primeira Fase de Grupos, num grupo com ZZ Leiden (4º lugar Holanda), BK Inter Bratislava (1º lugar da Eslováquia) e PVSK-Panthers (5º lugar da Hungria). Tivemos cinco vitórias e apenas uma derrota contra o Leiden. Na segunda Fase de Grupos, não nos apurámos para os quartos-de-final por uma unha negra. Ficámos no grupo com Medi Bayreuth (12º da Alemanha), Bakken Bears (1º da Dinamarca) e Spirou Charleroi (5º da Bélgica). Vencemos os dois jogos contra os belgas e o primeiro contra o Bakken Bears. Se temos ganho o último jogo contra os Bakken Bears na Dinamarca, tínhamos conseguido o apuramento.
Dos 14 jogadores que utilizámos na FIBA Europe Cup, 13 fizeram pelo menos 6.1 pontos por jogo. Se Micah Downs não se tem lesionado (acabou por participar apenas em 2 dos 12 jogos), podíamos ter ido mais longe. Os nossos melhores atletas foram:
- Anthony Ireland - 15º melhor jogador da FIBA Europe Cup em pontos por jogo e 4º em assistências 
- Eric Coleman - muita garra, muito impacto nos dois lados do campo - Betinho Gomes - top50 melhores jogadores em pontos por jogo e top10 melhores ressaltadores
- Micah Downs - no pouco que jogou, foi sempre dos melhores
- Arnette Hallman - outro jogador muito lutador, com maior impacto defensivo, mas que também contribui para o ataque
- Zé Silva - 46% de 3 pontos na Liga Portuguesa - Fábio Lima - melhor percentagem de 3 pontos da FIBA Europe Cup
- Rafael Lisboa - mostrou que pode ser o base da seleção nacional para os próximos 10-15 anos
Do lado menos positivo, tivemos:
- Gary McGhee - no papel era esperado que fosse o poste titular, à frente de Eric Coleman e que se enchesse de estatísticas defensivas. Na prática passou muito ao lado de quase todos os jogos
- Toure’ Murry - desapareceu do Benfica. O rumor que consta é que o treinador o tirou da equipa
- Damian Hollis - foi um regresso apagado. É um jogador que precisa de muita bola e nós já tínhamos 3-4 jogadores que têm muita bola também.
No geral, acho que a equipa esteve a menos uma derrota de ter tido uma boa época. Bastava termos ganho um dos jogos contra Sporting (F), Oliveirense (Final da Taça HdS) ou Bakken Bears (F) e tinha sido uma boa época. Acho que com o regresso de Micah Downs para a fase mais importante da época, que teríamos um reforço de muito peso que iria desequilibrar o Campeonato a nosso favor. Logo, nem se pode dizer que foi uma má época. Mas para a diferença de qualidade nos plantéis, particularmente em Portugal, esperava-se outra coisa.
Na próxima época para já ainda não há muitas novidades. O clube até agora já anunciou a saída de Gary McGhee, Anthony Ireland e Anthony Hilliard, sendo praticamente certo que pelo menos Toure’ Murry também deverá sair. Damian Hollis, para o que rendeu, também não me espantava que estivesse de partida. Além de que é raro os americanos ficarem no clube mais do que uma época, como tal Micah Downs poderá sempre ter mercado para outros voos. A nível de portugueses, não parece que vá haver nenhuma saída, visto que todos têm contrato ou já o renovaram (Zé Silva e Fábio Lima). O primeiro, e até agora único, reforço é Scottie Lindsey, um extremo jovem que estava a jogar na G-League. Faltam ainda, pelo menos, mais dois reforços. Um base organizador para o lugar que Anthony Ireland andava a ocupar, e um poste para competir com Eric Coleman."

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