"A situação no basquetebol português é muito grave, e há, de facto, razões para preocupação.
O FC Porto entendeu, na minha opinião injustificadamente, que foi lesado no lance derradeiro do jogo decisivo da época passada, no qual perdeu o campeonato para o Sporting, reagindo com um anúncio absurdo de boicote aos três árbitros dessa partida. No primeiro jogo do FC Porto em que um desses árbitros foi nomeado, os portistas não compareceram.
Até agora, em seis jogos do FC Porto, só por uma vez um desses árbitros foi nomeado, o que já causa estranheza. São três dos melhores árbitros portugueses: Fernando Rocha, presença assídua em fases finais de competições europeias, Carlos Santos e Paulo Marques, ambos experientes e conceituados.
Mesmo que o FC Porto tivesse razão, a exigência de exclusão de três árbitros das suas partidas seria igualmente inaceitável. Não se pode transigir perante uma interferência desta magnitude. É inconcebível que um clube determine que árbitros lhe convêm, e, caso a Federação aquiesça a tão inusitada exigência, é evidente que estará a promover uma óbvia e inqualificável pressão sobre a arbitragem.
Não só o FC Porto merece ser criticado. Se hoje (2/11/2021) consultarmos o site da FPB, constatamos que, na classificação do campeonato, o FC Porto não tem averbada qualquer derrota, apesar de ter faltado à partida com a Ovarense, desrespeitando adeptos, adversários e patrocinadores e desvirtuando a classificação. Uma falta de comparência injustificada é inapelável. Do que espera a Federação?
E também o corpo de juízes, os quais, ao se saber de intenção portista de boicotar os três árbitros visados, deveriam ter eles próprios, em bloco, pedido escusa de arbitrar jogos do FC Porto enquanto não houvesse um recuo portista, acompanhado de um pedido de desculpas.
Que fique claro: numa situação destas, se a consequência última for a desistência do FC Porto, então que desista. Não pode haver o mínimo de tolerância, condenação de um tão gritante condicionamento das competições."
João Tomaz, in O Benfica
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