Depois de uma hora com 'Famalicão' a mais, Schimdt lá decidiu dar largura à equipa, apoio a Pavlidis, e fluidez ao meio campo. A partir daí, o jogo foi outro. Será para continuar.
Perante um estádio da Luz lotado, que apenas manifestou desagrado pela exibição abúlica da equipa de Roger Schmidt quando Iancu Vasilica apitou para o intervalo, os primeiros 64 minutos do Benfica deixaram muito a desejar, perante um Casa Pia que se organizou em 5x4x1, procurou ter bola sempre que os donos da casa afrouxaram a pressão, e dispôs da melhor oportunidade da metade inicial quando, aos 37 minutos, Samuel Obeng não deu o melhor destino a um cruzamento da direita de Larrazabal.
Até às substituições que mudaram a face da partida, a ideia que ficou foi de que Roger Schmidt não tinha aprendido nada com o desaire (e sobretudo com a péssima exibição) de Famalicão. Os mesmos ‘gémeos’, Florentino e Barreiro, com escassa chegada à frente, na cabeça da área; o mesmo Aursnes a querer estar em todo o lado e muitas vezes a não estar em lado nenhum, lançando a anarquia tática; Prestianni, sempre à procura de jogo, mas sem ser o apoio de que Pavlidis necessitava; e João Mário, que foi perdendo lucidez à medida que os minutos passavam (até se tornar alvo do Terceiro Anel, na segunda parte), a ser insuficiente para colocar ordem na casa, contribuindo, muitas vezes, para o intolerável afunilamento do jogo encarnado. Com tudo isto foi vivendo bem o Casa Pia, que nunca se despenteou na organização, e sempre que pôde deitou água na fervura, guardou a bola e procurou, especialmente através do lado direito, atacar as costas de Beste (que durou 18 minutos) e de Carreras. Para se ter ideia dos primeiros 45 minutos , o Benfica fez dois remates enquadrados, um com algum perigo, outro à figura, e o Casa Pia um, que Trubin defendeu para canto.
Finalmente fez-se Luz
No segundo tempo, sem que Roger Schmidt mexesse na equipa, nada se alterou do lado encarnado, enquanto que João Pereira foi o primeiro a fazer prova de vida, refrescando os gansos com Raul Blanco e Telasco Segóvia, aos 58 minutos. Começava a impaciência a apoderar-se dos adeptos encarnados quando o técnico alemão, de uma vez só, aos 64 minutos, fez três alterações que viraram a sua equipa do avesso, apostando em princípios de jogo opostos aos que tinha até então posto em prática. Vamos por partes: trocou Barreiro por Kokçu, ganhando um oito para o duplo pivot, alguém com chegada à área e capacidade para lançar jogadas (no 1-0), ou fazer assistências (no 3-0); tirou João Mário, passou Aursnes para a direita e colocou Tiago Gouveia bem na esquerda. De uma penada, deu largura à equipa, e, como que por milagre, Bah e Carreras passaram a sentir-se muito mais confiantes para se integrarem nas manobras atacantes (com o ‘plus’ de Tiago Gouveia ter feito um golo e uma assistência para Pavlidis); ‘last but not least’, apostou em Marcos Leonardo na vaga de Prestianni, dotando Pavlidis de companhia, facto que o grego muito agradeceu. Tudo somado, os 26 minutos finais do Benfica (que ainda apanhou um susto aos 73) valeram mais do que os 154 anteriores jogados nesta edição da Liga de 2024/25. Terá sido por acaso? Não parece.
Cumpridas duas jornadas, os benfiquistas otimistas dirão que a equipa já tem mais dois pontos que na temporada passada, frente aos mesmo opositores; os pessimistas apostarão que na próxima ronda voltará tudo à primeira forma. Uma coisa perece certa: confirmando-se a saída de Neres e muito provavelmente de Arthur Cabral, o Benfica tem muito trabalho a fazer até que feche o mercado.
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