quarta-feira, 5 de março de 2025

BRUNO VARIAÇÕES: HÁ POUCO DESVALORIZADO, AGORA ELOGIADO

 


O Benfica viveu uma desejada e merecida pausa na semana que passou, depois de dois importantes objetivos conseguidos. Foi saborear e olhar em frente, porque hoje já temos de volta uma grande noite de retoma europeia e logo com um colosso mundial. Há muitos anos, a história internacional marcante do Benfica começou a fazer-se contra este mesmo Barcelona, também então amplamente favorito...Porém, no final, foi um tal Senhor José a levantar a famosa Taça dos Campeões Europeus. Então como agora, não há impossíveis.

Voltando à semana passada e àquilo que se viu, a equipa evolui, agora sim, para exibições mais seguras e equilibradas. Muitas oportunidades criadas, como se pretende, embora com aproveitamento baixo, mas que resultaram em duas vitórias fundamentais. O Benfica ficou muito próximo do Jamor, um exagero de tempo depois, e o desejado e suado regresso ao topo da Liga aconteceu. Das emoções fortes vividas, para uma semana sem jogo, de algum descanso, mas já de preparação para o novo embate internacional.
Lage resolveu assumir, com coragem, a opção sempre arriscada de rodar de uma maneira mais substancial o onze, atravessando simultaneamente um incómodo mar de lesões, e foi justamente premiado. Nas últimas semanas, a equipa acabou por viver inesperadamente três realidades táticas diversas e correu bem. Além do sistema mais habitual, o líder da equipa recorreu depois a três centrais nos Açores. Por último, no encontro com o SC Braga, a escolha recaiu em dois avançados mais declarados, Pavlidis e Bruma, de indiscutível influência, apoiados pela maturidade e coordenação central de Ausrnes e Kokçu. Em comum, nas três versões táticas, esteve uma equipa mais equilibrada, permitindo menos espaço aos adversários. Um mister há pouco desvalorizado, é agora elogiado. Que originalidade!
A maior surpresa foi a titularidade de Dahl, mas relativa, em virtude da clareza e simplicidade como se tem imposto com o seu futebol refinado e seguro. Bom exemplo individual, que personifica aquilo que o Benfica há algum tempo persegue, de consistência, continuidade e solidez tática.
História sueca
Recuando ao tempo das apostas suecas, estas foram iniciadas por um dos poucos agentes que naquela altura se percebiam, de nome Borg Lantz, também ele sueco, residente por cá. Depois de Stromberg, com quem não joguei, chegou Thern, que era uma especial máquina de força que enchia o campo, dificilmente perdendo o controlo. Magnusson era o mais talentoso, grande parceiro, mas também o menos guerreiro. Já Schwartz, normalmente tímido, transformava-se, quer em treino quer em jogo, para o limite da agressividade sem a qual não funcionava. Um grupo de jogadores que deixa saudades, como profissionais e companheiros.
Agora a vez é de Dahl, evoluído tecnicamente e sólido como os seus compatriotas com história no Benfica. Uma frieza e segurança de fazer inveja. Tem uma morfologia pouco nórdica, mas uma maturidade precoce para um jovem recém-chegado. Que venham mais destes.
Substituídos
Volto a um tema sempre atualizado, agora por Garnacho, do Manchester United.
Os jogadores contemplados com a placa que ilumina o seu número não saem normalmente satisfeitos, já se sabe... Alguns, como recentemente o jovem extremo argentino, deixam muito claro que não concordam com a sua saída. Cara feia, pontapés em tudo que aparece, etc. Não pensam sequer nos problemas que o seu comportamento pode provocar. Talvez um dia se vierem a ser treinadores o entendam...O orgulho e o egoísmo fala mais alto em jogadores que, pertencendo a uma equipa, jogam principalmente o seu jogo. É um momento sempre crítico e dispensável, que põe em causa publicamente o critério do líder da equipa, mas também o colega substituto.
Tentando compreender estes incómodos comportamentos, podemos perceber a vontade de continuar em campo, a suposta injustiça de que se é vítima e o desgaste que a competição provoca, que tiram o necessário discernimento e razoabilidade. Mas, pelo devido respeito e a bem da equipa, convém evitar.
Carnaval sem lei
Para mim, é imoral a habitual e viciada dança de treinadores a que assistimos na nossa Liga. Um dia num clube, na semana seguinte já se joga contra o clube de onde mal se saiu, e na mesma competição! E não, não é por ser Carnaval, nem por falta de bons treinadores ou cursos, bem caros por sinal. Os critérios ficam ao sabor de agentes e dos seus interesses. Acontece, porque é permitido por cá, ao contrário do que acontece noutros países e ninguém parece importar-se. É uma alegria, mas só para alguns, e não interessa se corre bem ou mal, porque o agente mágico resolve. Até quando?
Rui Águas, in a Bola

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