quarta-feira, 25 de julho de 2012

ANDEBOL - ENTREVISTA COM JORGE RITO


Em entrevista com Jorge Rito: ''Só sei trabalhar para ganhar''

Trabalhar para ganhar. Este é o lema de Jorge Rito. O técnico do Benfica em entrevista exclusiva ao modalidades.com.pt falou da temporada de estreia no emblema encarnado, a qual admite, estar longe daquilo que era o seu objectivo: vencer tudo. Para esta época Jorge Rito está a rodear-se de jogadores da sua confiança para o ataque ao título. O treinador, natural de Alcobaça, falou ainda do seu passado. Fique a conhecer um pouco mais de Jorge Rito. Perfil: Nome - Jorge Manuel Gonçalves RitoData de Nascimento - 16-10-1962Clubes como sénior - ABC de Braga, Ac. Fafe e BenficaTítulos - Campeonato Nacional (2005/2006 e 2006/2007); Taça de Portugal (2007/2008 e 2008/2009);  Modalidades.com.pt: Chegou ao Benfica para ganhar títulos, mas na primeira temporada acabou por ficar no 4º lugar do campeonato nacional e sem qualquer troféu conquistado. Foi uma desilusão? Jorge Rito: Tenho que admitir que os resultados alcançados pela equipa de andebol do Benfica na época passada não corresponderam, minimamente, aos objectivos definidos inicialmente, em função do valor potencial dos nossos jogadores e também da força relativa dos nossos adversários. Tendo em conta as soluções técnicas que dispúnhamos no plantel e das condições proporcionadas pelo clube para treino e competição, tínhamos a obrigação de apresentar outro conjunto de resultados a nível interno. Nesse ponto de vista a época foi para mim uma desilusão, pois vim com a ambição de ganhar tudo. Isso eu não posso negar. Por outro lado, sei, igualmente, que o ano de transição nunca é fácil para nenhum treinador. Hoje conheço melhor o clube e os jogadores do que conhecia à um ano atrás e, consequentemente,  ao projetar esta nova época tive isso em conta. "... a época foi para mim uma desilusão, pois vim com a ambição de ganhar tudo" Encontrou no Benfica, as condições que já não conseguiria reunir em Braga, ou foi apenas o fim de mais um ciclo? O ABC de Braga é um clube com uma natureza única em Portugal. A paixão com que se vive o andebol em Braga, desde a formação até aos seniores é inigualável no nosso País. A forma como os responsáveis deste clube estão no desporto é, hoje em dia, cada vez mais raro de encontrar. Por todos estes motivos, não foi difícil trabalhar no ABC 25 anos da minha vida, dos quais 7 como técnico principal. A gratidão demonstrada, em todos os momentos, pelos diretores e adeptos, foi o gesto de confiança que precisei para estar tantos anos ligado a este Clube. E, certamente, por muitos mais anos lá continuaria caso o Benfica não surgisse no meu caminho com uma oportunidade de trabalho ao mais elevado nível. Como técnico, disponho no Benfica de condições de trabalho de excelência como não existem em mais nenhum outro clube português. Compete-me agora, enquanto técnico principal, rentabilizar todos os recursos existentes no clube e materializá-los em vitórias.  andebol Benfica
Jorge Rito
O Benfica encontrou um FC Porto muito forte, ou em determinados períodos da época acha que a sua equipa podia ter estado melhor? É um erro crasso estarmos repetidamente a referir-nos à nossa prestação tendo como termo de comparação o principal rival. Uma equipa com ambição de lutar pelo título não tem o direito de perder 10 pontos com o Madeira Sad e ABC, num campeonato de regularidade. Para lutarmos pelo título com o Porto não podemos ser os nossos principais adversários, como em muitos casos aconteceu esta época.   "Uma equipa com ambição de lutar pelo título não tem o direito de perder 10 pontos com o Madeira Sad e ABC" Que rescaldo pode então fazer da primeira época? Dois aspectos a referir. Primeiro, e como já foi dito, relativamente aos resultados desportivos a nível interno a época ficou muito aquém dos resultados desejados por nós e pelos adeptos. As razões do insucesso foram discutidas e tomadas as medidas consideradas fundamentais para que a nossa equipa possa estar mais forte na presente época. Em segundo lugar, devo referir, pela positiva, que foi realizado muito trabalho no sentido de preparar o futuro do andebol do Benfica, com a integração regular nos treinos dos séniores de atletas júniores, e na observação e acompanhamento dos talentos mais jovens. Fundamentalmente, este primeiro ano no Benfica deu para perceber que há muito trabalho para fazer e que só com muita paixão, empenho, competência e humildade, conseguiremos ser melhores não só na alta competição, como também na formação. Está a rodear-se de jogadores da sua confiança para o assalto ao título nacional? É sempre com a esperança de ganhar títulos que partimos para uma nova temporada. Sabemos que para isso acontecer não basta nós querermos, é necessário, antes de mais, ter as ferramentas adequadas. A escolha dos jogadores é um processo de vital importância na preparação de uma época desportiva, e essa escolha deve obedecer a um conjunto de critérios, entre os quais terá de estar presente a confiança. Não posso conceber o processo de treino ao mais alto nível, quando a cumplicidade entre jogadores e treinador não é total.  Bastante reforçado, sente maior pressão para a época que se avizinha? Quem me conhece sabe bem que eu sou o primeiro a procurar a pressão naquilo que faço. Só sei trabalhar para ganhar, caso contrário deixaria de ser treinador. Poderá Davor Cutura representar para o SL Benfica o que Tchikoulaev representou para o domínio do ABC? Ao contratar o Cutura pensámos num andebolista de elevado nível técnico/táctico, com personalidade que possa contribuir para melhorar o grau de ambição da equipa. Tem características nos seu jogo que pensamos e desejamos se adapte ao modelo de jogo táctico da equipa. Pode, em muitos momentos, ser um jogador desiquilibrador, mas será fundamentalmente um jogador que virá para servir o colectivo. "Donner transformou o “status quo” em que vivia o andebol português" História A sua estadia e estudos na ex-União Soviética foram fundamentais para a paixão pela modalidade? Não. A minha paixão pela modalidade começou quando tinha apenas 10 anos, altura em que comecei a jogar andebol num clube em Alcobaça. Quando decidi viajar para a Ex. União Soviética foi com a intenção de me licenciar em Educação Física e especializar-me em Andebol. Nessa altura já sabia que o meu futuro iria estar definitivamente ligado a esta modalidade. O que representa para si o professor Aleksander Donner? A imagem de um treinador profissional que na década de noventa, encontrando condições ímpares de trabalho no ABC e uma geração de ouro,  que transformou o “status quo” em que vivia o andebol português. Foi um treinador com quem aprendi muito do ponto de vista técnico/táctico. A presença do ABC na final da Liga dos Campeões foi o maior momento da história do andebol nacional? Sem dúvida. Muito dificilmente um momento como aquele se voltará a repetir. Qual a importância da sua passagem pelo Fafe na afirmação da sua carreira? Marcou o início da minha carreira como treinador principal. Foi um ano muito rico em termos de experiência profissional, pelo qual devo a minha gratidão aos directores do Fafe

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