Bagão Félix elogia obra de Vieira mas quer mais títulos no futebol
António Bagão Félix votou cerca das 13 horas no pavilhão da Luz e deixou uma mensagem de lucidez sobre o que os sócios do Benfica esperam das eleições de hoje.
«O que qualquer benfiquista quer são mais títulos. Mas também a credibilidade e a honorabilidade institucional do clube. Depois, a ideia de salvaguarda sólida e sustentada do futuro. O País, e não só, passa por uma crise muito grande, e os clubes não podem viver à margem. Deve haver mais ponderação e racionalização das estruturas. Deve haver ponderação nas decisões, embora o futebol seja feito muito de emotividade. Também sou sócio e quero que se ganhe, mas são elementos decisivos para o próximo futuro, sob pena de andarmos a pensar em fantasias e ilusões», afirmou aos jornalistas.
Sobre a campanha, ficou agradado com a discussão de alguns temas. «Houve ideias importantes nesta campanha, ao nível da racionalização das estruturas. E há uma decisão que pessoalmente aplaudo vivamente, embora ache que não deveria ter sido anunciada na campanha eleitoral, porque estamos perante uma situação de governo de gestão. Mas é uma decisão que aplaudo, que é uma nova maneira de encarar o futuro dos direitos televisivos. É um ato de grande lucidez, de grande coragem e que certamente revolucionará a parte em questão do desporto português e do futebol em particular», disse a propósito quem é uma eterna reserva moral do clube mas se descartou de quaisquer movimentações eleitoralistas: aliás, nem quis revelar em quem votou.
«Não sou eterno, nem candidato, nunca o fui candidato. As pessoas que me conhecem sabem quais são as minhas restrições de natureza pessoal. Não as vou divulgar», foi tudo quanto aceitou revelar sobre a sua disposição a estes respeito.
E questionado sobre se Luís Filipe Vieira tem estado à altura da história do clube, fez um balanço pormenorizado e positivo. «Qualquer um de nós, quando faz o balanço da sua própria vida, pessoal e profissional, vê aspetos positivos e negativos. Luís Filipe Vieira não foge à regra».
Na visão do antigo ministro das Finanças, Vieira tem muita obra feita. «Desde logo, ele e Vilarinho resgataram o clube de um dos períodos mais negros da sua história. E foram fundamentais em todas as infraestruturas que são hoje muito importantes para o Benfica, como o estádio e o centro de estágio, no Seixal. Por outro lado, resgatou a credibilidade institucional e financeira do clube. E nas modalidades e na política de formação está a melhorar-se bastante», disse Bagão Félix.
De menos positivo nos nove anos de presidência de Vieira, o colunista de A BOLA mostrou a costela de adepto sempre sequioso de mais e mais vitórias. «De menos positivo no seu mandato, talvez aquilo que é o mais importante para qualquer sócio, que é ganhar! Ganhou-se algumas vezes, mas nós, benfiquistas, somos insaciáveis! E o nosso ‘core business’ é ganhar, são títulos! Títulos como deve ser: com racionalidade, com lucidez. É o que também queremos», afirmou a propósito.
E Bagão Félix «não vê mal algum» em Luís Filipe Vieira estar a alguns dias de se tornar o presidente do Benfica mais tempo no cargo, nos 108 anos do clube (ultrapassa Bento Mântua em dezembro). «É importante e bom que haja estabilidade, e até a passagem do mandato, de três para quatro anos, parece-me positiva. Critiquei bastante a revisão dos estatutos do clube, mas nesse aspeto sou favorável.»
Do que este benfiquista muito cumprimentado e saudado pelos consócios presentes discorda é que, para se ser presidente do Benfica, se tenha de ser sócio efetivo há pelo menos 25 anos, e sendo maior de idade. O que resulta na impossibilidade, mediante a última revisão estatutária, de alguém ser presidente do Benfica com menos de 43 anos, num País em que a Constituição determina que se pode ser Presidente da República aos 35 anos.
«Deve acautelar-se o arrivismo, ou seja as pessoas inscreverem-se como sócias ontem e hoje já poderem ser candidatas a tudo e mais alguma coisa. Isso não pode ser assim, esse perigo tem de ser sempre erradicado e acautelado. Agora nem 8 nem 80: não se deveria passar para o exagero de se exigir, para se ser candidato a um órgão social do Benfica, ter pelo menos 25 anos de sócio e 18 de idade, ou seja 43, mais 8 anos do que para se poder ser Presidente da República. Acho que se deve aumentar a exigência, mas 25 anos de sócio... Só se pode presidir ao Benfica aos 43 anos?! Porque é que não se pode sê-lo aos 38, 39 ou 40?! Se um Presidente da República pode ser, acho que não faz muito sentido», concluiu.
A BOLA
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