quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O " GALO " DOS OVOS DE OURO

O "galo" dos ovos de ouro

Autor: MIGUEL CHAMUÇA, TÉCNICO DE TV POR CABO, 29 ANOS

 
Há pouco menos de um ano, cerca de 83% dos benfiquistas renovaram os votos de confiança na liderança de Luís Filipe Vieira, endossando-lhe mais três anos de presidência do Sport Lisboa e Benfica.

O tiro da nação benfiquista, certeiro, só parou no fatídico minuto 92, qual colete à prova de bola, dos jogos decisivos da temporada passada. Contudo, foi suficiente para deixar uma marca bem evidente: os benfiquistas acertaram em cheio na reeleição do presidente.

Há não muitos anos, havia no Benfica uma estranha apetência para caminhar de olhos vendados à beira do abismo. Durante mais de duas décadas, o clube adormeceu à sombra de um passado carregado de glórias e viu o FC Porto criar uma estrutura de aço, forte e blindada, que embalou os dragões para uma hegemonia ímpar no futebol português.

“Salganhada” era o modelo de gestão adoptado no Benfica. Multiplicavam-se as gestões danosas e, em 2003, quando Luís Filipe Vieira abraçou o projecto “Benfica”, o clube encarnado vivia a maior crise de todos os tempos, estando financeiramente comprometido e desportivamente moribundo.

Com uma herança pesada e uma situação quase irreversível, Vieira reconstruiu o Benfica do zero. Abanou as fundações do futebol português e ergueu uma das mais sólidas e competentes organizações que o desporto em Portugal já conheceu. Recuperou o crédito que o nome “Benfica” já tinha perdido, potenciou a marca “Benfica” para níveis industriais e conseguiu, finalmente, aproximar-se do grande rival, o FC Porto.

A solução dos problemas do Benfica revelou-se, nas mãos de Vieira, um ovo de Colombo. Simples de processos, mas pragmático e com um discurso motivador, sempre virado para o futuro, Vieira remediou o que parecia irremediável.

O “obreiro” do novo Benfica reinventou o clube a todos os níveis. Ergueu um novo estádio, criou um centro de estágios com condições de topo, um museu ao nível dos melhores do mundo e fez do Benfica o clube com mais associados no planeta e criou um canal de TV que explora os direitos de transmissão do próprio clube. Conquistas importantes, sobretudo do ponto de vista financeiro, que penteiam o terreno para um futuro promissor.

O que tem, no entanto, dividido a nação benfiquista nos últimos meses é a falta de títulos nos últimos anos. Os adeptos, sempre impacientes, querem ver materializada a força do novo Benfica. E não aceitam a derrota num clube habituado a vencer.

Às preces benfiquistas, Vieira responde com promessas cumpridas. O agora 49º homem mais poderoso da Economia portuguesa devolveu o clube encarnado aos grandes palcos europeus, 23 anos depois, e, juntamente com Jorge Jesus, ameaçou a supremacia portista dos últimos anos.

Restam os títulos nacionais, que ainda teimam em aparecer em catadupa. Porém, a paciência é uma virtude a aconselha-se. Porque para se fazer a omelete, é preciso esperar que a galinha acabe de pôr o ovo.

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