quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
UMA ANÁLISE DA ENTREVISTA DE VIEIRA
A entrevista que Luís Filipe Vieira concedeu a A Bola é, antes do mais, uma entrevista de estado. Um presidente que vive um tempo de estabilidade, sem oposições manifestas, que não precisa de efeitos especiais para chamar a atenção dos adeptos do seu clube.
Daí que a direção do discurso de Vieira tenha sido, sem qualquer desvio, a da continuidade da obra.
O presidente do Benfica sabe bem que não precisa de recorrer à ideia da mudança para motivar e mobilizar os benfiquistas. A sua opção para o futuro é clara: continuar a ganhar e, para isso, o que Vieira propõe é que se continue a trabalhar muito e a falar pouco, numa evidente alusão ao prolífero discurso do homem de quem o presidente do Benfica estrategicamente não fala: Bruno de Carvalho.
Percebeu-se, na entrevista, uma intenção clara de desvalorizar o adversário, recusando-lhe lugar no mesmo palco. Daí a insistência em falar, apenas e só, do Benfica, aproveitando para lançar novidades importantes como o centro de alto rendimento para as modalidades, novas formas de financiamento, como a construção de um hotel no centro da cidade de Lisboa, ou o reforço da aposta de comunicação, criando a Benfica Rádio.
Vieira tem indiscutivelmente bons resultados da sua gestão para apresentar publicamente, por isso, o seu discurso é o da consolidação de um projeto que ele anuncia como longe de estar terminado.
Perante o perigo de uma liderança de desgaste, já feita de satisfação e conforto, Vieira apresenta o futuro do Benfica com o manifesto entusiasmo de quem o quer protagonizar.
Vítor Serpa in a bola
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