Domingo à noite há Sporting-FC Porto e Um Azar do Kralj antecipa um grande duelo entre Francisco Marques, Nuno Saraiva e José Marinho, “de teclas afiadas, prontos para comer a relva e lutar pela vitória na Liga NOS dos subterfúgios”. “Ainda não sabemos quem ganhou, mas cada qual fará como o PCP em noite eleitoral”.
As marcas de desporto gostam de dizer ao consumidor que o futebol é muito mais do que um jogo. Serve isso para vender artigos desportivos e o sonho a estes associado: um corpo tonificado, uma mente sã e um propósito qualquer maior do que nós. Problema: o futebol é de facto mais do que um jogo, mas em Portugal faz-se uma interpretação livre do conceito. Futebol é o jogo jogado, mas isso é apenas um pretexto para dar lugar à modalidade favorito de quem trabalha nos clubes.
As marcas de desporto gostam de dizer ao consumidor que o futebol é muito mais do que um jogo. Serve isso para vender artigos desportivos e o sonho a estes associado: um corpo tonificado, uma mente sã e um propósito qualquer maior do que nós. Problema: o futebol é de facto mais do que um jogo, mas em Portugal faz-se uma interpretação livre do conceito. Futebol é o jogo jogado, mas isso é apenas um pretexto para dar lugar à modalidade favorito de quem trabalha nos clubes.
Nope. Não é o futebol. É o tiro ao alvo. É o faroeste da comunicação bélica antes, durante e depois do jogo. É questionar a idoneidade do VAR. É escrever manifestos insinuantes sobre o estado das coisas. É denunciar sem provas. É fazer tudo isto sem deixar que a realidade estrague uma boa história, até que essa história se torne realidade.
No fundo, o sonho daquela criança a quem os pais ofereceram uma bola de futebol e umas chuteiras. Os diretores de comunicação há muito que largaram a prática desportiva. São uma espécie de reis das assistências, mas os seus passes paga golo apenas servem para municiar comentadores desportivos, os tais cartilhados que escolheram o caminho acéfalo, seja lá qual for a sua cor clubística.
Por isso, este domingo, que ganhe o melhor comunicado. O Benfica ainda não entrou em campo, portanto está quase a bater um recorde de dias consecutivos sem levar na ripa, mas que isso não impeça o seu novo reforço, José Marinho, de se pronunciar sobre o jogo de domingo. Carrega, José! O comunicado do Benfica tem o título “uma questão de grandeza”, mas se lermos nas entrelinhas é de uma pequenez flagrante. Fala de rivais que só têm olhos para o tetra que quer ser penta, apenas dois dias depois de a equipa de futebol do Benfica ter atualizado o significado da palavra penta com uma goleada sofrida em Basileia.
Enfim. Isto deve ser tudo normal e adeptos como eu é que estão a ficar moles. Piadas todos fazemos, amigos. O Kralj acerta umas vezes e falha espetacularmente em muitas outras ocasiões. O que evitamos fazer é fomentar uma rivalidade assente na convicção cega de que o vencedor no futebol português nunca é o melhor nem um justo vencedor. Nada mais errado, doentio e nocivo.
Mas vamos a isso: domingo à noite teremos em campo Francisco Marques, Nuno Saraiva e José Marinho, de teclas afiadas, prontos para comer a relva e lutar pela vitória na Liga NOS dos subterfúgios. Ainda não sabemos quem ganhou, mas cada qual fará como o PCP em noite eleitoral. Cada qual à sua maneira, ganharão todos. Se perderem, tanto melhor. Mais razões terão para justificar a sua existência.
Se ainda não ficou claro, permitam-me que o diga com todas as letras: este texto não pretende ser uma crítica específica a um clube. Aliás, isto nem sequer é sobre os clubes mas sobre as pessoas que os representam neste momento. Felizmente, qualquer um destes clubes tem sobrevivido com dignidade e elevação aos seus funcionários mais incendiários. Na verdade, isto é só um prognóstico sobre o clássico de domingo que se tornou um pretexto para lamentar, só mais uma vez, desculpem lá, a postura dos três clubes no que à sua postura institucional concerne.
Se ainda não ficou claro, permitam-me que o diga com todas as letras: este texto não pretende ser uma crítica específica a um clube. Aliás, isto nem sequer é sobre os clubes mas sobre as pessoas que os representam neste momento. Felizmente, qualquer um destes clubes tem sobrevivido com dignidade e elevação aos seus funcionários mais incendiários. Na verdade, isto é só um prognóstico sobre o clássico de domingo que se tornou um pretexto para lamentar, só mais uma vez, desculpem lá, a postura dos três clubes no que à sua postura institucional concerne.
Este domingo, que se lixe quem entrar em campo. Que se lixem os 90 minutos, o talento do Sérgio Conceição e seus jogadores, ou o génio incontornável de Jorge Jesus e dos seus rapazes. Esqueçam isso. Futebol? Isso já era. Venham as 90 horas seguintes e que ganhe o melhor comunicado.
Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário