"As recentes intervenções do presidente da FPF foram interpretadas por FC Porto e Sporting como se de uma declaração de guerra se tratasse.
As mais recentes intervenções públicas do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, colocou o organismo máximo do futebol nacional numa clara liderança na luta contra o que o seu líder chamou - e bem - o discurso do ódio.
Pode ter pecado, apenas, por tardio, mas tanto o artigo publicado nos três jornais desportivos, como a intervenção na comissão parlamentar foram significativas e corajosas. Directas e conclusivas.
Evidentemente que Fernando Gomes sabia que em resultado da sua acção iria ganhar como principais inimigos o presidente do FC Porto e o presidente do Sporting, porque cada qual se sentiria visado por terem escolhido um caminho de confronto sem contemplações e sem margem para tréguas. Sporting e FC Porto criaram uma santa aliança de ataque ao Benfica e a recém afirmada hegemonia do clube de Luís Filipe Vieira. Ambos consideram que os quatro títulos consecutivos foram aproveitados pelo Benfica para dominar o universo do futebol, da disciplina à arbitragem, como se tivesse apropriado da velha herança dos maus princípios e das más práticas que tinham, antes, sido assumidas pelo FC Porto e tinham levado o Dragão a um incontestado domínio de décadas no futebol português.
O FC Porto escolheu o caminho do ataque cerrado pela divulgação dos e-mailsque colocam o Benfica numa situação inquieta e frágil perante uma imagem de promiscuidade e de compadrio entre algumas figuras menores da arbitragem e uns quantos benfiquistas marginais, a quem gente responsável do clube, desgraçadamente atribuiu representatividade.
O Sporting, sempre menos hábil, menos racional e, por isso, menos estratégico, atacou com uma obsessão infantil na pequena questão dos vouchers e, sobretudo, através de uma linguagem de varinagem que marca sempre mais quem a fala do quem a ouve.
Neste quadro de guerra civil futebolística, onde só os três grandes clubes são figuras activas e todos os outros figuras passivas, a posição firme e incisiva de Fernando Gomes foi tomada, por parte de FC Porto e Sporting, como uma declaração de guerra.
Sempre mais experiente e competente, o FC Porto deu sinal através das redes sociais e marcou posição inequívoca ao colocar Pedro Proença em inusitado lugar de destaque, sentando-o ao lado de Pinto da Costa, na Gala dos Dragões de Ouro.
O Sporting reagiu intempestivamente no famigerado Facebook do cidadão Bruno de Carvalho, que veio falar de Fernando Gomes, como de um velho ultrapassado dirigente que não quer sair da cadeira do poder e que estaria agarrado ao lugar, esquecendo que estava a falar da figura de dirigente de futebol português de maior prestígio internacional e, sobretudo, de alguém que tem uma notável obra feita a que ninguém, minimamente atento, seria capaz de negar um rara mérito, tudo isto, enquanto ele próprio, presidente do Sporting, ainda terá um longo caminho pela frente para poder fazer qualquer obra e apresentar algum resultado.
Fernando Gomes, até pela força moral da sua posição, do seu estatuto e da sua obra, não terá dificuldades em libertar-se dessa imagem, mas Pedro Proença precisa de encontrar rapidamente uma solução para não se deixar capturar numa guerra que não é, nem pode alguma ver ser a dele.
A verdade é que para o cidadão comum já não resta qualquer dúvida de que Federação e Liga estão de costas voltadas.
(...)"
Vítor Serpa, in A Bola
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