sábado, 30 de março de 2019

ESFEROVITE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA


O Benfica sofreu a bom sofrer para levar de vencida o Tondela, na 27ª jornada da Liga: só aos 84 minutos apareceu a cabeça de Seferovic - carinhosamente tratado por "esferovite" pelos adeptos - a dar os três pontos.
Em 2017/18, quando ele chegou, já havia (o super) Jonas, que acabou a época com 37 golos, e já havia (o super substituto) Raúl Jiménez, que acabou a época com 8 golos. A baralhar as contas, havia também Gabriel Barbosa, mas o brasileiro só marcou um golo em cinco parcos jogos antes de ser despachado sem glória. E isto tudo enquanto o Benfica de Rui Vitória ia preferindo o 4-3-3 para atacar o penta, que acabou por fugir.
Ou seja, para Haris Seferovic, a primeira época de Benfica não foi propriamente memorável: quase sempre utilizado como substituto, acabou o ano com... 7 golos.
E, no início de 2018/19, tudo indicava que o "esferovite", como é tratado pelos adeptos do Benfica em jeito de graçola, abandonasse a Luz. Mas a verdade é que Jiménez saiu; Jonas esteve no vai-não vai; e Seferovic foi ficando.
Ficando... e melhorando a olhos vistos - especialmente a partir da entrada de Bruno Lage no banco e do regresso ao 4-4-2. Já contando com a cabeçada decisiva desta noite, são 20 os golos marcados esta época por Seferovic - 16 deles na Liga, o que faz do suíço o melhor marcador do campeonato.
Alguém o adivinharia, no início da época? Nem pensar.
Mas a verdade é que Bruno Lage bem pode agradecer ao seu marcador de serviço por ter desemperrado um jogo que estava muitíssimo complicado para o Benfica - e ninguém o adivinharia, depois de um início intenso dos da casa.
Com Jonas e João Félix no ataque (Félix recuperou da lesão que o afastou da seleção; Seferovic, também regressado de lesão, começou no banco), Lage colocou em campo exatamente o mesmo onze que venceu o Moreirense, com Odysseas, Almeida, Dias, Ferro e Grimaldo na defesa e Samaris, Gabriel, Pizzi e Rafa no meio-campo.

Logo a abrir, João Félix quase marcava, mas acertou ao lado; depois, André Almeida até marcou, mas o lance já estava invalidado por fora de jogo; e de seguida foi a vez de Samaris irromper pela área, e foi derrubado, mas o árbitro Carlos Xistra entendeu que não havia falta. A avalanche ofensiva continuou: depois de um grande passe de Gabriel, Rafa apareceu sozinho na cara de Cláudio Ramos, mas o guardião português evitou o golo.
Do outro lado do campo, o Tondela, sempre com um bloco muito baixo, procurava sair rapidamente para o contra ataque e assustar Odysseas com remates de fora da área - foram três, mas todos sem perigo.
Insatisfeito com o que viu na 1ª parte, Bruno Lage decidiu colocar em campo Seferovic logo ao intervalo, retirando Samaris - Pizzi passou para o corredor central e João Félix encostou-se mais à direita, com Seferovic e Jonas a ficarem mais à frente.
A presença do suíço permitiu ao Benfica atacar mais vezes a profundidade, mas a falta de Samaris - pelo posicionamento menos correto de Pizzi e Gabriel, e, depois, de Taarabt e Gabriel - também fez com que o Tondela saísse mais facilmente para as transições ofensivas rápidas. Logo no início da 2ª parte, num desses lances, Jhon Murillo até marcou, mas havia fora de jogo.
Do outro lado, lance semelhante: Jonas marcou, mas Almeida tinha tocado com a mão na bola, invalidando o lance.
O início frenético foi intranquilizando o Benfica: na verdade, o Tondela, que defendia sempre com os onze jogadores atrás da linha da bola, não permitindo ao Benfica jogo interior, começou a sair bem mais frequentemente para os ataques rápidos.
Entretanto, Bruno Lage lançou uma "arma secreta": Adel Taarabt, o marroquino que chegou à Luz em 2015/16 mas só esta noite se estreou pela equipa principal, depois de uma série de comportamentos reprováveis para um profissional de futebol.
A Luz apreciou a entrada de Taarabt (saída de Pizzi), mas o médio acabou por ser pouco mais do que inconsequente, ainda que claramente esforçado. Quem criava perigo era Jonas: um cabeceamento ao lado, após cruzamento de Félix; e um remate de longe que embateu numa grande defesa de Cláudio Ramos. Do outro lado do campo, houve também uma grande defesa de Odysseas a responder a um grande remate de Xavier.
Mas quem decidiu foi mesmo Seferovic: depois de um cruzamento largo de Grimaldo pela esquerda, o suíço apareceu ao segundo poste a cabecear para o 1-0...
... mas o resultado podia nem ter sido esse: minutos depois, já com o jogo a terminar, o Tondela quase empatava. Joãozinho cruzou e Patrick, na cara de Odysseas, desviou a bola por cima da baliza.
Valeu mesmo o "esferovite" ("em Portugal chamam-me "esferovite", mas não sei o que isso significa. A minha professora de português disse-me que quer dizer 'styrofoam' [esferovite, em inglês]", disse recentemente Seferovic) para manter a liderança da Liga, antes do dérbi de quarta-feira, em Alvalade, que decidirá se o Benfica será ou não finalista da Taça de Portugal.

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