"O futebol profissional em Portugal não é actividade que se recomende a pessoas de bem. É uma coutada de arbítrios. As regras não são cumpridas ou são manipuladas sistematicamente. Sente-se um cheiro fétido de medo e malícia cada vez que soa mais um silvo dourado. É tudo para desconfiar. Desde a super motivação dos jogadores em certos jogos, à força desumana daquelas corridas, passando pelas nomeações dos árbitros, ao funcionamento do VAR. Transparência ou ética? Nos pequenos pormenores confirmam-se muitas intenções. Tudo se faz e permite para que o tempo útil de jogo seja o menor possível. Em caso de dúvida, ou mesmo quando ela nem sequer existe, beneficia-se aquele clube que é uma pegada aldrabice. Desde a data da fundação. E prejudica-se o outro, que, alegadamente, tem a cor presumida do inferno, segundo diz o prevaricador confesso, que nos tempos livres também é conselheiro matrimonial de árbitros. O adepto é tratado como um objecto de extorsão e alvo de violência física e moral. É desrespeitado e considerado indigno, desprovido de direitos, só porque veste as cores do clube odiado. Até no preço dos bilhetes existe discriminação negativa se o visitante tem a cor garrida.
Quando pensamos que tudo terminou com o silvo final, regressam as hordas do entretenimento com mentiras, insultos, provocações que duram intermináveis horas, em dias sucessivos, até ao próximo jogo, onde encontrarão mais proteínas para aprimorar a sua condição. Pelo meio, vemos criminosos serem elevados ao estatuto de referências sociais e, inversamente, beneméritos reduzidos à culpa decretada. Quem consegue ver na cabeça de um ouriço esperto a virtude salvífica de um continente, remete-se ao silêncio cúmplice de uma jibóia que engole um saco de notas por engano.
É um caso de polícia permanente arrastado por décadas de impunidade. Um desastre planeado.
Nunca desistirei da tua cor e da tua alegria, Benfica! Ainda que tenha de viver tanto tempo da minha vida atolado nesta... realidade."
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