domingo, 21 de abril de 2019

É SEMPRE UMA QUESTÃO DE INTENSIDADE


O Benfica saiu da Liga Europa como saiu da Taça de Portugal, deixando no ar a ideia nefasta de que não fez tudo o que podia e devia para evitar a exclusão. Faltou-lhe um golo em Alvalade e faltou-lhe um golo em Frankfurt para afastar o Sporting e o Eintracht e em ambas as ocasiões, faltou-lhe, sobretudo, praticar um futebol que expressasse de modo incontestável a vontade de seguir em frente numa e na outra competição. E foi isso que não aconteceu. ou que, pelo menos, não se viu. E não se tendo visto os indícios de uma atitude suficientemente competitiva da equipa de Bruno Lage, contra adversários que, com todo o respeito, não eram sequer do outro mundo, compreende-se a insatisfação dos adeptos perante estes desaires por margens tangenciais e perante a flagrante minimização da intensidade posta em campo no jogo com os rivais da Segunda Circular e, depois, no jogo com os alemães na última quinta-feira. No que diz respeito ao campeonato português, o que não faltou ao Benfica para recuperar sete pontos ao FC Porto e para ganhar em Alvalade e no Dragão foi, justamente, uma enorme dose de intensidade aplicada ao longo de uma série de jogos que o conduziram ao topo da tabela para surpresa de muita gente. Surpresa também para os seus adeptos que, racionalmente, deram a questão do título como perdida em janeiro quando a equipa, ainda a cargo de Rui Vitória, saiu de Portimão derrotada com contornos de originalidade tendo em conta que os golos da equipa algarvia foram marcados +por jogadores do Benfica na sua própria baliza. Mais original do que isto, de facto, é difícil. A transposição do Benfica intenso, vibrante e competitivo do campeonato para o Benfica da Taça de Portugal e da Liga Europa não se verificou. A fúria de Seferovic, no fim do jogo de Frankfurt é o retrato da insatisfação dos adeptos. E, agora, a equipa de Lage só terá perdão se conseguir segurar a liderança nas cinco jornadas que faltam para o fecho da discussão do título nacional. A multidão é cruel, como se sabe, e se o Benfica não for o próximo campeão de nada valerá aos mais conciliadores recordar a sensacional recuperação do Benfica na Liga e a bela exibição contra o Sporting na 1ª mão da meia-final perdida nem o facto de, ao contrário do Real Madrid e da Juventus, o Benfica ter cometido a proeza de não ter perdido em casa com o Ajax. "Agora não é hora de apontar o dedo a ninguém", disse Bruno Lage em Frankfurt. Falou bem o treinador do Benfica e não terá sido apenas em legítima defesa que disse o que disse. Lage sabe, como qualquer um de nós, que ganhando o Benfica o campeonato haverá milhões que lhe elogiarão a sagacidade de se ter visto livre dos incómodos da Taça de Portugal e da Liga Europa em momentos cruciais da definição da temporada. Poderá até não ser verdade mas, francamente, foi o que me pareceu.

Leonor Pinhão

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