"1. Na semana passada referi aqui que, a viver o conforto e a euforia após cada vitória, é essencial sabermos conservar a reserva de serenidade que nos prepara melhor para cada próximo desafio. A moderação é própria de quem sabe vencer e confere ao vencedor o devido respeito pelo valor do adversário vencido. Mas o reconhecimento pelas virtudes da contenção dos vencedores também acaba por transceder as nossas cores e irá inevitavelmente alastrar ao campo dos restantes competidores: gradualmente, todos eles aprenderão a saber perder melhor.
A favor desta unanimidade dos comentadores dependentes e independentes, de todo o arco cromático, que hoje enxameiam o espaço mediático e, até, a própria barafunda das redes sociais, ao fim dos dois primeiros jogos oficiais do Benfica de elite, já não hesita em tecer convictamente os maiores encómios, seja aos jogadores mais experientes e aos mais jovens da equipa; seja, afinal, ao consistente desempenho colectivo deles (agora retroactivamente, desde a pré-época); seja, ainda mais, às excelentes capacidades e méritos da personalidade do treinador; seja, mesmo (mirabile visu!) aos milagres da visionária e coerente gestão do Sport Lisboa e Benfica, personificada em Luís Filipe Vieira.
Isso deve-se, senão, a quê? A meu ver, deve-se, evidentemente, a que, sempre cada vez mais felizes e mais acostumados com a sequência de vitórias e de objectivos sucessivamente atingidos, temos sem dúvida vindo a apurar o registo das nossas celebrações. Hoje comemoramos as nossas vitórias e conquistas muito mais frequentemente do que os outros. As alegrias que os nossos melhores nos franqueiam são cada vez maiores e mais intensas. E as tristezas dos que nos perseguem acentuam-se progressivamente.
A nós, para já, basta-nos competir e manter as cadências de esforço. A eles, competir também. Mas, ao mesmo tempo, como já fazem, apenas reconhecer que não conseguem vencer-nos lealmente.
2. Os dirigentes eleitos do Sport Lisboa e Benfica têm responsabilidades acrescidas no que respeita às ideias expendidas no espaço público. Um deles, o vice-presidente da Direcção do Clube e da SAD, José Eduardo Moniz, persiste em empreender sentenças singulares e não devidamente fundamentadas, fora dos lugares convenientes e, sobretudo, excêntricas a ocasiões adequadas.
Evidentemente que, numa instituição de raiz e praxis profundamente democráticas, aqui, até 'a asneira é livre' ... Sendo que, no nosso contexto, o usufruto do conceito possa até ser mais tolerável, se aproveitado por quem, talvez, não disponha do conhecimento profundo de tudo quanto realmente seja e de como se estará já a desenvolver o futuro do Benfica.
Mas, precisamente quando, no Benfica, estamos a viver as presentes circunstâncias casuísticas e históricas, certamente não é aceitável para os sócios benfiquistas que um vice-presidente da Direcção do Clube e da SAD se ponha, por exemplo, a questionar daquelas maneiras os Estatutos que estão em vigor.
Mesmo que, com algum cuidado, pareça pretender dar, como os ferreiros, uma no cravo e outra na ferradura."
José Nuno Martins, in O Benfica
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