"Quem não tinha já saudades do futebol caseiro? Estes 3 meses fizeram-nos esquecer o pobre futebol que praticávamos. Confesso que durante a quarentena, os inúmeros episódios do #BenficaDeQuarentena e os semanais do Benfica FM me fizeram visitar outros tempos, com os quais me apercebi que o Sport Lisboa Benfica, outrora, foi muito grande. Hoje em dia, os momentos que consideramos gloriosos não passam de raras situações de efemeridade, quando comparados com a História do Benfica. A História do Benfica fez-me mesmo esquecer o futebol que praticamos actualmente. Talvez não tenha realmente passado de uma ilusão, deixei-me iludir sonhando que o Isaías ia resolver o jogo de hoje da meia-lua, que o Ricardo Gomes ia cabecear para as redes num canto, que o Eusébio ia fazer das suas ou que o Carlos Manuel ia marcar um canto directo. Talvez até um livre do Cardozo, porque não?
Passando para a triste mediocridade actual, Gabriel falha inúmeros passes da meia-lua, Rúben Dias e Jardel contabilizam vários cabeceamentos falhados, Grimaldo desperdiça 14 cantos e nem um a livre à entrada da área temos direito. Quanto a Eusébio, esqueçam, não tem mesmo comparação possível. Posso tentar comparar apenas com o colectivo todo, que desaproveitou 26 remates, sabendo que o Rei apenas precisava de um. Passando rapidamente ao jogo de hoje, a equipa apresentou-se com apenas Jardel como novidade, no lugar de Ferro. Nas bancadas do estádio, 21 000 cachecóis vermelhos hasteados nas cadeiras representavam milhões de benfiquistas privados de ir ao estádio, por motivos pelos quais aguardámos 3 meses por este jogo. A motivação extra estava lá, o Porto havia perdido frente ao Famalicão no dia anterior e o Benfica podia passar para primeiro lugar. Para aproveitar a ajuda de Pote e alcançar o pote, isto é, passar para a frente, bastava uma vitória frente ao 14º classificado, o Tondela.
O jogo começou ao ritmo esperado. Os primeiros 15' foram a passo lento mas não causaram grande preocupação, era expectável. 3 meses sem jogos, regresso a estes sem adeptos, em condições novas para os protagonistas. O problema foi que esses 15' se traduziram na totalidade do jogo. Um Benfica que, infelizmente, nos reavivou a memória dos jogos anteriores e não apresentou fio de jogo. Apresentou, no entanto, uma táctica que consistia em cruzar a bola para o adversário, quase sempre sem sucesso. Foi uma fotocópia dos últimos jogos, nas crónicas anteriores ainda me dei ao trabalho de tentar reflectir sobre o estilo de jogo, agora já estou saturado. É preocupante acabar com 26 remates, nenhum golo e a melhor oportunidade de golo ser do adversário. O jogo acabou 0-0 e traduziu-se em mais um empate, que agrava a crise de resultados, apenas 1 vitória nos últimos 9 jogos.
Vendo pelo copo meio-vazio: O Benfica fez um jogo fraco e mostra grandes debilidades para o que resta do campeonato. O título só parece possível se o Porto perder mais do que um ponto, porque parece certo que nós também o faremos, perante o fraco futebol. Vendo pelo copo meio-cheio:
- Deixo um voto de esperança a todos os benfiquistas, acredito que ainda poderemos ter adeptos no estádio até ao final do campeonato, em condições de segurança. Talvez seja impossível estarmos todos presentes no estádio actualmente, mas vejo com bons olhos a integração da ocupação de 1/3 da lotação dos estádios, aí será mais fácil escrever estas crónicas. Cumpram as normas de segurança e encontraremo-nos lá, a festejar a conquista do campeonato. Melhores dias virão e viva o Benfica.
Notas individuais:
Odysseas: 6
Não teve que fazer nenhuma defesa. 6 é a nota de quem cumpriu.
André Almeida: 4
Prefiro o Tomás, principalmente contra blocos baixos. Além de ser jovem e ter larga margem de progressão, ataca melhor do que o André que mostrou grandes dificuldades em ser objectivo.
Rúben: 7
O novo corte de cabelo à Maldini não tem ponta por onde se pegue mas foi dos melhores em campo. Ofensivamente, é o jogador que cruza melhor no Benfica e isso é assustador, no mínimo.
Jardel: 7
Grande surpresa: primeiro, apareceu a titular inesperadamente e causou alguma preocupação sobre a sua condição. Depois, grande exibição, muito bem na antecipação e no posicionamento.
Grimaldo: 5
Falta-lhe objectividade. É muito melhor aproveitado nas suas progressões associativas interiores, mas parece ter ordens para ficar na linha e dedicar-se apenas aos cruzamentos. É pena.
Weigl: 7
A sua substituição acaba por ser algo inesperada. Saiu aos 60', mesmo tendo sido dos melhores em campo. Muito forte na recuperação de bola e a começar a apostar na verticalidade.
Gabriel: 5
Parece um robô e nem sei se recuperou totalmente a visão. Sempre que recebe bombeia para a frente e para as aulas quase sem olhar. Perdeu 24 vezes a bola. O estilo de jogo é tão previsível que não consegue desequilibrar com os seus passes.
Rafa: 4
Muito apagado, a sua queda de forma é notória e até faz impressão.
Pizzi: 4
Escondeu-se do jogo, nem se viu em campo. Um pouco à semelhança de Rafa.
Taarabt: 6
Não fez dos seus melhores jogos, principalmente na primeira parte. Na segunda, melhorou muito e foi dos poucos a arrancar com a bola para a frente, ao invés de se limitar aos cruzamentos. Ainda ajudou bastante na transição defensiva, principalmente no final do jogo.
Vínicius: 5
Esteve apagado do jogo, a bola não chega e o a ausência de processo ofensivo tira-lhe o potencial.
Dyego Sousa: 5
Copy-paste do Vínicius. Não vou julgar enquanto assim for.
Seferovic: 3
Não foi feliz.
Jota: -
Mais tempo para o Jota é essencial. 5' não dá para nada. É dos poucos que pega da bola e não se esconde do jogo."
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