"A corda partirá sempre pelo elo mais fraco, por maior competência que tenha. No caso do futebol, será sempre o treinador. Num Sporting com uma qualidade individual bem diminuta, Rúben Amorim conseguiu a proeza de em oito jogos vencer seis, e empatar dois. A discussão pelos incautos é sobre que disparates terá realizado nos que não venceu. Ainda assim, discussão mais interessante que aquelas agora comuns de se desvalorizar vitórias ou méritos actuais porque um dia se perderá. Pois, assim todos teremos razão. Ninguém vence ou perde eternamente. No caso de Rúben Amorim é óbvio que não manterá senda de resultados – Mas isso estará sempre muito mais ligado com os jogadores ao seu dispor do que com qualquer modelo táctico.
E chegamos ao Benfica. A equipa em Portugal que mais precisa de uma revolução pela chegada de um fim de ciclo que Bruno Lage fez parecer só ter chegado na presente época. Quando na realidade, o milagre que operou na temporada passada foi apenas isso. Um milagre, sem qualquer sustentação na mais valia do seu plantel, mesmo não ignorando João Felix. Lage fez do Benfica campeão com André Almeida, Ferro, Seferovic, Gabriel e Pizzi, e pelo caminho recuperou sete pontos de desvantagem vencendo na casa de todos os rivais (Sporting, FC Porto, Braga e Vitória SC).
Jorge Jesus é antes de todos os outros o homem certo para o Benfica. Não se trata apenas da sua competência táctica. Não se trata de um curriculo agora ainda mais enriquecido com conquistas internacionais, ou sequer um reviver de boas sensações que o homem que quebrou a hegemonia azul proporciona em Lisboa.
O plantel do Benfica vem sendo enfraquecido à velocidade da luz desde a terceira temporada de Rui Vitória. De ano para ano torna-se mais débil e apenas alguns miúdos chegados da formação encarnada têm disfarçado tal evidência. Hoje, o Benfica tem um sem número de jogadores competentes em pequenas coisas, em pequenos momentos. Pouquíssimos verdadeiramente capazes em vários momentos. Pouquíssimos jogadores completos, como o eram quase todos os que Jesus levava a jogo num passado não tão distante assim.
Jogadores como Pizzi, Taarabt, Rafa, Seferovic, Cervi, Samaris, Gabriel, Ferro e o próprio André Almeida, para citar apenas alguns dos que vão sendo utilizados demonstram capacidade apenas com bola, ou sem ela. Estão muito longe de ser completos – De terem impacto em todos os momentos. Alguém imagina uma equipa de Jorge Jesus a ter dois alas que ficam a ver o jogo e só participam quando a bola chega?
Alguém imagina um médio que só ataca? Num modelo como o de Jorge Jesus, onde o “8” tem de ser um “monstro”?
Em primeira instância a chegada de Jesus obrigará a um reformular de um plantel fraquíssimo – porque quase todos os seus jogadores são incompletos. O Gabriel rouba umas bolas, mas entrega tudo mal; O Pizzi atira bem na baliza, mas não se mexe e a equipa joga sempre com 10; o Seferovic esforça-se muito, mas não tem um pingo de talento; O Rafa desequilibra em Transição mas não tem a mínima agressividade defensiva, não sabe fechar os espaços sem bola, e com ela ainda decide mal em ataque posicional; O Taarabt com bola descobre caminhos mas sem ela anda a 10 à hora, por muito esforçado que seja – Pense no Witsel, Enzo… Gerson!; o Ferro nunca jogaria numa equipa de Jesus – Um central que não vence um duelo…; O Cervi só corre – Serviria defensivamente, mas não acrescenta ofensivamente.
Não é certa ainda a presença de Jorge Jesus no banco encarnado na próxima temporada. Mas é certo que o Benfica volta a precisar dele para ultrapassar problemas.
E esqueça a história do “comigo vão jogar o dobro, e o dobro se calhar é pouco”. É que já se fez saber que a matéria está gasta e urge uma nova. Jogar-se-à o dobro ou o triplo. Mas com outros."
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