sábado, 20 de novembro de 2021

BANCADOLÂNDIA



 "Adiou-se o brinde, mas (que saudades!) Salvou-se a bifana nas rulotes. Por agora, o Mundial do Catar minguou, é apenas um ponto dançante e difuso no horizonte lusitano. O recente Portugal- Sérvia, no Estádio da Luz, fez-me lembrar aquele momento em que agarramos num punhado de areia fina, julgamos ter todos os ínfimos grãos sob controlo, na nossa posse, mas depois, quando abrimos a mão, despertámos para a realidade e constatamos que muito se perdeu, ou , até, quase tudo se sumiu, sem remissão instante.

Nesta campanha, à Selecção Nacional resta-lhe um crédito, a aplicar na estrada secundária chamada playoff, para se agarrar à esperança na validar nova presença na fase final de um Campeonato do Mundo. Mas, fora do campo, à volta da Catedral e no meu interior, nas bancadas com quase 60 mil almas, a noite de 14 de Novembro teve múltiplos encantos, num fantástico regresso ao passado, e entre os proeminentes esteve a satisfação pelo reencontro com uma atmosfera que o tempo e a regeneração, cintados por regras de salubridade, permitiram restaurar.
Sair na frente, quando a chama da convicção vive dias difíceis ou de aparente negação, é tantas e tantas vezes um conforto ilusório, um alento enganador, uma armadilha para a qual escorregamos e que, mais tarde ou mais cedo, nos engole. A equipa das Quinas ofereceu-nos mais um exemplo de tudo isso, naqueles 90 minutos em que viu evaporar-se-lhe o bilhete de ida.
Tão ou mais verdadeiro é o cenário inverso: quando a decisão fervilha no sangue, nos anima os músculos e nos iluminar a mente, o sucesso compõe-se, mesmo que seja de trás para a frente.
Passando o abstrato ao concreto, onde o projeto e o trabalho se fundem num braço tonificado, recupero duas recentes jornadas europeias excitantes nas modalidades do Benfica para vestir o contraponto: a história vitória do basquetebol na Rússia (e o subsequente apuramento para a próxima fase da Fiba Euroe Cup ) e o não menos sensacional triunfo na República Checa, igualmente de virada, do voleibol, que pela segunda vez acedeu à fase de grupos da Liga dos Campeões.
Querer, antes e durante, ainda é, e foi mesmo, poder. Haja alma, e que o facilismo fique em casa, arrumado na despensa! "

João Sanches, em O Benfica

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