terça-feira, 19 de abril de 2022

#40ANOSDISTO

 


"Avaliar é difícil e avaliar quatro décadas de gestão é sempre ingrato, ainda para mais quando o gestor-mor quis fazer crer a toda a gente que, antes dele, o Futebol Clube do Porto não existia, era irrelevante, como irrelevantes foram todos os anteriores atletas, jogadores, treinadores, títulos. Parece que, de acordo com a doutrina oficial de Pinto da Costa, foi só em 1982 que realmente o “Porto passou a ser Porto”. Antes dele pouco ou nada valia, como pouco ou nada valiam os que representaram o FCP antes dele. Foram várias as vezes que, em recatadas tertúlias, Pinto da Costa perante pessoas da sua confiança ridicularizou várias figuras do FC Porto. Eram uns cobardolas cujas pernas tremiam só de atravessarem o Douro rumo ao Sul. Chegou a dizer, de jogadores do FCP, que eram campónios que se deslumbravam com as luzes da capital e que se mijavam todos quando entravam na Luz e em Alvalade.
Houve outros que preferiu denegrir e difamar, principalmente aqueles que não aceitaram tudo. Artur Jorge, Octávio Machado, Jorge Costa, são alguns dos raríssimos casos de pessoas que nunca traindo, nem desonrando o FC Porto, sempre souberam o que era Pinto da Costa. Todos eles foram vítimas da sua total falta de escrúpulos. Todos usados e todos amarrados a acordos e a um silêncio do qual nunca, mas nunca, se poderão libertar. Houve uns que sempre souberam que Pinto da Costa não era de confiança, porque foram vítimas de traições vergonhosas. Fernando Gomes, o bibota, e António Oliveira, por exemplo. E se Fernando Gomes voltou, por motivos económicos, por necessidade, a ter de engolir o que disse e a voltar a ficar debaixo de Pinto da Costa, já António Oliveira não tem esses problemas. Mas, a Oliveira que até estudou e que sabe bem a diferença entre legal e ilegal, entre bem e mal, o que falta, o que sempre faltou, foi coragem. Nunca a teve, não seria agora que a poderia ter para se levantar e denunciar o que toda a gente já viu há muito tempo.
Pinto da Costa, no início apoiado em Adriano Pinto, na Associação de Futebol do Porto, mas também nos seus aliados em Braga e Guimarães, delineou, desde cedo, uma estratégia de poder, de controlo e de condicionamento de tudo o que pudesse interferir no que se passava dentro das quatro linhas. Reside aí, logo à partida, o pecado original da gestão de Pinto da Costa e que inquinará para todo o sempre, que mancharia para a eternidade, muitas das vitórias do FC Porto. É que quando se interfere com as regras, com a elaboração das regras, com a aplicação das regras, com a fiscalização das regras, no campo e fora dele, e, ao mesmo tempo, se compete pela vitória, tudo está mal. Mas, o mundo do Futebol, à data, ocupado por diletantes, por gente que na sua maioria via o Futebol não como uma indústria, não como um desporto, mas como um hobby, ou como um meio para fazer negócios lá na terra ou para abrir novos mercados, ou não via, ou não percebia, ou simplesmente não estava para se chatear com a ocupação do espaço por parte de Pinto da Costa. Foi preciso muita gente. Foi preciso doutrinar e também seduzir muita gente para colocá-la ao serviço da causa. Reinaldo Teles e os seus bordéis e bares de alterne foram importantes no processo de arregimentar e fidelizar aliados. As prostitutas serviram para muita coisa e muitos favores, dependências, situações de completa chantagem e condicionamento, foram feitas à custa do trabalho sexual remunerado prestado por dezenas de prostitutas ao longo de décadas. Tê-los na mão. Tê-los sob chantagem era fácil. Eles sabiam, sempre, como retribuir. Onde, como, quando. Quem anda no futebol e não tem princípios nem escrúpulos sabe como agradar e a quem deve agradar. Um penálti ali. Um cartão amarelo aqui. Um cartão vermelho acolá. Uma expulsão agora. Uma simples admoestação amanhã. A corrupção sempre foi difícil de provar, para além do mais quando os corrompidos sentem aversão a confessar ou a denunciar corruptores, porque, aos olhos de todos, ao fazê-lo, acabam, aos olhos de todos, por se auto-incriminar. Chamavam-lhes fruta, café com leite, mas nesta tragédia sexista de lenocínio e de vários outros crimes, eram, antes de mais, Mulheres. Mulheres que têm nome, que têm memória e nem todas conseguiram silenciar. Pinto da Costa era também cliente regular, porém não pagava e, como chegou a ser público, viria a enamorar-se por algumas, o que provocou algum incómodo, principalmente na sua família. Todos puderam ver prostitutas a acompanhar Pinto da Costa em várias tribunas de vários estádios de futebol.
Aliados, parceiros, colaboradores, amigos, era assim e é assim que ainda hoje Pinto da Costa se refere a alguns dirigentes, ex-árbitros, árbitros, empresários, agentes de jogadores, patrocinadores, jornalistas, que durante anos foram clientes das casas de Reinaldo Teles, o chefinho que também tomava conta do departamento de futebol do FCP. Pode parecer um episódio dos Sopranos, mas não é. Isto era a realidade. E foi real durante décadas.
Vários destes agentes, destes árbitros, aliados, dirigentes, várias destas pessoas, muitas das quais estavam plenamente convencidas da razão de Pinto da Costa na projeção do FCP como bandeira do Porto e do Norte, contra um centralismo histórico com séculos. Tudo o que fosse para tirar poder a Lisboa ou aos clubes de Lisboa era desejável. Tudo o que servisse para dar mais condições externas ao FCP para vencer em campo, fosse o que fosse, custasse o que custasse, não era apenas aceitável, mas bem visto.
A sede da Liga não foi para o Porto, nem está no Porto, por acaso. Tudo tem uma explicação. A quantidade de pessoas ligadas ao FC Porto que estão na Federação Portuguesa de Futebol, nos vários órgãos, nos vários conselhos e estruturas, há décadas, também não é por acaso. Desde dirigentes, a técnicos, ex-jogadores, são inúmeros os exemplos. A influência está lá. Esteve sempre desde 1982.
Mas, isto não foi obra dr um homem só. Adriano Pinto, Lourenço Pinto, Valentim Loureiro, Pimenta Machado, Adelino Caldeira, Fernando Gomes, Fernando Martins, Reinaldo Teles, Fernando Gomes, Paulo Gonçalves, António Salvador, Rui Pedro Soares, Pedro Pinho, Vítor Catão, Fernando Madureira, Paulo Costa, Paulo Paraty, Vítor Pereira, Pedro Proença, entre outros, foram, com diferentes graus de responsabilidade, uns mais cúmplices outros dolosamente, um suporte para a perpetuação de Pinto da Costa no FCP e naquilo que viriam a ser algumas das páginas mais negras do futebol português. Corrupção, tráfico de influências, coação. E por coação que não se branqueie o que vários jornalistas sofreram, quer com agressões, quer com ameaças, ao longo dos anos. Que o que fizeram a Carlos Pinhão não caia no esquecimento. E que os servos, sem coluna vertebral, que nas décadas de oitenta e noventa, andavam pela RTP no Porto, como se duma célula autónoma se tratasse, de onde saíram o Carlos Daniel é o Júlio Magalhães, sempre a fazer fretes ao FCP, que fazem corar de vergonha os verdadeiros e as verdadeiras jornalistas, façam, de uma vez por todas, uma declaração de interesses. Rui Cerqueira acabou por fazê-la mais tarde, mas, no fundo, foi só mais um a quem foram pagos os serviços à causa.
Houve méritos? Obviamente. Em tantos e diferentes momentos, de várias pessoas. Também por isso, a injustiça que Pinto da Costa cometeu contra os que no FCP não sabiam, contra os que não lhe pediram nada, não quiseram nada, e que acabaram com vitórias manchadas, com suspeitas, por vezes legítimas outras vezes infundadas. Pinto da Costa pode, pelo tempo em que se manteve no poder, pelo que fez de bem e pelo que fez de mal, ser o dirigente mais titulado da história do Futebol. Pinto da Costa pode ser tudo isso. Mas, isso não vale muito quando se sabe a história toda.
Hoje, com oitenta e quatro anos mete dó e o simples facto de ser presidente revela o total alheamento dos sócios do FCP e um enorme vazio de soluções. A pseudo-elite, porque obviamente nenhuma elite toleraria a gestão ruinosa de Pinto da Costa e do ex-autarca Fernando Gomes que está na SAD do Porto a cobrar os favores pelas decisões que tomou contra o Município do Porto a favor de interesses particulares de Pinto da Costa, do FCP e dessa pseudo-elite a quem a gente mais pura e humilde do Porto chama hoje os “Oligarcas” que fazem negócios nos camarotes, que arranjam financiamentos, que se encarregam das vendas dos mais valiosos jogadores, para receber comissões e dividir com o filho do presidente Pinto da Costa. São passivos de centenas de mitose euros. Os Oligarcas também ganharam dinheiro em contratações ruinosas, bem recentes, e inexplicáveis como Loum, Nakajima, Imbula, Carraça, e mais umas dezenas que passaram pela equipa B na última década. Os Oligarcas até com testes Covid-19 ganharam dinheiro e basta ver as ligações à Unilabs. São empréstimos obrigacionistas para pagar empréstimos. Prejuízos colossais. Exercícios negativos em cima de perdas gigantescas. E a custo zero Pinto da Costa e os Oligarcas deixaram sair Herrera, Reyes, Marcano, Marega, pois a Brahimi ainda tiveram de pagar. Diogo Costa só renovou com a garantia que seria titular. É por isso que Marchesin, o melhor guarda-redes do FCP, não joga. A recente titularidade na seleção também exigiu contactos e muita da tal influência, porque Diogo Costa tem de ser vendido este ano. Foi só com base nesse pressuposto que o FCP conseguiu segurar Marchesin, pois na próxima época, o argentino regressa à baliza do FCP.
Sérgio Oliveira e Octávio tornaram-se dois dos jogadores mais bem pagos de Portugal, sob pena de saírem ambos a custo zero. E quando Octávio acenou com a possibilidade de poder ir para a Luz, deram-lhe um contrato impossível de ser rejeitado. Com isto criou-se mais um dilema ao próprio clube, pois agora, nenhum clube pode pagar o que o FCP paga a Octávio. Resta vender. Só que agora também não há muitos clubes dispostos a pagar o salário pornográfico que pagam a Octávio no FCP. E também por isso, ter ficado internacional, veio mesmo a “calhar”, como se existissem coincidências na seleção e na FPF. Corona, entretanto e depois de anos, bateu com a porta e saiu por quase nada. Diaz saiu por muito menos do que valia. Sérgio Conceição, com o que recebe diretamente e pelo que exigiu e recebe de outra forma, é dos treinadores que mais recebe na Europa. São milhões de euros. Uns desses milhões, toda a gente sabe que ele os recebe. Depois há os outros milhões. E se a sua preocupação é orientar as carreiras dos filhos quando nenhum deles tem quaisquer condições para ser titular ou mesmo jogador no FCP, como vários colegas de equipa dizem à boca cheia, isso também não deve servir ao FCP. Pinto da Costa fecha os olhos e finge que não vê. E se Sérgio Conceição sabe que em nenhum clube sério, em nenhuma liga séria, tem lugar, apesar de ter pedido no Verão de 2021 para passar a ser representado por Jorge Mendes para ter mais chances de sair, nem mesmo Jorge Mendes, o homem que faz mais milagres no Futebol Português, consegue abrir as portas para Conceição. Mas, não é tudo mau para Conceição. É que enquanto cá está, a bater recordes a quem ninguém no mundo do desporto dá qualquer mérito, pelo menos, vai enriquecendo à custa do seu segundo “clube do coração”, pois o primeiro deve ser aquele que dizia apoiar quando era criança e aquele onde decidiu colocar os filhos a aprender a jogar futebol.
Mas, uma vez mais, perante tudo isto, há um silêncio ensurdecedor na cidade do Porto e até mesmo no País. Os casos de corrupção e de nepotismo sucedem-se. As comissões indevidas, a fraude fiscal, o branqueamento, prevaricação, corrupção. Só que juizes no bolso de Pinto da Costa há coisas que não fazem. Dementes ou sem qualquer dimensão, invocam amizades, clubite, para não cumprirem aquilo a que se obrigaram perante a República. As lealdades a Pinto da Costa são, para algumas amostras de magistrados, mais importantes que a Constituição, que a Lei, que o próprio FCP que foi vítima do nepotismo de Pinto da Costa, do seu filho e dos oligarcas. Rui Moreira continua a ganhar popularidade no Porto, bate palmas a tudo e será o primeiro a dizer que o Estádio do Dragão (que tem este nome ridículo) se passará a chamar Estádio Jorge Nuno Pinto da Costa. André Villas-Boas continua a fazer estudos de opinião e sondagens e, também cobardemente, pactua com tudo. Sabe que vale pouco na nação portista. Baía é um pau-mandado. Dependente e fraco nem sequer é um cão leal para Fernando Gomes ou Adelino Caldeira, mas é um cão sem casota é que precisa dum dono. Dá sempre jeito e é obediente. Um homem impreparado e com várias insuficiências para o lugar é sempre útil para quem vive na estrutura. Faz o papel. Pode ser um bom bibelô.
Pinto da Costa que cada vez tem mais dificuldade em estar em todos os jogos, cada vez tem mais dificuldades em expor o seu raciocínio. O homem que profundamente complexado com as suas raízes e com o facto dos rivais terem como símbolos animais que foram bandeiras e estandartes de impérios, lembrou-se inventar um Dragão como símbolo. Uma ficção como muitos dos resultados fabricados nestes 40 anos. E sua guarda pretoriana passou naturalmente a ser chamada de Super Dragões, liderada por delinquentes que vivem também há décadas à conta do FCP. Pinto da Costa, mentiroso, mestre da dissimulação, está há demasiado tempo no FCP e no Futebol. Portugal só não percebeu ainda que não vai ser a partir de Lisboa que irá cair, mas sim por causa de portuenses e de portistas. Nem mesmo este campeonato ou uma dobradinha poderão travar o destino. O fim de Pinto da Costa no FC Porto está próximo. Está para breve, para muito breve.
E quando adeptos de clubes rivais escrevem e usam a expressão #40anosDISTO, não sonham, nem sabem da missa a metade, porque no “DISTO” cabem muitas histórias, muitos dramas, muitos crimes. E não são uns campeonatos, umas taças, umas celebrações nos Aliados, que apagam o que foi feito a muito boa gente.
Há muita gente inculta e que se vende por um punhado de caramelos. Mas, há gente com dignidade e com memória. Há gente que não esquece."

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