"Tanto faz se a falha é na primeira ou na última rodada da liga. Se a desatenção é no amistoso de pré-temporada ou na final do campeonato. A falta de civismo não escolhe o momento da pisada na bola. Está livre, leve e solta. Pronta para te apanhar.
Não é de hoje que vivemos numa terra sem lei. Pode haver regras aqui e ali, uma ou outra punição, mas as redes sociais, na sua essência, dão total abertura e liberdade para aquela covardia, que, fora do ambiente virtual, está quase sempre camuflada.
Ricardo Esgaio é (novamente) o alvo da maldade nua e crua de alguns torcedores. Sim, torcedores, mas dos piores. Desativou a conta no Instagram depois de ser perseguido ao término do empate 3-3 entre SC Braga e Sporting.
Pagou sozinho o preço de um sistema defensivo que não soube segurar três vezes a vantagem no placar. O preço, especialmente, de ter encontrado do outro lado um adversário corajoso e bem treinado que não desistiu do resultado.
Não, o sofrimento do lateral sportinguista não é simplesmente o famoso «reflexo da sociedade». É, acima de tudo, o «reflexo do futebol», onde tudo e todos costumam achar que estão acima do bem e do mal. Onde geralmente vale tudo.
Como vamos discutir e buscar soluções amplas a nível estrutural se nem sequer conseguimos resolver o que acontece no nosso mundo da bola? Obviamente, incluo aqui brigas de torcidas, invasões de centro de treinamentos, agressões e incentivo ao ódio por parte dos intervenientes.
Colocar a revolta contra Esgaio na conta da «sociedade» é dos piores erros que podemos cometer. É mais grave, sei lá, do que um gol contra ou um falhanço com a baliza aberta. O primeiro passo, ainda que pequeno e antes mesmo de cobrar respostas, é separar os problemas."
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