"Um estudo publicado este fim de semana pelo Portugal Football Observatory traça um retrato verdadeiramente dantesco do futebol português. Sem surpresas, entre 2018 e 2022, a Liga Portuguesa esteve consideravelmente abaixo das restantes ligas europeias a nível de tempo de jogo útil, uma consequência das muitas paragens de jogo, resultado da vontade de protagonismo de alguns árbitros e da atitude adoptada por algumas equipas. Nestes cinco anos, o tempo útil de jogo na Liga nunca passou dos 49 minutos, significando assim que os espectadores se deslocam aos estádios para ver pouco mais de meia partida em futebol jogado.
Para sermos capazes de realmente alterar este panorama, não bastará impor medidas a partir de uma torre de marfim. É preciso que os protagonistas sejam os primeiros a contribuir para a mudança e é, também, nesse campo que o Benfica de Roger Schmidt se tem vindo a destacar. Com um futebol positivo e uma atitude competitiva pautada pelo fairplay, a equipa tem vindo a conseguir romper com o panorama vivido no futebol nacional.
Após 9 jornadas, o Benfica encontra-se no pódio das equipas com mais tempo de jogo útil. Curiosamente, também na segunda liga, a equipa do Benfica B encontra-se em primeiro lugar do ranking de tempo jogado, demonstrando assim que é um esforço transversal às diferentes equipas do clube. No capítulo disciplinar, apesar da velha premissa que equipas que apostam em pressionar alto são obrigadas a ser muito faltosas, o Benfica tem sido um exemplo, tendo, por exemplo, cometido apenas três faltas na partida frente ao Rio Ave.
O ambiente vivido este fim de semana no Estádio da Luz lembra que o futebol pode voltar a ser o espectáculo que todos desejamos. Naquele que foi o jogo desta temporada com o maior tempo útil jogado, o Estádio da Luz esteve, mais uma vez, perto de atingir a sua lotação completa, num ambiente competitivo saudável, como se viu pela comovente ovação a Samaris. Com um Benfica com um caudal ofensivo invejável, rematando uma vez a cada dois minutos de tempo útil, e um Rio Ave, que resistiu à tentação de recorrer ao anti-jogo e recusou baixar os braços, os quase 60 mil espectadores presentes no Estádio da Luz, beneficiaram de um grande espectáculo. Que venham mais tardes assim!"
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