domingo, 6 de novembro de 2022

CHAMPIONS: FASE DE GRUPOS TERMINA COM MUITO PORTUGAL NOS TOPS

 


"A fase de grupos da Liga dos Campeões terminou com um rescaldo muito positivo para as equipas portuguesas, que poderia ter sido épico caso o Sporting tivesse conseguido o apuramento para os oitavos-de-final – algo que esteve ao seu alcance até ao último suspiro. A formação leonina passou ao play-off da Liga Europa e não acompanhou Benfica e FC Porto, que se apuraram como vencedores dos respectivos grupos e serão cabeças-de-série no sorteio de segunda-feira.
Estes excelentes registos só foram possíveis graças a desempenhos colectivos e individuais de relevo por parte das formações lusas, que estiveram a um nível elevado. Alguns dominaram mesmo alguns dos principais tops de desempenho, arrasando a concorrência, e outros estiveram entre os melhores.

Fora do âmbito dos emblemas lusos houve também portugueses em destaque, contribuindo para o sucesso dos seus clubes. Vamos então aos números finais, olhando algumas das principais variáveis, como enfoque nos absolutos, para descobrirmos quais foram os melhores executantes desta fase de grupos e onde clubes e jogadores portugueses brilharam.

Goleadores e seus “assistentes”

- Golos e golos. Os melhores marcadores desta fase de grupos foram Mohamed Salah e Kylian Mbappé, com vantagem para o egípcio, que jogou menos minutos que o francês. Porém, o nosso destaque vai para o portista Mehdi Taremi, que ficou no lote dos segundos mais goleadores, com cinco tentos, mais um do que os benfiquistas Rafa Silva e João Mário. Taremi fez ainda duas assistências, sendo o terceiro melhor em acções para golo (7), com o mesmo registo de… Messi.
- Por falar em assistências (e em Messi), o argentino aparece na liderança, com quatro, mas “atrás” do português Diogo Jota, do Liverpool, que conseguiu o mesmo número de passes para golo, mas em menos minutos (muito menos, apenas 179 na prova, contra 429 do argentino).

Os mais rematadores e os mais eficazes

- Nenhum jogador português ou de equipas lusas surge nos dois tops de remates, embora o benfiquista Rafa Silva (20) e o portista Taremi (18) surjam muito perto. Vinícius Júnior, o criativo e desequilibrador do Real Madrid, dominou em número absoluto de remates e de enquadrados. O extraordinário georgiano do Napoli, Khvicha Kvaratskhelia, liderou em média por 90 minutos, com 5,6, seguido de Darwin Núnez (5,4). Jota (3,9), do Celtic, foi o melhor português, sendo Rafa (3,7) o jogador de clubes lusos com melhor média.
- Taremi e Rafa Silva, ambos com nove, foram os jogadores de emblemas lusos que mais enquadrados acumularam, sendo que em médias foi mesmo Darwin (2,9) o líder, com Jota (2,6), do Celtic, em terceiro, e Taremi um pouco mais abaixo, com 1,9 por 90 minutos.

Sempre Taremi…

- O atacante portista não surge no Top 5 de passes para finalização realizados apenas pelo critério dos minutos. E poderia estar nesta lista acompanhado pelo colega de equipa, Otávio Monteiro. Ambos os “dragões” somaram 13 entregas para remate, mas jogaram mais minutos que Jack Grealish, que surge assim neste “boneco”.
- Em compensação, o iraniano aparece a liderar a tabela dos jogadores que mais ocasiões flagrantes criaram na fase de grupos. Taremi somou seis destes lances, numa lista de absolutos em que surge um nome bem conhecido do futebol português, Ángel Di María. Otávio também criou quatro, mas fica de fora por ter mais minutos – nada que minimize o feito.

Bah e Nuno Tavares em destaque

- Os bons desempenhos de Alexander Bah na Champions não se limitaram à grande exibição desta quarta-feira ante o Maccabi Haifa. O dinamarquês do Benfica terminou a fase de grupos como o jogador com mais passes aproximativos – que permitem aproximação à baliza de pelo menos 25% e no mínimo de oito metros – realizados, nada menos que 58, mais 16 que os segundos classificados, o alemão do Real Madrid, Toni Kroos, e Pierre Kalulu, do Milan. Com esta margem, é natural que, na média por 90 minutos, Bah também lidere, com 10,5.
- O benfiquista também é useiro e vezeiro nos cruzamentos de bola corrida, mas fica de fora do Top 5, onde destacamos o português do Marseille (emprestado pelo Arsenal), Nuno Tavares, que terminou com 32, menos quatro que o líder, o sérvio da Juventus, Filip Kostic. Entre jogadores com pelo menos dez realizados, Jota (13), do Celtic, foi o que conseguiu melhor eficácia, incríveis 53,8%, seguido de Bernardo Silva (10), do Manchester City, com 50%.

Tavares, Leão e Rafa mestres do drible

- Alguns dos nomes mais expectáveis no que toca ao drible estão aqui. Vinícius, Dembélé, Rafael Leão e Mbappé não surpreendem, mas na lista de jogadores nesta Champions com mais dribles tentados está o lateral-esquerdo Nuno Tavares, do Marseille. O ex-Benfica tentou o gesto tantas vezes (56) quanto o brasileiro do Real Madrid, o que não deixa de surpreender em toda a linha. E até na média por 90 minutos Tavares arrasa, registando a terceira mais alta (9,3).
- Nos eficazes, o lateral cai para quinto, mas continua a ser relevante o facto de figurar no Top 5, pois esta é uma variável em que é raro ver envolvidos jogadores da sua posição. À atenção de Arteta. O jogador com mais sucesso foi Vinícius, e o destaque vai também para a presença de Rafael Leão e Rafa Silva, que conseguiram o mesmo número de dribles completos que Tavares (15).

Sporting, Benfica e Porto no comando

- Chegamos a três variáveis defensivas que revelam a excelência das carreiras das equipas portuguesas nesta fase de grupos. Um jogador do Sporting, um do Benfica e um do Porto – Manuel Ugarte, Florentino Luís e Matheus Uribe – dominaram no número absoluto de três momentos defensivos primordiais.
- Ugarte arrasou no desarme, contabilizando 29, mais seis que o segundo posicionado, sendo que o Top 5 desta variável fecha com o benfiquista Álex Grimaldo. Nas intercepções quem dominou foi Florentino, com o benfiquista a fechar em 19, mais quarto que o segundo. E nas recuperações de posse foi Uribe, “dragão” que atingiu a marca de 51, a mesma do segundo, mas em menos minutos, em campo.
- Também na média por 90 minutos Ugarte foi o que mais desarmes efectuou (5,6), enquanto nas intercepções foi Eric Bailey (4,5) a liderar, com Florentino (3,3) em segundo. Uribe foi o terceiro em recuperações (10,7).

O factor Diogo Costa

- As três grande penalidades defendidas por Diogo Costa são um marco extraordinário, o máximo de um guardião numa fase de grupos. Foram três castigos máximos travados em quatro penáltis enfrentados, o que faz do atleta do Porto o jogador com mais destes lances pela frente e uma das figuras da prova. Estas defesas, em momentos que valem 0,78 Expected Goals (xG), ajudaram Diogo Costa a ser o terceiro guardião da fase de grupos com mais golos evitados, nada menos que 3,3 (entretanto Courtois, ocupou o quinto posto, que era de Meret, com 2,56).
- Olhando para o total absoluto de defesas, o português não aparece no Top 5, liderado por Anatolii Trubin, do Shakhtar Donetsk, e Mignolet, do Club Brugge. Diogo Costa também registou 24 paradas, mas com mais minutos que os restantes desta lista curta.

Um olhar colectivo: os golos

As equipas mais goleadoras desta fase de grupos. O Napoli está a realizar uma época extraordinária, a nível interno e europeu, e terminou estas seis jornadas iniciais com 20 golos. Os outros nomes não surpreendem, tirando o que surge em quinto lugar. O Benfica, que não é encarado como um dos favoritos à vitória final – tal como qualquer equipa lusa – marcou 15 golos e está no Top 5 das formações mais concretizadoras da prova.

Benfica e Sporting entre as melhores que aproveitam os remates

- O detentor do título, o Real Madrid, continua em grande. A Champions é a “sua” competição e, mais uma vez, é um dos principais favoritos. Nesta fase de grupos foi a equipa mais rematadora, com 114 disparos, seguindo-se formações que não surpreendem pela intensidade ofensiva, nem o Napoli, tendo em conta a quantidade de golos. Porém, quando o tema é eficácia, a questão muda de figura.
- Os napolitanos foram a equipa com melhor taxa de conversão dos seus remates em golo, nada menos que 18,9%, mas logo a seguir surge o Benfica, que concretizou 18,8% dos seus disparos. Saltando dois lugares, chegamos a outro emblema que nos interessa. O Sporting pode ter caído para a Liga Europa, mas foi a quinta equipa com melhor conversão de remates, 17,8%. O Porto atingiu os 14,5%, um pouco mais abaixo.

“Águias” entre as principais “serpentes”

Pedimos desculpa pelas analogias zoológicas, mas foi mesmo assim. A extraordinária campanha do Benfica na fase de grupos teve expressão também nos dribles, quando olhamos para os números colectivos. O Paris Saint-Germain, com jogadores como Messi, Mbappé ou Neymar, liderou no número de dribles tentados, nada menos que 63, bem à frente da concorrência. Em segundo surge o Real Madrid (56) de Vinícius, e em terceiro dois emblemas, o Bayern e o emblema da Luz, com 55, à frente, inclusive, do Barcelona.
- Os “encarnados” voltam a figurar no Top 5 de eficácia de drible. O Bayern liderou com 48,7% dos seus dribles completos e a formação portuguesa surge aqui em quarto, com 44,4%, um pouco acima do surpreendente Celtic, com 43,6% – quem tem Jota (6,5 dribles tentados, 55% de eficácia) arrisca-se a surgir nestes tops.

A primeira metade da época da Champions chegou ao fim. Vem aí a parte do “mata-mata”, a fase a doer da competição, cujos emparelhamentos dos oitavos-de-final ficaremos a conhecer na próxima segunda-feira. Uma coisa é certa: os analytics que apresentámos explicam claramente o porquê do sucesso das equipas portugueses nesta Champions. Resta esperar que, a partir de Fevereiro, entrem todas em grande forma e cheguem bem longe, na Liga dos Campeões e na Liga Europa. Cá estaremos para analisar os desempenhos."

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