"Futuro pode já nem estar dependente de títulos por disputar
Rúben Amorim está contratualmente ligado ao Sporting até 2026, mas já deixou claro, com a frontalidade habitual, que não fica em Alvalade se terminar a época sem títulos.
Já passaram dois anos da última conquista, no caso a Taça da Liga, e o treinador leonino já mostrou, em diversas ocasiões, que é muito firme nas suas convicções. Não esqueçamos, contudo, que o Sporting está em três frentes, e na Liga, mesmo colocado no segundo lugar da tabela classificativa, por força da derrota na Luz, tem uma oportunidade pendente para reassumir o topo, ainda que esse adiamento do jogo de Famalicão tenha vindo também baralhar consideravelmente a gestão do calendário.
Um fracasso total não deixará margem para a continuidade de Amorim, mesmo que a administração de Frederico Varandas tenha outras ideias, pelo que a dúvida reside sobretudo no peso que cada uma das provas terá na decisão do técnico. Conquistar a primeira Taça de Portugal será o mesmo que festejar um segundo título nacional? E qual seria a relevância de erguer a Liga Europa, tendo em conta até a cobiça que isso alimentaria?
Os silogismos permanecem por descodificar, mas cada dia que passa reforça a ideia de que a conclusão passará pela saída do técnico. Mesmo perante a conquista de um troféu. Se uma eventual conquista da Taça de Portugal pode ser curta para salvar a época, conquistar o título nacional, ou mesmo a Liga Europa, pode representar uma saída em glória. Não só pela consciência de que é difícil aspirar a mais, como também pelo possível aparecimento de quem possa prometer mais. Não apenas do ponto de vista financeiro, mas também dos objetivos no horizonte.
Nesse cenário, Frederico Varandas enfrentaria o maior desafio da sua liderança. Reduzir o papel do presidente na estabilização do Sporting pode ser tremendamente injusto, mas não restam dúvidas de que Rúben Amorim — de forma quase irónica, dado o seu passado enquanto jogador — tornou-se o elemento aglutinador em Alvalade.
No Dragão o contexto agrava-se logo com a proximidade do final de contrato de Sérgio Conceição, e também com as eleições para a liderança do FC Porto. Mesmo sem assumir um apoio formal, o treinador lá apareceu na apresentação da candidatura de Pinto da Costa para um abraço que — embora legítimo para a ligação que os une — revela um certo desprendimento.
Sérgio Conceição tem sido um escudo para a atual direção, mas André Villas-Boas também não se pode dar ao luxo de prometer um futuro sem o técnico, sabendo do peso que este conquistou junto da massa associativa. Ao escolher um lado, mesmo disfarçadamente, talvez Sérgio Conceição tenha assumido um passo rumo à porta de saída. E, também neste caso, a sensação de final de ciclo pode estar acima de qualquer balanço de títulos, mesmo sabendo que essa decisão já foi adiada em anos anteriores."
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