"Em várias ocasiões vi repórteres a irem-se embora e realizadores a ‘espumarem-se’
Que é importante que o melhor basquetebol nacional passe na televisão, mesmo num período em que as gerações mais jovens acompanham muito do desporto em outras plataformas digitais e por vezes via programas não diretamente ligados às organizações dos campeonatos, disso não há dúvidas.
Apesar do investimento da federação nos últimos anos em ter todos os jogos do campeonato masculino e feminino online na FPB TV em direto com dois comentadores, os encontros semanais, quer em A BOLA TV como na RTP, e a esta, normalmente, cabem as decisões dos troféus, continuam a ser importantes para um público geral que mais facilmente diz dez ou quinze estrelas da NBA que cinco da Liga Betclic.
Por isso, há demasiados anos assisto perplexo aos finais dos jogos na RTP, sobretudo naqueles em que não havendo nada em especial em disputa, senão a vitória, muitas vezes tem um repórter para falar com vencedores e vencidos. Vejo treinadores que vão dar high fives a tudo o que são membros da equipa e do adversário até ao roupeiro, enquanto passam minutos de transmissão e há um desgraçado à espera deles ou outro a encher chouriços na cabina a fazer uma análise já feita.
Que aconteça nos grandes clubes de futebol que transmitem as partidas das respetivas equipas e têm tempo de antena livre, isso, mesmo sendo minutos desperdiçados, até dou de barato. Acabam todos por falar, se bem que alguns espetadores tenham entretanto mudado de canal. Agora, que aconteça com a RTP, que tem grelhas a cumprir, às vezes com outros diretos, e a partida demorou mais do que devia…
Em várias ocasiões vi repórteres a irem-se embora e realizadores a espumarem-se — se não é futebol ninguém espera eternamente — porque o técnico resolveu reunir-se com os seus jogadores para lhes dar ali uma palavra, alguns no balneário, e nunca mais aparecia, ou então porque decorria a infindável parada de cumprimentos. Depois é ouvi-los falar que em Espanha é assim, na NBA é assado…
Será que nunca repararam que na tão rica NBA mal termina o jogo a câmara entra pelo campo pois não há tempo a perder? Nem espectadores. Será que é preciso ter milhões de dólares ou basta não desperdiçar as centenas de euros que o canal em Portugal está a gastar para manter o direto, às vezes fora das grandes cidades? Não gostam de aproveitar esse tempo para promover aquilo em que trabalham diariamente e desejam que ganhe outra dimensão?
E depois, quase sempre, a cereja no topo do bolo. Aqui também na promoção do jogo no(s) dia(s) seguinte. O basquetebolista que fala não é quem marcou cinco ou seis triplos, o lançamento da vitória ou terminou com 30 pontos. Não. É o que esteve 7 ou menos minutos em campo e registou 2 pontos. Um mimo... É mesmo esse que vai ajudar a vender a modalidade e fazer-me desejar ver a próxima transmissão ou ir ao pavilhão e fazer com que o espetáculo seja desejado, já que nunca está garantido a priori que será de qualidade? Na NBA é mesmo o suplente que pouco ou nada decide que antes ou no final aparece a fazer previsões e análises e que as pessoas querem ouvir em vez de LeBron James, Curry ou Antetokounmpo…"
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