Bela homenagem do Benfica ao enorme Tamagnini Manuel Gomes Batista.
Tamagnini Manuel Gomes Batista, aka Nené, é craque. Não era craque: é craque. Quem tem menos de 40 anos não se recorda dele, pois o último jogo oficial foi num Boavista-Benfica da última jornada de 1985/1986, a 20 de abril de 1986. Mas ele jogava tanto, mas tanto, tanto, meus caros!
Diziam que não sujava os calções, mas sujou as balizas adversárias por centenas de vezes com remates certeiros. Golos fáceis, diziam. Sim, sim, digo eu. Fácil é quando a bola entrou, não quando parece perto de entrar (certo, Bryan Ruiz?). Nené era (é!) exímio a fazer aquilo que, há 40 anos, se chamava jogar sem bola.
Nisso, meus caros, o craque de Leça da Palmeira era (é!) brilhante. Andava por ali, por qualquer das zonas frontais à baliza adversária, como se não fosse nada com ele, perguntando, por vezes, a quem o marcava, se a família estava boa, como ia a escola dos miúdos, se os ordenados tinham sido pagos, que podia estar descansado que a equipa não ia descer de divisão e, talvez até, que o Benfica estava interessado na sua contratação para a época seguinte. De repente, porém, após ter distraído, com bastante conversa mole, o seu marcador, Nené corria na diagonal ou em profundidade, recebia a bola, dava-lhe dois ou três toques e, zás, sujava mais uma baliza.
Era frio, diziam. Como se ser frio fosse um defeito e não, já desde os anos 70 e 80, uma virtude. Outras vezes, fazendo justiça à tal frieza, estava parado e a bola, como se possuísse um íman, caía-lhe no pé direito, no esquerdo, na cabeça, no ombro, no joelho, no calcanhar, na coxa, no gémeo ou até (juro!) numa pálpebra e entrava na baliza. Nené é (não foi: repito) nas décadas de 70 e 80 uma espécie de Ronaldo. Começou como extremo (como CR), foi-se encostando à área (como CR) e, por fim, passou a ponta-de-lança, marcando golos em catadupa (como CR). Não catadupa à escala planetária, antes catadupa à escala portuguesa e, por vezes, até europeia (três golos ao Feyenoord em março de 1972, com Eusébio, Artur Jorge e Jordão no onze).
No intervalo do jogo com o Estrela da Amadora, como grande clube que é, o Benfica decidiu homenagear o grande (enorme, fantástico, admirável, fenomenal, escolha o leitor o melhor adjetivo) Tamagnini Manuel Gomes Batista, aka Nené. Depois, como realçou Bruno Lage, a cereja no topo da homenagem foi o resultado: 7-0. O número de Nené: 7. Agora, quando o Benfica ganhar um jogo por 10-0, fico à espera da homenagem ao grande (enorme, fantástico, admirável, fenomenal, escolha o leitor o melhor) António Simões da Costa, aka Simões.
Rogério Azevedo, in a Bola
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