domingo, 9 de março de 2025

BENFICA COM SAÚDE MOSTROU ESTAR PRONTO PARA BARCELONA



Bruno Lage mudou meio onze, mas a equipa mostrou que está com saúde. Muitas oportunidades desperdiçadas e penálti defendido por Samuel Soares.
Quando se juntam as palavras Luz, Lage, Benfica e Nacional vem sempre à memória um célebre 10-0, um daqueles resultados que acontecem uma vez na história e nos transportam para um contexto específico e provavelmente irrepetível. Mas tivesse Lucas França mãos de manteiga em vez das mãos de ferro (dos pés não se pode dizer o mesmo, mas já lá vamos…) podia ter-se assistido, neste sábado, a mais um resultado desnivelado a favor da equipa da casa, tal o caudal ofensivo e oportunidades criadas, principalmente na primeira parte, numa torrente mais forte que a tempestade que afastou das bancadas mais adeptos que o habitual.
A meio de uma eliminatória frente ao Barcelona e sabendo desde já que terá de estar fisicamente nos píncaros para ganhar na cidade condal de maneira a reverter o 0-1 da primeira mão dos oitavos de final da UEFA Champions League, Bruno Lage mexeu no onze e em todos os setores, entrando Samuel Soares, Leandro Santos, Dahl, Amdouni, Bruma (não inscrito nas provas europeias) e Belotti, tendo como resposta uma atitude agressiva de todos na procura da bola e rapidez nas transições.




O golo de Amdouni, aos 5’, foi o reflexo do aproveitamento que os encarnados fizeram da estratégia do Nacional, uma equipa que gosta de sair a jogar desde o seu guarda-redes e com uma defesa subida: na sequência de um pau passe de Lucas França (a ação do guarda-redes foi deficiente, mas os seus colegas estavam demasiado distantes), Dahl prosseguiu com a bola, ganhou o ressalto e o internacional suíço aproveitou para inaugurar o marcador, num bom remate rasteiro à meia volta, rasteiro, de pé esquerdo.
A partir daí, o que se seguiu foi um somatório de lances para obrigar França a redimir-se: uma, duas, três, sete vezes se necessário, para mal de Belotti, Amdouni ou Kokçu. O Benfica fazia tudo bem, menos a concretização, lacuna que ficou à vista na partida diante dos catalães, que fez do guardião adversário a figura do jogo (Szczesny). A exceção foi mesmo da marca dos onze metros, através de um penálti superiormente executado por Kokçu, castigando falta de Zé Vítor sobre Belotti.
Aparece Samuel Soares.




O jogo estava controlado, mas à semelhança do encontro com o Barcelona as águias voltaram a cometer um erro não forçado. Aplaudido pelos adeptos na sequência do mau passe que originou o golo dos blaugrana, António Silva foi novamente protagonista pela negativa ao cometer falta sobre Labid na área, momento que pedia abordagem menos arriscada. Chamado pelo VAR, André Narciso não teve dúvidas e apontou para a marca do penálti, que fez emergir uma das valências de Samuel Soares: a forma como enche a baliza, mesmo na luta desigual frente ao marcador, no caso Dudu, que num remate denunciado permitiu o voo do suplente de Trubin. O relógio já passava muito do tempo de compensação da primeira parte e aquele lance mandava as equipas para os balneários com estados de espírito completamente diferentes.
Na segunda parte, Barcelona começou aqui e ali a pesar no subconsciente do Benfica. Gerir passou a ser o verbo mais utilizado, sem quase nunca perder o controlo e tendo uma dose de sorte a seu lado, como naquele falhanço de Dudu, aos 55’, quando apareceu isolado na cara de Samuel Soares. O jogo foi perdendo interesse porque as diferenças de andamento eram óbvias e Lage conseguia concretizar todos os objetivos: vencer, dar descanso a alguns (Pavlidis, autor do 3-0, de penálti, mesmo no último minuto, e Akturkoglu, principalmente) e manter o moral elevado a outros (Otamendi, Aursnes, Kokçu). Apenas não se viu Dahl como lateral-esquerdo, candidato ao lugar do castigado Carreras (outra grande exibição do espanhol) no Olímpico de Barcelona.
DESTAQUES:
Italiano determinante nos dois golos: pressionando no primeiro e sofrendo falta no segundo. Suíço marcou o primeiro e teve diversas jogadas muito bem construídas.
Amdouni (7) - Melhor em campo
Entrou muito bem e logo ao minuto 5 marcou, com um remate forte e colocado rente ao poste esquerdo. Pouco depois, novo tiraço, agora para muito boa defesa de Lucas França. Não teve muita bola, mas sempre que a teve criou perigo ou desequilíbrios. Muitos dos momentos individuais do Benfica saíram dos seus pés. Um pouquinho de filigrana do suíço número 7.




Samuel Soares (7) - Felino, lançou-se para a direita e esticou-se até não poder mais. A bola rematada por Dudu veio na sua direção e o golo do Nacional foi evitado com um salto de gato. Já antes, perante o mesmo Dudu, mostrara velocidade para chegar à bola primeiro. Lapso após canto do Nacional, deixando a bola cair quando tentava recolhê-la.
António Silva (6) - Quem cai, levanta-se. E António Silva levantou-se. E quase voltava a cair ao cometer falta na área para penálti. Samuel Soares, com grande defesa, evitou o golo. Melhorou na segunda parte, sobretudo na fase em que o Nacional esteve por cima do jogo.
Otamendi (7) - Continua imperial. Sempre bem posicionado e atento às dobras à direita e à esquerda. Não teve lances de grande visibilidade, mas tudo o que fez, fez bem.
Carreras (7) - Grande passe a desmarcar Belotti na jogada que esteve na origem da grande penalidade a favor do Benfica. Corte oportuno antes da meia hora a evitar remate perigoso de Yamada. Mais solto na segunda parte, criou diversos desequílibrios na esquerda.
Leandro Santos (6) - Está cada vez mais solto e confiante. Fechou bem o lado direito e, sempre que pôde, avançou para a área do Nacional. Teve alguns lances em que demonstrou que, a prazo, pode mesmo ser titular.
Kokçu (6) - Olhou para o lado, afagou o cabelo molhado, correu para a bola colocada na marca dos 11 metros e disparou, forte e certeiro, para o lado direito de Lucas França: 2-0. Pouco depois, potente remate para defesa do guarda-redes do nacional; minutos mais tarde, excelente abertura para potente remate de Belotti à figura de quem? Lucas França, claro.
Aursnes (6) - Cérebro notável na função de número 6. Há um espaço entre António Silva e Otamendi e é preciso construir? Aursnes recua e inicia a construção. Tiraço para defesa de Lucas França para canto e sempre bem posicionado para tapar linhas de passe do Nacional.
Dahl (6) - Recebeu a bola do pé de Lucas França, progrediu meia dúzia de metros e, na sequência, Amdouni abriu o marcador. Quase marcava um golaço de fora da área no arranque da segunda parte. A bola entrou na baliza do Nacional como um foguete, mas Bruma, instantes antes, tocou nela em posição irregular. Merece estar no onze inicial.
Belotti (7) -Disponibilidade impressionante e fisicamente sempre poderoso. Bem a pressionar a defesa adversária e a obrigar tremenda atenção dos defesas nacionalistas. Muito bem a pressionar Lucas França e Zé Vítor no início da jogada do golo de Amdouni, forçando o erro do guarda-redes. Impressionante de força e capacidade de pressão. Inteligente a perceber que Bruma estava melhor colocado no lance do penálti. Remate forte para defesa de Lucas França em cima do intervalo.
Bruma (6) - Bom jogo, muitos remates, mas com a mira sempre um pouco desafinada. Importante na construção da jogada que esteve na origem do penálti, ao fugir pela esquerda e a cruzar, rasteiro, para a entrada de Belotti.
Leandro Barreiro (5) - Desviou de cabeça, mas Lucas França, em voo, defendeu pela linha de fundo.
Akturkoglu (5) -Pouca bola e, assim, escassas possibilidades de criar perigo junto de Lucas França.
Pavlidis (6) – Uma oportunidade, um golo. Colocou a bola na marca dos 11 metros, recuou quatro ou cinco e, quando rematou, colocou-a junto ao ângulo superior direito. Muito bem marcado.
Renato Sanches (5) - Importante é que vá jogando e, sem pressa, vá melhorando a condição física. Voltou a ter, tal como frente ao Barcelona, algumas tentativas de longe. O que demonstra que está confiante.
Schjelderup (-) - Entrou aos 82' e não se deu por ele

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